sábado, 19 de março de 2011

DE ONDE VEIO O PENTECOSTALISMO




A Teologia de John Wesley

Quais são as raízes do Pentecostalismo? Em outras palavras, de onde ele veio?
“Qualquer estudo sobre o Pentecostalismo deve dar muita atenção aos acontecimentos  do período do reavivamento na Europa e EUA,  nos séculos 17 e 18, e, particularmente, à doutrina da perfeição cristã ensinada por John Wesley...”  (1).
A compreensão do Pentecostalismo começa com a compreensão da específica doutrina de Wesley com referência à santificação. Então, para iniciar este estudo, precisamos falar da teologia de John Wesley.

Parte I - Metodismo do Século 18 (Teologia Wesleyana)

          A pregação de Jonathan Edwards, George Whitefield e outros, nos anos 1730, presenciou a difusão de um reavivamento através de Gales, Inglaterra, Escócia, Irlanda e outros lugares, enfatizando o arrependimento e a pureza, dentro das igrejas, e despertando o senso das pessoas para a santidade de Deus. Na Inglaterra, o movimento chegou, eventualmente, sob o controle de John Wesley (1703-1791).
John Wesley foi despertado pelos grandes reavivamentos que enfatizavam a santificação da vida cristã (Pietismo), pela doutrina da justificação somente pela fé, de João Calvino e, também, por uma forte ênfase sobre a santificação, pregada na Contra-Reforma Católica. Ele foi, ainda, influenciado pelos temas perfeccionistas dos santos primitivos. Ele combinou alguns aspectos da ênfase católica sobre a perfeição com a ênfase protestante sobre a graça e ensinou que a santificação envolve uma segunda obra da graça, à parte da conversão (A origem da Doutrina da “Subseqüência”).
            John Wesley entendia a conversão como sendo uma experiência em duas fases. A primeira fase é a justificação, envolvendo o Espírito Santo atribuindo ou imputando ao crente a justiça de Jesus Cristo. A segunda fase é o novo nascimento, envolvendo o princípio da santificação, o princípio do Espírito compartilhando a justiça ao crente.  Wesley viu a justificação como sendo a porta para a santificação. Ele entendia a justificação “exclusivamente pela fé” significando que a justificação acontecia pela fé, ao contrário da santificação, que acontecia “pelo Espírito”. Esta santificação se tornou uma segunda obra da graça (Graça era quase sinônimo da obra do Espírito).
Conforme Wesley, a justificação (justiça imputada) dava ao homem o direito de ir para o céu, mas a santificação (justiça compartilhada) o qualificava para o céu. Wesley quis lembrar à igreja que a verdadeira salvação é completada pela nossa volta ao estado original de justiça, isto é,  Deus restaurando as pessoas à Sua perfeita imagem, na qual Ele originalmente havia criado o homem. A santificação era a obra do Espírito no crente, operando entre a conversão e a morte. Ele acreditava que isso envolvia Deus devolvendo ao Seu povo uma completa e perfeita obediência nesta vida, através do processo de santificação. Deus dá o Seu Espírito àqueles que são justificados, de maneira que eles possam vencer o  pecado. Isso envolve a sua rendição contínua aos impulsos do Espírito e envolve o Espírito continuamente desarraigando os impulsos do pecado da natureza dele (povo).
Wesley insistia em que a justiça “imputada” deve ser justiça “compartilhada”. Esta ênfase no processo de santificação, conhecido como “completando toda a justificação” (sermos restaurados à nossa justiça original), tornou-se a marca da tradição Wesleyana. Foi aqui que Wesley proveu um ensino distinto sobre a “perfeição cristã”.  Na sua “Short Account of Christian Perfection”  (Resumo da  Perfeição Cristã) (1760), Wesley apressava os cristãos no  sentido de buscarem uma segunda obra da graça, embasados em sua doutrina da “completa santificação”.  Foi esse o princípio do ensino de que a santificação exigia uma experiência espiritual à parte, dada por Deus.
Vendo o amor próprio  ou orgulho, como a raiz do mal, Wesley ensinou que o “amor perfeito” ou “perfeição  cristã” poderia substituir o orgulho através de uma crise moral da fé. Pela graça, o cristão poderia experimentar o amor enchendo o coração e excluindo o pecado. Ele não viu a perfeição como a falta de pecado, nem entendeu que esta seria conseguida através do mérito. O crente, pela fé, foi levado a uma contínua comunhão com Cristo. Esta não era simplesmente uma perfeição imputada, mas uma real ou compartilhada comunhão de uma perfeição evangélica de amor e intenção.
Wesley não estava ensinando que o cristão poderia atingir um total estado de impecabilidade.  Ele reconhecia que o cristão sempre iria sofrer de falhas humanas e de transgressões não intencionais, porque ele viu o pecado envolvendo os relacionamentos e intenções, e definiu isso em termos de atitude.
Wesley fala claramente de um processo que culmina numa segunda e definitiva obra da graça, identificada como completa santificação. Esta santificação completa é definida (segundo Wesley) em termos de “amor puro ou desinteressado”. Wesley acreditava que alguém pode crescer em amor, até que o amor se desvencilhe do interesse próprio, no momento da completa santificação. Assim, os princípios da santidade bíblica ou santificação são os seguintes: a santificação é recebida pela fé como obra do Espírito Santo. Ela começa no momento do novo nascimento. Ela progride gradualmente, até chegar à completa santificação. O conceito de Wesley era que esta segunda obra libertava os cristãos da falha em sua natureza moral, o que é a causa do comportamento pecaminoso.
O movimento reavivalista na Inglaterra, nos anos 1730, difundiu a Teologia da Santificação de Wesley. Ele abriu a porta ao pensamento de uma “segunda bênção” dada aos cristãos, na qual eles experimentariam uma “santificação instantânea”. Esta foi a semente que, mais tarde, germinou da noção pentecostal de uma segunda  bênção, pelo Batismo no Espírito. E muito mais que isso, mais tarde...
O século 19 viu a emergência de diferenças teológicas, que também desempenharam o seu papel na origem do Pentecostalismo. Em seguida, falaremos do legado de Edward Irving e da importância do Pré-milenismo do século 19, quando compreendermos  as raízes teológicas do Pentecostalismo.

A origem da doutrina da prosperidade no Pentecostalismo

Como foi que a ênfase atual sobre a prosperidade, no Pentecostalismo, chegou ao ponto de prometer riqueza material, através da fé, a todos os cristãos, através da obra de Cristo na cruz?
          A origem da atual Doutrina da Prosperidade pode ser traçada às mudanças radicais dos séculos 15 e 16 e, particularmente, à fundamental influência da obra ética da Reforma e da conseqüente ênfase, dentro do Protestantismo, na busca do dinheiro, em benefício da sociedade e do bem da igreja.
          Mais diretamente, contudo, a Doutrina da Prosperidade, no Pentecostalismo, tem sua origem nos desenvolvimentos teológicos dos séculos 17-19, dentro do Metodismo e do Movimento Holiness (Santificação). Agora, vamos discutir a parte desempenhada por John Wesley e Charles  Finney sobre a “perfeição cristã” (nos anos 1800) e os principais movimentos doutrinários  do século 19, os quais deram origem à Doutrina da Prosperidade.

A “perfeição cristã” de John Wesley - (anos 1700) - A influência da Reforma Protestante no Metodismo do século 18, sob John Wesley (1703-1791), viu emergir um novo foco sobre a perfeição cristã. O “Clube Santo”, iniciado por John Wesley, seu irmão Charles e George Whitefield, ressaltava a religião “interior”, que insistia numa estrita disciplina e organização e, em 1729, havia conseguido para si mesmo o título de “Metodista”. Wesley e foi fortemente influenciado pelos princípios da  Reforma de Lutero. Em 1739, os metodistas,  sob o controle de John Wesley, haviam se transformado num movimento rapidamente espalhado pelos clubes, sociedades e bandas, com membros altamente compromissados com as “regras” da santidade, disciplina, evangelismo e boas obras.
A contribuição de John Wesley ao Pentecostalismo veio, particularmente, do seu desenvolvimento de um exclusivo ensino com referência à “perfeição”  cristã. Como já foi dito, na obra “A Short Account of Christian Perfection”, (1760),  Wesley apressava os cristãos no  sentido de buscarem uma segunda obra da graça, embasados em sua doutrina da “completa santificação”, totalmente distanciada do interesse próprio.   Este ensino frisava que a santificação exigia uma experiência espiritual à parte, dada por Deus.
A  Doutrina da “Perfeição Cristã” exerceu forte influência sobre Charles Finney, o qual, mais tarde, muito contribuiu para o desenvolvimento da Doutrina da Prosperidade no Pentecostalismo. Wesley não teve, ele mesmo, uma  visão da prosperidade como sendo “uma bênção sobrenatural através da fé”, mas, em vez disso, enfatizou uma “prosperidade natural através do trabalho árduo”. Foi ele quem disse: ”A religião tem de, necessariamente, produzir tanto o trabalho como a frugalidade,  e estes não podem senão produzir riqueza”.  Contudo, ele acrescentou: “À medida em que cresce a riqueza, a essência da religião tem decrescido. Então, não posso ver como seja possível, na ordem natural das coisas,  que qualquer reavivamento religioso perdure muito... À medida em que a riqueza cresce, também crescem o orgulho, a ira e o amor a este mundo, em todos os seus ramos”.  Seu moto, contudo, tem tido uma influência contínua: “Consiga tudo que puder, economize tudo que puder e dê tudo que puder”.

A “Perfeição Cristã” de Charles Finney (Anos 1800) - O Metodismo evoluiu sob a influência de Charles Finney, quando ele colocou a ênfase central numa vida cristã mais elevada pela bênção de
Deus e no papel central da capacidade humana como meio de atrair a bênção de Deus e o poder do Espírito.
          Charles Finney (1792-1875) gastou 40 anos de sua vida construindo uma Teologia de reavivamento.  O essencial de sua doutrina foi o ensino de que a prática da perfeição cristã era um dever acessível a todos os cristãos. Ele foi fortemente influenciado pela obra de Wesley - Plain Account of Christian Perfection - a qual cristalizou sua crença numa “completa santificação”, como sendo um perfeito estado de confiança em Deus e um compromisso com a Sua vontade.
          Finney ensinou também que Deus havia estabelecido os meios pelos quais os humanos poderiam produzir um reavivamento. Ele acreditava que, não apenas os indivíduos possuíam a capacidade de fazer a escolha de seguir a Cristo, mas também tinham o poder, dentro deles, de viver vidas santas. Ele ensinou que a combinação da ajuda de Deus com um árduo esforço humano era abençoador e reavivador. “Um reavivamento é, naturalmente, o resultado do uso dos meios apropriados, como uma colheita o é do uso dos seus meios naturais” . Em sua obra - “Revival Lectures” (Palestras de Reavivamento) - Finney ensinou que Deus tinha revelado leis de reavivamento na Escritura. Desse modo, quando a igreja obedecia a essas leis, acontecia o reavivamento.
          Em 1835, Charles Finney e Asa Mahan se juntaram aos líderes perfeccionistas do Metodismo.  Mais tarde, Walter e Phoebe Palmer usaram os métodos de reavivamento de Charles Finney, no Movimento Holiness (Santificação), a fim de convocar todos os cristãos a uma experiência com o Espírito Santo, subseqüente à conversão, a qual exigia total compromisso.
          Em 1836, quando Finney se tornou professor no Oberlin College, em Ohio, ele já havia desenvolvido uma ênfase doutrinária distinta, a qual seria o ingrediente chave no desenvolvimento do Movimento Holiness e do Pentecostalismo que o seguiu. “Uma completa, mais elevada e mais estável forma de vida cristã se tornou acessível e foi o privilégio de todos os cristãos”. A Doutrina da Prosperidade do Pentecostalismo herdou a ênfase de Finney e de outros partidários do Metodismo, sobre o Movimento Holiness, através de uma total capacidade, e de um compromisso, e de fé, pare se receber a bênção do Espírito Santo.

A Nova ênfase sobre a prosperidade - O século 19 viu uma geral e difundida celebração da riqueza na América e em toda parte. A obra do  Rev. Thomas P. Hunt – “The Book of Wealth: In which It Is Proved From The Bible That it is The Duty of Every Man to Become Rich” (1836) se tornou um bestseller. A influência do Darwinismo social, nos bolsos da igreja, pode ser vista nas palavras de John Rockfeller, o qual não se acanhou de declarar: “O crescimento de um grande negócio é simplesmente a sobrevivência do mais capaz... É simplesmente um desenvolvimento da obra da natureza e uma lei de Deus”. O batista Charles H. Cornwell ensinou: “Ficar rico é sua obrigação... Ganhar dinheiro honestamente é pregar o evangelho”.

A ‘Teologia da Restauração’, no Movimento Holiness -  Dentro do movimento Holiness do século 19, a ênfase sobre o Batismo no Espírito Santo saltou da “perfeição” para a “vida vitoriosa”. A “plenitude do Espírito” era um Cristianismo “mais elevado” e “mais profundo”. A. B. Simpson formulou e expressou quatro doutrinas básicas: salvação, batismo no Espírito, cura divina e a segunda vinda de Cristo, as quais se uniram para formar o “Evangelho Pleno”. Simpson e A. J. Gordon estavam entre os que iniciaram o ensino de que a cura divina fazia parte da reparação de Cristo, conforme Isaías 53:4-5.
          Isso deslanchou a nova “Teologia da Restauração”, a qual ensinava que o batismo no Espírito Santo restaurava completamente ao cristão a relação espiritual que Adão e Eva mantinham com Deus, no Jardim do Éden. Conseqüentemente, o Movimento Holiness começou enfatizando a cura imediata pela fé. A crença numa santificação instantânea e na de ser possuído pelo Espírito já existia. Contudo, agora, o batismo com o Espírito Santo havia trazido uma vida mais elevada em Cristo, a qual reverteria os efeitos físicos da queda, possibilitando, assim, os cristãos a exercerem domínio sobre as enfermidades. Pelos mesmos meios, também, os cristãos poderiam ter uma vida de completa abundância e prosperidade, podendo experimentar vitória, em qualquer área de sua vida.
A “ciência” de Phineas Quimby (1809-1866), a qual emergiu, também, no século 19, desenvolveu idéias relacionadas à saúde, cura, abundância, prosperidade, riqueza e felicidade, sendo semeadas as sementes que deram origem a uma nova geração de evangelistas, pregando o evangelho da prosperidade. Particularmente, o ensino de Quimby influenciou E. W. Kennyon (1867-1948), o qual desempenhou papel significativo na Doutrina da Prosperidade do século 20, dentro do Pentecostalismo. E. W. Kennion trouxe para o seu Metodismo (o qual, mais tarde, transformou-se em Pentecostalismo) uma nova doutrina envolvendo o intrínseco poder da fé nas palavras. Sua Teologia da Confissão Positiva se juntou à influência de outros pregadores da prosperidade, tais como John Lake, William Branham e Oral Roberts, os quais foram os diretos inspiradores dos modernos embaixadores pentecostais do evangelho da prosperidade, como Kenneth Hagin, Kenneth Copeland, Charles Capps e Frederick Price.

Artigo: Where Pentecostalism Came From
Bible Discernment Ministries Inc.-
Traduzido por Mary Schultze, em 18/06/2008

terça-feira, 8 de março de 2011

O QUADRILÁTERO WESLEYANO – EM JOHN WESLEY


QUADRILÁTERO WESLEYANO

           O Quadrilátero Wesleyano é uma teoria que é creditada a John Wesley, um dos líderes do movimento Metodista da Igreja Protestante no século dezoito. É designado a servir aos cristãos, mas suas idéias básicas podem ser aplicadas virtualmente a qualquer um.

           O Quadrilátero diz que existem quatro autoridade, que nós podemos usar, para tomarmos decisões: -- a Bíblia, a Razão, a Tradição, e a Experiência – explicando-as como segue:

    *
           A BÍBLIA: Assumindo que existe o Deus teísta (Onisciente, Onipresente e Benevolente), o curso lógico de ação seria fazer o que quer que Ele diga. Ele é Deus, portanto, Ele pode dizer o que Ele quiser, até mesmo, se o que Ele afirma parece contradizer a lógica. Se existe alguma espécie de divindade superior, alguma forma de revelação especial que seja recebida dele deverá ser tratada com a máxima autoridade, uma vez que ela vem do ser que criou a própria lógica. 

      *

RAZÃO: A maioria das pessoas na sociedade provavelmente usaria a razão, antes da revelação; mas fazer desta forma seria ilógico. Na sua forma mais básica, a lógica não é nada mais do que distinguir o que é verdade e o que não é. Deus é necessariamente a verdade absoluta, então (novamente), qualquer coisa que Ele diga tomaria o lugar do entendimento de lógica humana, porque Sua verdade seria mais verdadeira que as nossas. Na maioria dos casos, não existe conflito entre Deus e a lógica, de maneira que não há necessidade de escolher entre os dois.

    *

TRADIÇÃO: Embora a tradição seja raramente o fator determinante em um argumento, ela nunca deverá ser desconsiderada simplesmente porque é tradição. Tradição, costumes, e crenças históricas existem por alguma razão, e, embora, algumas vezes, se prove que esta razão está errada, ela é freqüentemente válida. Tradições de uma igreja ou sociedade podem fornecer suporte para uma posição ou crença, mas elas nunca deverão ser usadas como um argumento autônomo.

    *
          
           EXPERIÊNCIA: A experiência pessoal pode ser difícil de usar em um argumento, porque é virtualmente impossível prová-las, no dia-a-dia, depois que elas acontecem. No entanto, alguém pode dizer: 'Os poodles não podem voar – (a) Eu nunca os vi voando –(b) ninguém que eu saiba os viu voando; e – (c) Eles não têm asas ou foguete, e vi poucas coisas que podem voar, sem asas ou foguetes'.  Não existe necessidade de recorrer à tradição, razão, ou revelação para se chegar a tal conclusão. Assim como a tradição, embora a experiência muito freqüentemente possa apenas fornecer suporte para um argumento.

           A idéia de um Quadrilátero é executada em todas aquelas quatro partes que estão ligadas. De maneira ideal, uma afirmação ou proposição concordaria com todas as quatro partes, mas a revelação toma a precedência absoluta. A razão vem em seguida; a tradição e a experiência seguem de perto. Ou se você preferir, as experiências das pessoas no passado.

Dr. John Smith




Ttradução: izilda Bella

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A Prática Homilética de John Wesley


A Prática Homilética 

de John Wesley

(e possíveis  aproximações latino-americanas)[1]

Luiz Car los Ramos[2] 

John Wes ley pre gando no túmulo do seu pai

Intro du ção

Neste artigo pro cu ra re mos ana li sar a prá tica homi lé tica de John Wes ley a par­tir dos cri té rios que ele pró prio usava para ava liar os pre ga do res que esta vam sob sua super vi são no iní cio do movi mento metodista. 

A fama do pre ga dor John Wesley

Conta-se que Wes ley, depois de ter pre gado em Peasholm Greem no domingo, foi até a sede da paró quia. O pároco, notando pelas ves tes de Wes ley, que se tra tava de um clé rigo, mesmo sem conhecê-lo, ofereceu-lhe o púl pito. Depois do culto, o padre per gun tou ao ecônomo/zelador quem era aquele pre ga dor. “Senhor”, disse o ecô nomo, “esse é o vaga bundo Wes ley, a res peito de quem o senhor nos adver tira.” “Ah, é… de fato!” disse o per tur bado rei tor, “fomos tra­pa ce a dos; mas deixa pra lá, pelo menos tive mos um bom ser mão”.[3] 
Em geral, Wes ley tem a fama de ter sido um grande pre ga dor, mas é difí cil che­gar a essa con clu são obje ti va mente somente com base nos rela tos de seus con­tem po râ neos. Não fal tam empol ga dos elo gios que fazem de John Wes ley uma nova ver são do Após tolo João, nem crí ti cos seve ros que dizem que Wes ley fazia um papel ridí culo, com sua pequena esta tura e voz esga ni çada… É natu ral que não pos sa mos espe rar crí ti cas dos admi ra do res nem elo gios dos opo si to­res, e é com pre en sí vel que tenha havido não pou cos exa ge ros tanto da parte de uns como de outros. 

Cri té rios para análise

É neces sá rio, por tanto, que se esta be le çam alguns cri té rios mais isen tos para que se possa for mar uma idéia mais apro pri ada a res peito do pre ga dor Rev. John Wes ley. Uma ini ci a tiva nesse sen tido foi feita pelo his to ri a dor Richard. P. Heit zen ra ter, em seu ensaio “Prin cí pios e Prá ti cas da Pre ga ção de John Wes ley”, publi cado em 1977, nas Lec tu res on Severl Occa si ons, número 1, do Cen tro de Estu dos Meto dis tas da Bibli o teca Bridwell. Nesse ensaio, Heit zen ra­ter se propôs a ana li sar a prá tica de Wes ley submetendo-a aos cri té rios que o pró prio Wes ley havia esta be le cido para ava liar os pre ga do res meto dis tas que esta vam sob sua lide rança. A con clu são de Heit zen ra ter foi a de que nem sem­pre Wes ley cor res pon deu às suas pró prias expec ta ti vas, e nem sem pre cum­priu à risca suas pró prias reco men da ções e determinações. 

Pro posta de abordagem

No pre sente artigo, pro cu ra re mos fazer algo seme lhante: com pa ra re mos a prá­tica de Wes ley à luz dos seus prin cí pios homi lé ti cos. Para isso, levan ta re mos as mes mas ques tões pro pos tas por Heit zen ra ter: No enten di mento e na prá tica de Wes ley, quem deve pre gar, onde e para quemquando por quanto tempo ecom que freqüên cia, bem como o que e como pregar? 
Acres cen ta re mos, entre tanto, algu mas con si de ra ções a res peito das pos sí veis apro xi ma ções da prá tica homi lé tica de Wes ley com os desa fios pró prios da Amé rica Latina dos nos sos dias. 

Prin cí pios de Wesley

Come ce mos relem brando quais foram as prin ci pais regras esta be le ci das por Wes ley quanto à tarefa homi lé tica de seus pastores/pregadores. 
Regras para a pre ga ção (Minu tes, 1747, 48): 
1. Faça tudo pra come çar e ter mi nar na hora determinada.
2. […].
3. Esforce-se para ser sério, pon de rado e solene em todo o pro ce­di mento diante da congregação.
4. Esco lha os tex tos mais sim ples possíveis.
5. Tome cui dado para não se dei xar des viar do seu texto, mas mantenha-se sem pre den tro dele, e rea lize o que planejou.
6. Sem pre esco lha um assunto apro pri ado para a sua audiência.
7. Tenha cui dado para não usar muita ale go ria ou espi ri tu a li zar demais.
8. Evite ges tos ou modo de falar rebus ca dos ou inadequados.
9. Falem uns cons os outros se obser va rem alguma coisa desse tipo.
Exame dos Pre ga do res (Minu tes, 1746, 30 – 31): 
1. Eles sabem em quem têm crido? Eles têm o amor de Deus em seus cora ções? Eles dese jam e bus cam somente a Deus? Eles são san tos em todo o seu comportamento?
2. Eles têm dons (e tam bém a graça) para o tra ba lho? Eles têm (em um grau tole rá vel) uma com pre en são clara e pro funda? Eles têm o jul ga mento cor reto das coi sas de Deus? Eles têm a con cep ção justa da sal va ção pela fé? Deus lhes deu o dom da elo cu ção? Eles falam justa, fácil e claramente?
3. Eles têm fru tos? Quando falam, geral mente têm sido só para con ver ter ou influ en ciar seus ouvin tes? Ou eles têm obtido a remis são dos peca dos medi ante suas pre ga ções? E tam bém uma sen sa ção clara e dura doura do amor de Deus?
Tendo estas três mar cas, ocor rido ine ga vel mente em qual quer um deles, reco nhe ce mos que ele foi cha mado por Deus para pre gar. Nós as acei ta mos como evi dên cias, razo a vel mente sufi ci en tes, de que ele é movido pelo Espí rito Santo.
Con se lho aos pre ga do res, 1o. de agosto de 1786 (Minu tes, 193 – 34) 
1. Sem pre con clua o culto em cerca de uma hora.
2. Nunca grite.
3. Nunca se apóie ou bata na Bíblia.
4. Onde quer que você pre gue, reúna a Soci e dade.
[…]
7. Nunca pre gue um ser mão fúne bre a não ser por uma
pes soa emi nen te mente santa; nem, ainda, sem con sul tar o Assis­tente. Não pre gue por dinheiro. Cui dado com pane gí ri cos, par ti­cu lar mente em Londres.
[…]. 
À luz des sas regras, pro cu ra re mos abor dar a pró pria prá tica de Wesley. 

1. Quem deve pregar?

Veja mos quem, no enten di mento de Wes ley, esta ria apto para pregar. 

Os pre ga do res

Segundo consta, Char les Wes ley era muito mais exi gente e severo na sele ção de pre ga do res do que seu irmão John. Conta-se que certa vez, abor re cido com o fato de alguém, “sem o auxí lio de Deus”, ter feito de um alfai ate pre ga dor, ele teria dito que estava pronto, “com o auxí lio de Deus”, a fazer do pre ga dor nova mente um alfai ate. John, entre tanto, estava pre o cu pado em ter pre ga do­res em número sufi ci ente para aten der às deman das das soci e da des meto dis tas e, por tanto, era mais tole rante. Ele che gou a reco men dar a Char les que “não repro vasse os jovens sem muita neces si dade” e dizia: “entre os dois [a graça ou os dons], eu pre firo mais a graça do que os dons”. 
Não obs tante, John esta ria longe de admi tir qual quer pes soa, pois sabe-se que teria orde nado a “expul são de todos os que anda vam desor de na da mente, efe­mi na dos, intro me ti dos e levi a nos”, mas adver tira Char les de que “eles pre ci sa­vam de pelo menos qua renta pre ga do res ou ‘deve riam dei xar algu mas das soci­e da des’”.[4] 
Os pre ga do res, por tanto, eram exa mi na dos cri te ri o sa mente antes de serem admi ti dos como tais. Eles tam bém deve riam per ma ne cer coe ren tes em seu com por ta mento e con vic ções teo ló gi cas, de acordo com os prin cí pios esta be­le ci dos pelos irmãos Wes ley. Por tanto, além do exame ini cial, eram exa mi na­dos freqüen te mente, para ave ri gua ção de sua cons tân cia e fide li dade. John e Char les se reu ni ram em con fe rên cia com os pre ga do res em várias oca siões (somente em 1751, foram três encon tros) para examiná-los a res peito da “graça, dons e fru tos de cada um deles”. 

Os pre ga do res leigos

O sur gi mento de pre ga do res lei gos no meto dismo se deu mais pela neces si dade do que por pla ne ja mento. Na con fe de ra ção das soci e da des em desen vol vi­mento, os Wes ley depen diam dos líde res locais den tre os gru pos para man ter as soci e da des fun ci o nando na sua ausên cia. Devido à con tro vér sia entre o movi mento das soci e da des e a tra di ção reli gi osa na Ingla terra – divi dida entre os seg men tos cal vi nis tas, morá vios e wes leya nos –, os Wes ley esta vam per­dendo os clé ri gos ali a dos. Enquanto isso, iam ganhando assis tên cia leiga.[5] A carên cia de obrei ros clé ri gos levou à admis são dos pre ga do res leigos. 
Wes ley ficava irri tado com o fato dos bis pos angli ca nos se recu sa rem a orde­nar os pre ga do res da sua cone xão, por que os con si de rava melho res pre pa ra­dos do que os minis tros clé ri gos. Não obs tante, Wes ley adver tiu os meto dis tas quanto a não cha ma rem os pre ga do res lei gos de minis tros

As mulhe res

Segundo Heit zen ra ter, “nenhum dos pre ga do res iti ne ran tes ou locais era mulher, entre tanto, algu mas mulhe res esta vam pre gando e às vezes fora das reu niões de suas soci e da des locais”.[6] Embora [Wes ley] tenha dito não achar “errado que as mulhe res falas sem em público desde que falem pelo Espí rito de Deus”, acon se lha a Sra. Grace Wal ton, em 1761, a res trin gir suas falas a “peque nas exor ta ções”, pro cu rando “man ter isso o mais longe pos sí vel do que é cha mado de pre ga ção. Por tanto, nunca tome um texto; nunca fale em um dis­curso con tí nuo sem alguma parada, cerca de qua tro ou cinco minu tos”. E, em 1761, Wes ley teria dito espe ci fi ca mente a Sarah Crosby que “os meto dis tas não per mi tem que as mulhe res pre guem”. Entre tanto, Wes ley estava dis posto a fazer con ces sões às regras comuns da dis ci plina. Con tes tado por Mary Bosan­quet, na pri ma vera de 1771, Wes ley acei tou os argu men tos que defen diam o meto dismo como um “cha mado extra or di ná rio”, reco nhe cendo que não ape­nas a pre ga ção leiga, mas tam bém que algu mas mulhe res “têm um cha mado extra or di ná rio para isso [falar em público], e ai daquela que não o obe dece” (Docu ments, 4:171). Em 1787, Sarah Mal let rece beu de Joseph
Har per, Assis tente de Norwish, auto ri za ção para pre gar naquela área. Wes ley a acon se lhava e enco ra java freqüen te mente em sua tarefa. 
Nota mos, por tanto, que Wes ley estava dis posto a supe rar suas pró prias regras, na medida em que iam cres cendo sua com pre en são e expe ri ên cia no ser viço do Evangelho. 

2. Onde pre gar e para quem?

Wes ley reco men dava que o pre ga dor somente deve ria apre sen tar um ser mão se hou vesse pelo menos 20 pes soas pre sen tes ao culto, ou à reu nião – isso, dizia ele, para não bara tear o Evangelho. 

Os des ti na tá rios

Nas Large Minu tes, lemos: “Você não deve fazer nada a não ser sal var almas. Por tanto, gaste e seja gasto nesse tra ba lho; e vá sem pre não ape nas àque les que que rem, mas àque les que mais neces si tam de você.” 
Esse pare cer a res peito dos des ti na tá rios, segundo o qual os pre fe ren ci ais não são os que que rem, mas os que pre ci sam, fez com que o meto dismo alcan çasse uma mul ti dão de pes soas, até então des pre za das, pela Igreja da Ingla terra: os pobres, os pri si o nei ros, os ope rá rios, os tra ba lha do res das minas, as cri an ças, as viú vas, os desem pre ga dos, os enfer mos, os famin tos, os endi vi da dos, os sem-teto, os men di gos, enfim, o povo que vagava pelas ruas, e pelas cata cum­bas de um mundo gros seiro, sujo e violento. 
Wes ley assim se expres sou na carta escrita nos anos 1770 a seu irmão Charles: 
Sua tarefa, bem como a minha, é sal var almas. Quando assu mi mos a ordem sacer do tal, nos com pro me te mos a fazer disso nossa única ocu pa ção. Penso em cada dia per dido que não foi empre gado (prin ci pal mente) nesse mis ter. Sum totus in illo [a isto me com pro meto com ple ta mente]”.[7] 
Entre tanto, pela resis tên cia da parte da igreja ofi cial em rela ção a seu movi­mento, Wes ley não somente não foi comis si o nado para uma paró quia, como mui tas vezes impe dido de exer cer seu minis té rio den tro das fron tei ras da pró­pria Igreja Angli cana. Desde muito cedo, John Wes ley tomou cons ci ên cia de que sua mis são não pode ria ser com pleta se esti vesse limi tada pelas con ven­ções típi cas do sis tema cle ri cal inglês. 
Isto for çou Wes ley a bus car novos cam pos “paro qui ais”, o que o levou à grande des co berta da pre ga ção ao ar livre. Em 1739, quando foi cri ti cado por pre gar fora dos tem plos nos limi tes de uma das paró quias de Bris tol, dirigiu-se ao bispo Joseph Butler dizendo que ele não tinha um comis si o na mento espe cí­fico para uma paró quia em par ti cu lar, mas: “uma dis pen sa ção do evan ge lho me foi con fi ada [1Cor 9.17], e ‘ai de mim se eu não pre gar o evan ge lho’ [1Co 9.16], onde quer que esteja no mundo habi tado”.[8] 
Esta é a base do seu prin cí pio, “eu con si dero todo o mundo como minha paró­quia”. E, nas pala vras de Heit zen ra ter, Wes ley não se con si de rava limi tado pelas fron tei ras e méto dos da paró quia convencional. 

Os locais de pregação

Assim, pre gar além das fron tei ras paro qui ais e ecle siás ti cas, se tor na ria uma carac te rís tica pri má ria do rea vi va mento meto dista. Ele mesmo expli cou que não tinha inten ção de pre gar ao ar livre até que os púl pi tos se foram fechando para ele. As gran des mas sas de gente tam bém não goza vam de bom con ceito para os irmãos Wes ley. Char les se refe ria às pes soas da mul ti dão como “bes tas sel va gens”. Em sua Short His tory of the Peo ple Cal led Metho dists, Wes ley assim expôs tal processo: 
Sendo assim excluído das igre jas e incon for mado com o silên cio, restou-me somente pre gar a céu aberto; o que fiz a prin cí pio não por esco lha, mas por neces si dade; desde então, não obs tante, eu tenho encon trado razões abun dan­tes para glo ri fi car a sábia pro vi dên cia de Deus pela cri a ção de um meio para que miría des [sic] de pes soas que nunca entra ram em nenhuma igreja, nem sequer gos ta riam de fazê-lo, pudes sem ouvir aquela pala vra na qual encon tra­riam o poder de Deus para a salvação. 
O incen ti va dor de Wes ley para a pre ga ção a céu aberto foi George Whi te fi eld. A prin cí pio, Wes ley achou aquele um “estra nho modo de pre gar”.[9] John e Char les che ga vam a con si de rar um sacri lé gio alguém converter-se fora do con­texto de um culto rali zado den tro de uma igreja. 
Embora con ti nu asse a pre gar em algu mas igre jas paro qui ais, assim como na capela da pri são de New gate e no asilo de Lawford’s Gate, Wes ley pas sou a empenhar-se no exer cí cio da pre ga ção ao ar livre. “Qual quer lugar aberto era ade quado, desde que o povo pudesse se reu nir e o pre ga dor pudesse ser ouvido.”[10] Sua inten ção era ir aonde o povo esti vesse. Assim, logo des co briu os cemi té rios, ao lado de igre jas que ser viam de con cha acús tica; as pra ças do mer cado que fun ci o na vam como anfi te a tros rode a dos de pré dios; e mesmo algu mas árvo res cuja forma ser via para ampli fi car o som; tam bém as esca va­ções de minas, muito apro pri a das para aco mo dar gran des audi tó rios. Como expli cara a John Smith, ele fez mais em três dias pre gando junto à tumba do seu pai em Epworth do que pre gando por três anos em seu púlpito. 

Os deta lhes tecnológicos

Wes ley tornou-se fas ci nado pela téc nica (e pela “tec no lo gia”) da pre ga ção ao ar livre. Ele sem pre se colo cava acima da mul ti dão, fosse subindo em uma cadeira ou em um túmulo. Ele geral mente usava um púl pito por tá til feito de madeira. Ele pro cu rava luga res nos quais pudesse falar para um grande número de pes soas e ser ouvido. 
Com essa prá tica, Wes ley con se guia pre gar para um número admi rá vel de pes­soas (segundo seu regis tro, no pri meiro mês de sua expe ri ên cia de pre gar no campo, ele havia atin gido 47.500 pes soas – nos meses seguin tes, esse número cres ceu ainda mais). Entre tanto, se com pa rar mos o número de pes soas que real mente eram arro la das nas soci e da des, pode mos con cluir que tal expe ri ên­cia homi lé tica cam pal não pro du zia tan tos resul ta dos assim. De acordo com Heit zen ra ter, “na mai o ria das vezes em que as pes soas rece be ram a remis são dos peca dos ou foram con for ta das, isso acon te ceu nas peque nas reu niões de gru pos, não nos gran des cul tos ao ar livre”.[11] 
Assim, em 1763, depois de ter se desi lu dido com a pos si bi li dade de poder se dedi car exclu si va mente à pre ga ção ao ar livre sem a pre o cu pa ção de for mar soci e da des, con cluiu que “pre gar como um após tolo, sem reu nir aque les que foram des per ta dos e treiná-los nos cami nhos de Deus, é como entre gar cri an­ças nas mãos de assas si nos”. A pre ga ção sem for ma ção de soci e da des, sem dis­ci plina nem ordem ou cone xão resul tou em que “nove em dez daque les que haviam sido des per ta dos este jam agora mais ador me ci dos do que nunca” (Jour nal and Dia ries IV – Works, 21:424 – 25 de agosto, 1763). 

3. Quando e com que freqüên cia pregar?

As pre ga ções diá rias, sema nais e itinerantes

A pre ga ção meto dista mais notá vel, por sua sin gu la ri dade, era aquela que acon te cia dia ri a mente às 5 horas da manhã, antes do povo ir para o tra ba lho. Wes ley dizia que a pre ga ção da manhã fazia bem para o corpo e para a alma. Nisso Wes ley foi rigo ro sa mente pontual. 
Quanto ao tempo da pre ga ção, Wes ley não foi tão fiel aos seus pre cei tos assim. A regra esta be le cida nas Minu tes era: “certifique-se de come çar e ter mi nar pre ci sa mente no tempo esti pu lado”, isto é, no inter valo de uma hora. Entre­tanto, em mui tas oca siões, Wes ley que brou suas pró prias regras. Há vários rela tos seus dando-nos conta de que algu mas vezes ele ultra pas sou o tempo em uma, duas ou mesmo três horas. Isto não nos deixa dúvi das de que, no cora ção de Wes ley, as regras esta vam em segundo plano em rela ção à “ação do Espí­rito”, pelo menos neste caso.[12] 
Tam bém quanto à freqüên cia com que se deve pre gar, Wes ley não se enqua dra em seus pró prios prin cí pios. A regra deter mi nava que os pre ga do res não deve­riam pre gar mais do que duas vezes por dia durante a semana e três vezes nos domin gos. Ele che gou a cri ti car dura mente aque les que pre ga vam três vezes, por que esta riam com pro me tendo o bem estar físico e men tal, tanto do pre ga­dor quanto dos ouvin tes. “Prega tanto quanto pude res, mas não mais do que pude res”, escre veu ele a Tel ford em 1775. Não obs tante, por seus diá rios, sabe mos que não foram raras as vezes em que ele mesmo pre gou qua tro ou cinco vezes num único dia. Segundo Char les W. Clay, na intro du ção aos Tre­chos do Diá rio de João Wes ley, Wes ley teria pre gado mais de 42.000 ser­mões, tendo via jado mais de 400.000 quilô me tros a pé, a cavalo, de car ru a­gem e de navio.[13] Feliz mente, para Wes ley, ele gozava de boa saúde e de um físico resis tente, apto a enfren tar as intem pé ries pró prias das suas árduas jornadas. 

4. O que pregar?

Temas recor ren tes

Em vários luga res Wes ley define a mis são do meto dismo como sendo pri o ri ta­ri a mente “espa lhar san ti dade”. Ele sin te tiza as prin ci pais dou tri nas do movi­mento numa trí plice rela ção que con si dera con ter todo o res tante: arre pen di­mento, fé, e san ti dade – o pri meiro, arre pen di mento, é como o pór tico da reli­gião; a segunda, a fé, é como a porta; e a ter ceira, a san ti dade, é a pró pria reli­gião. A isto, John Wes ley chama de “as gran des dou tri nas bíbli cas”.[14] 
Os cha ma dos ser mões evan ge lis ti cos (gos pel ser mons), muito popu la res no seu tempo, não eram bem vis tos nem bem-vindos entre os meto dis tas. Wes ley con­si de rava esse tipo de pre ga ção como sendo “uma rap só dia des co nec tada de pala vras sem significado”. 
Em seus “Pen sa men tos sobre os minis tros do evan ge lho”, Wes ley define quem são os ver da dei ros pre ga do res do evan ge lho: Não basta falar dos decre tos eter nos – uma crí tica aos cal vi nis tas – para que alguém tenha o direito ao título de minis tro do evan ge lho; tam bém não basta falar apai xo na da mente sobre a jus tiça e o san gue de Cristo, se não pro clama o dever do crente ao mesmo tempo que os sofri men tos de Cristo; não é minis tro ver da deiro qual­quer que trate acerca das pro mes sas de Deus sem referir-se ao ter ror da lei, à ira de Deus con tra a impi e dade e a injus tiça dos homens – “estes são tra fi can tes de pro mes sas não são minis tros do evan ge lho”; tam pouco é minis tro qual quer que pre gue a jus ti fi ca ção pela fé, se não for além e insis tir tam bém na san ti fi ca­ção, sobre tudo na pro du ção dos fru tos da fé, na san ti dade uni ver sal – se não decla rar todo o con se lho de Deus, não é um minis tro do evan ge lho; então, 
quem é um minis tro do evan ge lho em sen tido com pleto e bíblico da pala vra? Aquele, e uni ca mente aquele, de qual quer deno mi na ção, que anun cia todo o con se lho de Deus, que prega todo o evan ge lho, incluindo a jus ti fi ca ção e a san­ti fi ca ção, como meios para se che gar à gló ria. Aquele que não separa o que Deus uniu, senão que anun cia tanto a Cristo que mor reu por nós, como a Cristo que vive em nós. Aquele que cons tan te mente aplica estas ver da des ao cora ção dos ouvin tes, estando dis posto a dar-se e a ser con su mido por eles, tendo a mente de Cristo e seguindo seus pas sos sem desviar-se. Aquele, e só aquele, pode ser cha mado ver da dei ra mente um minis tro do evan ge lho.[15] 

Tex tos preferidos

Embora afir masse que o ver da deiro minis tro deve ria pre gar todo o con teúdo do evan ge lho, Wes ley tinha os seus tex tos pre fe ri dos, aos quais recor ria rei te­ra das vezes (por exem plo: 2Co 8.9; Is 55.7; Ef 2.8; Hb 12.28). O texto de Efé­sios 2.8 foi uti li zado 34 vezes nas pre ga ções entre o ano 1749 – 54 (cinco anos). 
A lin gua gem dos seus ser mões era pro fun da mente influ en ci ada pelo texto bíblico. De fato, 
o uni verso que serve de fonte básica para seu voca bu lá rio, ima gi ná rio, e mesmo de fonte de ilus tra ção, é o mundo bíblico: ele repre senta a matriz da sua cui da dosa abor da gem dos mate ri ais oriun dos de outras fon tes.[16] 
Wes ley reco men dava aos pre ga do res que esco lhes sem tex tos fáceis para pre­gar e que per ma ne ces sem no texto esco lhido. Esta seria outra regra que Wes­ley nem sem pre teria seguido. No ser mão “Quase Cris tão” (“The Almost Chris­tian”), ele se des via do texto, se não o torce com ple ta mente.[17] 

Ser mões repetidos

Havia uma idéia cor rente, na época, de que os velhos ser mões deviam ser quei­ma dos a cada sete anos. Wes ley con si de rava essa uma pés sima idéia. Ele dizia que seria impos sí vel fazer melhor agora cer tos ser mões escri tos há vinte ou trinta anos. Sabe-se que Wes ley pre gou sobre Mar cos 1.15 (“O reino de Deus está pró ximo, arrependei-vos e crede no evan ge lho”) pelo menos 190 vezes. De fato, antes de serem escri tos em ver são defi ni tiva e publi ca dos, seus ser­mões eram pre ga dos inú me ras vezes, cor ri gi dos, revi sa dos, ampli a dos até que esti ves sem em um for mato ade quado para ser impresso. Ao que parece, como Whi te fi eld[18], Wes ley tinha cons ci ên cia de que a lin gua gem oral era dife rente da escrita e que, para se obter o mesmo efeito, elas pre ci sa vam ser arran ja das diferentemente. 

5. Como pregar?

A pre o cu pa ção com a for ma ção do pre ga dor (quem está apto?)

Em “Um Dis curso aos Clé ri gos”, Wes ley trata da ques tão “Que classe de homens [pre ga do res] deve mos ser?”. Como pro ve do res da Igreja de Deus, com rela ção aos dons, os minis tros devem ter, (1) pri mei ra mente, um bom enten di­mento, uma clara apre en são, um juízo sólido e uma capa ci dade de raci o ci nar com certa pre ci são; (2) em segundo lugar, tenha viva ci dade e faci li dade de pen sa mento; e (3), em ter ceiro lugar, ter uma boa memó ria. Com rela ção aosconhe ci men tos adqui ri dos, ter um bom cabe dal de conhe ci men tos: (1) pri­meiro de seu pró prio ofí cio, da grande res pon sa bi li dade que rece beu e da impor tante tarefa para a qual foi cha mado – isto é, cons ci ên cia a res peito do que con siste sua tarefa; (2) conhe ci mento das Escri tu ras, o sig ni fi cado lite ral de cada pala vra, ver sí culo e capí tulo e ser capaz de dedu zir os coro lá rios apro­pri a dos, espe cu la ti vos e prá ti cos de cada texto para resol ver as difi cul da des que sur jam e para res pon der às obje ções que pos sam exis tir, e fazer apli ca ção ade quada aos ouvin tes; (3) em ter ceiro lugar, ter conhe ci mento das lín guas ori­gi nais para poder com pre en der as pas sa gens mais con tro ver ti das; (4) em quarto lugar, ter conhe ci mento da his tó ria pro fana: os cos tu mes anti gos, a cro­no lo gia e a geo gra fia; (5) em quinto lugar, ter algum conhe ci mento das ciên cias prin ci pal mente a lógica, a arte do bom sen tido, e com pre en der as coi sas cor re­ta mente, jul gar com a ver dade a raci o ci nar de forma con vin cente, bem como ter uma ligeira fami li a ri dade com a meta fí sica, a filo so fia natu ral, a geo me tria; (6) em sexto lugar, ter conhe ci mento dos Pais da Igreja, dos mais autên ti cos comen ta ris tas das Escri tu ras, espe ci al mente dos que escre ve ram antes do Con­cí lio de Nicéia, mas tam bém os que segui ram: São Cri sós tomo, Basí lio, Jerô­nimo, Agos ti nho e, sobre tudo, o homem de cora ção que bran tado, Efrem o Sírio; (7) em sétimo lugar, o conhe ci mento do mundo, um conhe ci mento dos huma nos: suas máxi mas, tem pe ra men tos e cos tu mes, tal e qual se apre sen tam na vida real; (8) em oitavo lugar, a pru dên cia, que con si dera todas as cir cuns­tân cias de alguma coisa (quem, que, onde, com que meios, por quê, como, quando); (9) em nono lugar, o clé rigo deve ter bons modos, com por ta mento e con duta ade quada: a cor te sia de um cava lheiro unida à de uma pes soa bem edu cada, uma voz clara, forte e musi cal, eloqüên cia tanto na pro nún cia quanto nas ati tu des. Aque les que se entre gam com entu si asmo a seu tra ba lho em rela­ção a estes dons, mui tos dos quais não se podem alcan çar sem um con si de rá vel esforço, con tam com a pro messa da ajuda daquele que é a fonte de todo o conhecimento. 

A pre o cu pa ção com a forma da pregação

Seu estilo é abso lu ta mente lógico. O arranjo do seu mate rial dis cur sivo obe­dece a um plano homi lé tico rigo roso, com pro po si ções cla ras e argu men ta ção con seqüente, coe rente, exaus tiva… (Ape nas a título de exem plo, reco men da­mos a obser va ção do Ser mão 4 ). 

A pre o cu pa ção com a elo cu ção da pregação

Sobre a qua li dade da voz e o uso dos ges tos na pre ga ção, a pes quisa de Heit zen­ra ter nos ofe rece impor tan tes ele men tos de para aná lise. Wes ley pro cu rava falar jus ta mente, com pre en si vel mente e cla ra mente. “Eu pre paro ver da des sim ples para o povo simples”. 
Cla reza é par ti cu lar mente neces sá ria […] por que esta mos ins truindo pes soas de pouco enten di mento […]. Deve ría mos usar cons tan te mente as mais comuns, as meno res e as pala vras mais fáceis que nossa lin gua gem possa ofe re cer (desde que sejam puras e apro pri a das).[19] 
Heit zen ra ter comenta ainda que Wes ley se opu nha à ora tó ria rebus cada e flo­re ada tão comum nos púl pi tos ingle ses; bem como às espe cu la ções filo só fi cas e às pala vras e ter mos téc ni cos difí ceis, não obs tante uti li zasse freqüen te mente cita ções em latim, para não falar do hebraico e do grego abun dan tes em seus sermões. 
Quanto à voz, Wes ley teria reco mendo a John King, no ano de 1775: “nunca fale acima do volume natu ral da sua voz”. Wes ley, por tanto, con de nava a pre­ga ção gri tada: “fale com todo seu cora ção, mas com voz moderada”. 
John Hamp son, o pri meiro bió grafo de Wes ley, escre veu: “a maneira de Wes­ley era gra ci osa e aces sí vel – sua voz não era alta, mas clara e natu ral; seu estilo sim ples, pers pi caz, e admi ra vel mente adap tado à capa ci dade dos seus ouvin tes”. De qual quer forma, em ter mos de voz e de locução, 
Wes ley não era um pre ga dor da mesma cate go ria de um Whi te fi eld, que podia impres si o nar as mai o res mul ti dões e, segundo o ator Gar rick, podia enchar car seus ouvin tes de lágri mas ape nas com sua pro nún cia da pala vra “Meso po tâ­mia”.[20] 
Quanto aos ges tos, reco men dava: “Evite palha ça das. Seja Cor tez com todos”; “cui dado com qual quer exa gero ou afe ta ção, mesmo nos ges tos e na pro nún­cia”. Sobre pro nún cia e ges tos, Wes ley che gou a escre ver um pan fleto, no qual reco men dava que não se devia abrir os bra ços mais do que a dis tân cia de um pé do outro. Não é de se admi rar, por tanto, que um obser va dor da pre ga ção de Wes ley em Lin colnshire tivesse regis trado: “Há tão pouco esforço no pre ga dor que, a não ser por algum oca si o nal levan ta mento da sua mão direita, ele pare­cia ser uma está tua falante”.[21] 
Os pre ga do res deve riam, ainda, ser não ape nas “mode los de lim peza” mas tam­bém “mode los de dili gên cia”: Wes ley reco menda que cor tem o cabelo, tirem os pio lhos, curem as sar nas […] Outras reco men da ções se seguem…[22] 
Seja como for, para Char les, Wes ley teria con se guido “jun tar o que esti vera por tanto tempo sepa rado: conhe ci mento e pie dade”. Reit zen ra ter relata que o pro fes sor J. H Liden, depois de ter ouvido Wes ley pre gar excla mou: “Ele tem a apa rên cia do pior dos sacer do tes sue cos, mas ensina como um bispo […]. Ele é a per so ni fi ca ção da pie dade, e parece para mim como uma repre sen ta ção viva do amo roso Após tolo João”.[23] 

Con clu são

Que con tri bui ções a prá tica homi lé tica de Wes ley pode dar para a pre ga ção do evan ge lho no con texto da Amé rica Latina atual? Tal vez pos sa mos arris car apro xi ma ções entre os desa fios enfren ta dos há três sécu los e os que enfren ta­mos hoje diante das con tra di ções pró prias da tarefa homilética: 
A for ma ção (cul tura geral) do pregador/a e o número cres cente de voca ções para o minis té rio pas to ral 
Na Amé rica Latina obser va mos o cres ci mento do número de voca ções para o minis té rio pas to ral. Já não pade ce mos da falta de obrei ros, como em outras épocas. Que impli ca ções têm isso para o pro cesso de admis são à ordem? Justifica-se, ainda, a orde na ção de pre ga do res com for ma ção leiga? Qual seria seu papel, diante de um qua dro cada vez maior de pas to res aca de mi ca mente capacitados? 
A com ple xi dade da comu ni ca ção com des ti na tá rios tão diver si fi ca dos e o papel das mulhe res que, sendo mai o ria, são dis cri mi na das e sub me ti das como mino ria  
Na Amé rica Latina, a mem bre sia das igre jas meto dis tas é com posta majo ri ta ri­a mente por mulhe res. O reco nhe ci mento do seu minis té rio, cle ri cal ou laico, bem como sua acei ta ção, faz parte do ama du re ci mento de um pro cesso que teve iní cio há 300 anos, com os pri mei ros meto dis tas.[24] 
A agenda reli gi osa, social e polí tica, imposta por uma cul tura glo ba li zada 
Quem seriam, hoje, na Amé rica Latina, os que mais pre ci sam da aten ção e da pre ga ção meto dista? Aque les e aque las, víti mas da vio lên cia e do trá fico, da misé ria e da fome, da dis cri mi na ção e do pre con ceito, do desem prego e da angús tia, da enfer mi dade e da dor…? 
As pos si bi li da des e con tra di ções das novas tec no lo gias bem como o pro cesso de mer can ti li za ção da fé e do comér cio de bens sim bó li cos frente à essên cia meto dista do viver a graça. 
A expe ri ên cia acús tica do nosso tempo passa pelo avanço tec no ló gico dos Meios de Comu ni ca ção de Massa. Como pode mos atu a li zar a prá tica de Wes ley e levar a graça aos povos da Amé rica Latina domi na dos pelos Meios a ser viço do lucro e do mercado? 
A polui ção temá tica, o lixo teo ló gico, a super fi ci a li dade e a falta de qua li dade das infor ma ções e das pré di cas pro nun ci a das dos púl pi tos ecle si ais e vir tu ais, trans mi ti das por toda essa aldeia global. 
A neces si dade da sis te ma ti za ção da pro du ção homi lé tica que demons tre com­pro misso com as futu ras gera ções 
Embora a pre ga ção tenha um papel pro e mi nente no con texto ecle sial latino-americano, pouco se tem escrito e pro du zido a res peito. Fal tam aná li ses cri te­ri o sas, fal tam pes qui sa do res que se empe nhem na com pre en são, e inter pre ta­ção do fenô meno homi lé tico contemporâneo. 
Estas ques tões, entre outras, con ti nuam a nos desa fiar. Pelo menos pode mos pen sar que temos pela frente outros tre zen tos anos para encon trar as res pos tas (ou refor mu lar as perguntas). 

Refe rên cias bibliográficas

Chil cot, Paul Wes ley. John Wes ley and the Women Pre a chers of early Metho­dism. Lon dres: The Ame ri can The o lo gi cal Library Asso ci a tion and the Saca re­crow Press, Inc. 1991. 
Heit zen ra ter, Richard P. John Wesley’s prin ci ples and prac tice of pre a ching.Lec tu res on Seve ral Occa si ons, n. 1, Dal las: Cen ter for Metho dist Stu dies at Bridwell Library, Per kins School  of The o logy, 1997. p. 25 – 51. 
______. Wes ley e o Povo Cha mado Meto dista. São Ber nardo do Campo: Edi­teo; Rio de Janeiro: Ben nett, 1996. 
Obras de Wes ley, Tomo IX, Espi ri tu a li dade e him nos; Notas al Nuevo Tes ta­mento: pri mera parte. Fran klin: Pro vi dence House Publishers, 1998. 
Pat ti son, T. Harwood. The His tory of Crhis tian Pre a ching. Phi la delphia: Ame­ri can Bap tist Publi ca tion Soci ety, 1903. 
Wes ley, john. Tre chos do diá rio de João Wes ley. Col. Paul Eugene Buyers.  São Paulo: Junta Geral de Edu ca ção Cristã da Igreja Meto dista do Bra sil, 1965. 

[1] Estudo apre sen tado em setem bro 2003 durante a Semana da Atu a li za ção Teo ló gica da Facul dade de Teo lo gia da Uni ver si dade Meto dista de São Paulo, Umesp.
[2] Dou tor em Ciên cias da Reli gião, poro fes sor de Homi lé tica no Curso de Teo­lo gia da Uni ver si dade Metod sita de São Paulo.
[3] Cf. Luke Tyer man, The Life and Times of the Rev. John Wes ley, 2 vols. (Lon don: Hod der and Stough ton, 1870 – 71), 2:71. Apud Heit zen ra ter, Richard  P. John Wesley’s prin ci ples and prac tice of pre a ching. Lec tu res on Seve ral Occa si ons, n. 1, Dal las: Cen ter for Metho dist Stu dies at Bridwell Library, Per kins School  of The o logy, 1997. p. 25 – 51.
[4] Heit zen ra ter. Richard P. Wes ley e o Povo Cha mado Meto dista. São Ber­nardo do Campo: Edi teo; Rio de Janeiro: Ben nett, 1996. p. 182ss.
[5] Ibi dem, p. 113ss.
[6] Ibi dem, p. 235.
[7] Cf. Heit zen ra ter, Richard  P. John Wesley’s prin ci ples and prac tice of pre a­ching. Lec tu res on Seve ral Occa si ons, n. 1, Dal las: Cen ter for Metho dist Stu­dies at Bridwell Library, Per kins School  of The o logy, 1997. p. 29.
[8] Ibidem.
[9] Heit zen ra ter, Richard P. Wes ley e o povo cha mado meto dista. p. 99.
[10] Idem, p. 99.
[11] Ibi dem, p. 100.
[12] Cf. Heit zen ra ter, Richar, P. Prin ci ples…, p. 37
[13] Cf. Apre sen ta ção de Tre chos do diá rio de João Wes ley. São Paulo: Junta Geral de Edu ca ção Cristã da Igreja Meto dista do Bra sil, 1965. p. 9 – 10.
[14] Ibi dem, p. 41 – 42,
[15] Cf. Obras de Wes ley, Tomo IX, Espi ri tu a li dade e him nos; Notas al Nuevo Tes ta mento: pri mera parte. Fran klin: Pro vi dence House Publishers, 1998., p. 191 – 193 (trad. nossa).
[16] Cf. Heit zen ra ter, Richard P. Prin ci ples…, p. 47.
[17] Idem, p. 48.
[18] Sobre a pre ga ção de Whi te fi eld (1714 – 1770), ver PATTISON, T. Harwooe. The His tory of Crhis tian Pre a ching. Phi la delphia: Ame ri can Bap tist Publi ca tion Soci ety, 1903. p. 264 – 270.
[19] Tel ford, Let ters, apud Heit zen ra ter, Richard P. John Wesley’s prin ci­ples…, p. 38 (trad. nossa).
[20] Heit zen ra ter, Richard P. John Wesley’s prin ci ples, p. 40.
[21]  Ibidem.
[22] Cf. Heit zen ra ter, Richard P. Wes ley e o povo cha mado meto dista. p. 237.
[23] Heit zen ra ter, Richard P. John Wesley’s prin ci ples…, p. 41 (trad. nossa).
[24] A esse res peito, suge ri mos a lei tura de Chil cot, Paul Wes ley. John Wes ley and the Women Pre a chers of early Metho dism. Lon dres: The Ame ri can The o­lo gi cal Library Asso ci a tion and the Saca re crow Press, Inc. 1991.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O complexo de edifício

O moderno cristianismo é obcecado pelo tijolo e pelo concreto. O complexo de edifício está tão inculcado em nossas mentes que se um grupo de crentes começa a reunir-se, sua primeira idéia é encontrar um salão. Como pode um grupo de cristãos pretender ser uma igreja sem um salão? E por aí vão seus pensamentos.
A "Igreja" está tão ligada à idéia de igreja enquanto edifício que nós inconscientemente equiparamos as duas. Escute o vocabulário do cristão médio de hoje:
"Amigo, você viu como é bonita essa igreja que acabamos de passar?"
"Essa é a maior igreja que já vi. Sua conta de luz deve ser bem elevada!"
"Nossa igreja é bem pequena. Estou ficando claustrofóbico. Precisamos ampliar o salão".
"Faz frio na igreja hoje; os bancos estão me congelando".
"Fomos à igreja durante quase todos os domingos do ano".
Escutemos o vocabulário do pastor mediano.
"Não é maravilhoso estar na casa de Deus hoje?"
"Necessitamos ser reverentes quando entramos no santuário do Senhor".
Ou como a mãe fala com seu filho traquina (em tom grave), “Tire esse sorriso de sua boca, agora você está na igreja! Precisamos nos comportar na casa do Senhor!"
Para dizer sem rodeios, nenhum destes pensamentos tem qualquer coisa a ver com o cristianismo do NT. Melhor dizendo, eles refletem o pensamento de outras religiões — principalmente o Judaísmo e o paganismo.1[1]

Templos, Sacerdotes e Sacrifícios.
O antigo Judaísmo estava centrado em três elementos: O templo, o sacerdócio e o sacrifício. Quando Jesus veio, Ele cancelou os três elementos cumprindo-os em Si mesmo. Ele é o Templo2[2] que incorpora uma casa nova e viva feita de pedras vivas — "sem mãos [humanas]".3[3] Ele é o Sacerdote4[4] que estabeleceu um novo sacerdócio.5[5] Ele é o Sacrifício perfeito e definitivo.6[6]
Como conseqüência, o templo, o sacerdócio e o sacrifício do Judaísmo cessaram com a vinda de Jesus Cristo.7[7] Cristo é o cumprimento e a realidade de tudo isso.8[8] No paganismo greco-romano9[9] estes 3 elementos também estavam presentes: Os pagãos tiveram seus templos,10[10] seus sacerdotes e seus sacrifícios.11[11]
Foram apenas os cristãos que descartaram todos estes elementos.12[12] Poder-se-ia dizer que o cristianismo foi a primeira religião sem templos. Na mente do cristão primitivo, era a pessoa que constituía o espaço sagrado, não a arquitetura. Os primeiros cristãos entendiam que eles mesmos — coletivamente — eram o templo de Deus e a casa de Deus.13[13]
Notavelmente, em nenhuma parte do NT, encontramos os termos "igreja" (ekklesia), "templo", ou "casa de Deus", usados para referir-se a edifícios próprios. Ao ouvido do cristão do século I, descrever um edifício como ekklesia (igreja) seria como chamar uma mulher de arranha-céu!14[14]
O uso inicial da palavra ekklesia (igreja) para referir-se a um lugar de reunião cristã ocorre no ano 190 d.C. por Clemente de Alexandria (150-215).15[15] Clemente foi a primeira pessoa a utilizar a frase "ir à igreja", que era um pensamento alheio ao crente do século I.16[16] (Ninguém pode deslocar-se a um lugar que é ele mesmo! Ao longo do NT, ekklesia sempre se referiu a uma assembléia de pessoas, não a um lugar! )17[17]
Mesmo assim, a referência "ir à igreja" de Clemente não trata de uma alusão a um edifício de alvenaria construído especialmente para a adoração dos membros, trata de um lugar privado que os crentes do século II usavam para suas reuniões.18[18] Os cristãos não construíram edifícios especiais até a Era Constantino no século IV.19[19] Tampouco tiveram um sacerdócio especial separado para servir a Deus. Em vez disso, cada crente reconhecia que ele mesmo era um sacerdote diante de Deus.
Os cristãos primitivos também eliminaram os sacrifícios porque entendiam que o sacrifício verdadeiro e final (Cristo) havia prevalecido. Os únicos sacrifícios que ofereciam eram sacrifícios espirituais de louvor e gratidão.20[20]
Entre os séculos IV e VI, o catolicismo romano absorveu as práticas religiosas do paganismo e do Judaísmo. Instalou um clericalismo profissional e erigiu edifícios sagrados de alvenaria.21[21] E converteu a Santa Ceia em um sacrifício místico.
Seguindo a trilha dos pagãos, o catolicismo adotou a prática das virgens vestais (sagradas) e da queima do incenso.22[22] Felizmente os protestantes aboliram o uso do sacrifício da Ceia do Senhor, das virgens vestais e da queima de incenso. Mas eles retiveram tanto a casta sacerdotal (o clero) como o edifício sagrado.

De igrejas caseiras a Santas Catedrais
Os primeiros cristãos acreditavam que a presença de Jesus é a própria presença de Deus. Eles acreditavam que o corpo de Cristo, a Igreja, constitui o templo.
Quando o Senhor Jesus estava na terra, Ele fez algumas declarações negativas referindo-se ao templo judaico.23[23] A maior foi que o templo seria destruído!24[24]
Mesmo Jesus referindo-se ao templo que existia no sentido arquitetônico, na realidade, Ele estava falando de seu próprio corpo. Jesus disse que depois da destruição do templo, Ele o levantaria novamente dentro de três dias. Ele estava se referindo ao templo real, a Igreja, a qual Ele levantou em si mesmo no terceiro dia. Significativamente, Ele se referia ao templo real — a igreja — que Ele levantaria. Ele levantaria a Si mesmo no terceiro dia.
Desde que Cristo ressuscitou, nós cristãos chegamos à condição de o templo de Deus.25[25] Por isso, o NT reserva a palavra "igreja" (ekklesia) para o povo de Deus. A Bíblia nunca emprega esta palavra referindo-se a algum edifício de alvenaria.
A atitude de Jesus limpar o templo significa que a "adoração do templo" judaico seria substituída pela adoração a Ele próprio.26[26] Com Sua vinda, o Pai não seria adorado em uma montanha ou templo. Ele seria adorado em espírito e em verdade.27[27]
Quando o cristianismo nasceu, foi a única religião na terra sem objetos sagrados, pessoas sagradas, espaços sagrados.28[28] Mesmo rodeado por sinagogas judaicas e templos pagãos, os primeiros cristãos foram as únicas pessoas religiosas na terra que não edificavam templos sagrados de adoração.29[29] A fé Cristã nasceu em casas, fora de pátios, ao longo das margens da estrada, e em salas de estar.30[30]
Durante os primeiros três séculos, os cristãos não tiveram edifícios especiais.31[31] Como disse um erudito, "O cristianismo que conquistou o Império Romano era essencialmente um movimento centrado em casas". 32[32] Alguns dizem que o fato deles reunirem-se em casas era devido à repressão. Isso não é verdade.33[33] Foi uma opção consciente e deliberada.34[34]
Na medida em que as congregações cresciam em tamanho, os cristãos começaram a remodelar seus lares para acomodar os números crescentes. Um dos descobrimentos arqueológicos mais marcantes nesse sentido foi a casa de Dura Europeas na moderna Síria. Esta casa constitui o mais antigo registro de uma igreja caseira de que se tem notícia. Foi um despretensioso local privado adequado para acomodar cristãos em suas reuniões por volta do ano 232 d.C.36[36]
Essencialmente, a casa de Dura-Europeas era uma casa onde se havia suprimido a parede entre dois quartos para criar uma grande sala.37[37] Com a reforma, a casa podia receber aproximadamente 70 pessoas.38[38] As casas reformadas, como foi o caso de Dura-Europeas, não podem ser classificadas como "edifícios de igrejas". Eram simplesmente casas adaptadas para acomodar assembléias maiores.39[39] Além disso, estas casas jamais foram chamadas de "templos", termo que os pagãos e judeus utilizavam para designar seus espaços sagrados. Os cristãos não chamaram seus edifícios de "templos" até o século XV!40[40]

A Criação de Espaços e Objetos Sagrados.
Nos séculos II e III ocorreu uma mudança. Os cristãos começaram a adotar o costume pagão de reverenciar mortos.41[41] Seu enfoque era a lembrança dos mártires.42[42] Assim tiveram início as orações para os santos (que mais tarde viraram ladainhas).43[43]
Os cristãos adotaram a prática pagã de refeições em honra dos mortos.44[44] Práticas envolvendo o funeral cristão e o canto fúnebre também vieram diretamente do paganismo do século III.45[45]
Os cristãos do século III se reuniam em dois tipos de locais: Suas próprias casas e o cemitério.46[46] Eles se reuniam no cemitério por desejarem estar perto de seus irmãos mortos.47[47] Eles acreditavam que compartilhar uma refeição em um cemitério onde fora enterrado um mártir significava celebrá-lo e cultuar juntamente com ele.48[48]
Como os corpos dos mártires "santos" repousavam ali, começaram a encarar as sepulturas cristãs como "locais santos".49[49] Então os cristãos resolveram construir pequenos monumentos sobre tais locais — especialmente sobre as tumbas de santos famosos.50[50] Construir um santuário em cima de uma tumba e chamá-lo "sagrado" também era uma prática pagã.51[51]
Em Roma, os cristãos começaram a decorar as catacumbas (cemitérios subterrâneos)52[52] com símbolos cristãos. Assim, a arte chegou a associar-se com os espaços sagrados. Clemente de Alexandria (150-215 d.C.) foi um dos primeiros cristãos a recomendar o uso de artes visuais na 53[53]adoração.
(É importante ressaltar que a cruz enquanto referência artística à morte de Cristo não foi adotada antes de Constantino.54[54] O crucifixo, a representação artística do Salvador pregado na cruz, surgiu no século V.55[55] O costume de fazer o "sinal da cruz" com a mão teve origem no século II).56[56]
Por volta do século II, os cristãos passaram a venerar os ossos dos santos, tidos como santos e sagrados. Eventualmente, isso deu origem às coleções de relíquias.57[57] A reverência aos mortos foi a maior motivação na formação de comunidades no Império Romano.58[58] Agora os cristãos acrescentavam tais coisas à sua própria fé.59[59]
No final do século II houve uma mudança na forma de ver a Ceia do Senhor. A Ceia era uma refeição completa dentro de um cerimonial chamado "Comunhão Santa".60[60]
Durante o século IV, esta tendência beirou o ridículo. O cálice e o pão eram vistos como geradores de um senso de assombro, pavor e mística. Chegou a ponto das igrejas do Oriente colocarem um toldo sobre a mesa do altar61[61] onde estavam o pão e o cálice.62[62] (No século XVI colocaram grades na mesa do altar63[63] As grades significavam que a mesa do altar era um objeto santo que poderia ser tocado apenas por pessoas santas — ou seja, o clero!).64[64]
Pelo século III, os cristãos tinham não apenas lugares sagrados, eles tinham também objetos sagrados. (Logo eles desenvolveriam um sacerdócio sagrado). Dessa forma, os cristãos dos séculos II e III começaram a assimilar o pensamento mágico característico dos pagãos.65[65] Todos estes fatores prepararam o terreno para que o homem desse início à construção de edifícios eclesiásticos.

Constantino — Pai do Edifício da Igreja
A história de Constantino (285-337 d.C.) abre uma página tenebrosa na história da cristandade. Foi ele quem iniciou a construção dos edifícios eclesiásticos66[66] A história é assombrosa.
Quando Constantino entrou em cena, era favorável que os cristãos escapassem de sua condição de desprezo e de minoria. A tentação pela aceitação foi por demais forte para resistir e a bola de neve constantiniana começou a rolar.
Em 312 d.C., Constantino tornou-se César do Império Ocidental.67[67] Em 324, ele tornou-se Imperador de todo Império Romano. Pouco tempo depois ele começou a ordenar a construção de edifícios de igreja. Ele fez isso para promover a popularidade e a aceitação da cristandade. Se os cristãos tivessem seus próprios edifícios sagrados — como tinham os judeus e os pagãos — a fé cristã seria legitimada no Império.
É importante entender a tática de Constantino — porque ele foi o útero que concebeu o edifício da igreja. O pensamento de Constantino era dominado pela superstição e pela magia pagã. Mesmo após tornar-se Imperador, ele permitiu às velhas instituições pagãs permanecerem como eram antes.68[68]
Mesmo após sua conversão ao cristianismo, Constantino nunca abandonou sua adoração ao deus sol. Ele manteve a imagem do sol cunhada na moeda.69[69] Ele montou uma estátua do deus sol que sustentava sua própria imagem no Foro de Constantinopla (sua nova capital).70[70] Constantino também mandou construir uma estátua da deusa Cibele, (embora apresentada em postura de adoração cristã).71[71]
(Historiadores continuam a debater se Constantino foi ou não um genuíno cristão. O fato de ter ordenado a execução de seu filho mais velho, seu sobrinho, e seu cunhado, não fortalece o expediente no que diz respeito à sua conversão.72[72] Mas não estamos aqui para levar avante esse tipo de discussão).
Em 321 d.C., Constantino decretou o domingo como dia de descanso — um feriado legal.73[73] Parece que a intenção de Constantino era honrar ao deus Mitras, o Sol Invencível.74[74] (Constantino descreveu o domingo como "o dia do sol").75[75] Confirmando sua afinidade com a adoração do sol, as escavações de São Pedro de Roma descobriram um mosaico de Cristo como o Sol Invencível.76[76]
Praticamente até o dia de sua morte Constantino "agia como um sumo sacerdote pagão".77[77] Na realidade ele detinha o título pagão de Pontifex Máximus, que significa o chefe dos sacerdotes pagãos !78[78] (No século XV este mesmo título chegou a ser o título honorífico do Papa Católico).79[79]
Constantino usou decorações e rituais tanto pagãos como cristãos na dedicatória de sua nova capital, Constantinopla.80[80] Ele utilizou fórmulas de magia pagã para proteger as colheitas e sanar as enfermidades.81[81]
Além disso, toda evidência histórica indica que Constantino era egomaníaco. Quando construiu a nova "Igreja dos Apóstolos", ele erigiu monumentos aos doze Apóstolos, os quais ladeavam um único sepulcro central. Esta tumba Constantino reservou para si mesmo — nomeando-se o décimo terceiro e principal Apóstolo !82[82] Constantino não apenas deu continuidade à prática pagã de veneração aos mortos,83[83] ele também pretendeu incluir-se no rol desses mortos ilustres !84[84]
Constantino também fortaleceu a noção pagã de objetos e espaços sagrados.85[85] Devido principalmente à sua influência, o comércio de relíquias passou a ser bem comum na igreja.86[86] Pelo século IV, a obsessão pelas relíquias se disseminou de tal forma que alguns cristãos se posicionaram contra essa prática definindo-a como “Uma odiosa observância introduzida nas igrejas sob o disfarce da religião... Uma obra de idólatras ".87[87]
Constantino também se destacou por trazer à fé cristã a idéia de "lugar santo" baseado no modelo do santuário pagão.88[88] Foi por causa da aura do "sagrado" que os cristãos do século IV anexaram a Palestina, e a tornaram conhecida como "a Terra Santa" no século VI.89[89]
O que mais impressiona é que depois de morto Constantino foi declarado "divino". (Este foi um costume aplicado a todos os Imperadores pagãos que morreram antes dele).90[90] Após a morte de Constantino, o Senado proclamou-o deus pagão.91[91] E ninguém os impediu de fazer isso.
Neste ponto, uma palavra precisa ser dita acerca de Helena, mãe de Constantino. Essa mulher ficou famosa por sua obsessão com relíquias. Em 326 d.C., Helena fez uma peregrinação à Terra Santa.92[92] Em 327 d.C., em Jerusalém, ela declarou ter encontrado a cruz e os pregos utilizados na crucifixão de Jesus.93[93] Consta que Constantino promoveu a idéia de que os pedacinhos de madeira da cruz de Cristo possuíam poderes mágicos!94[94] A verdade é que uma mentalidade de magia pagã operou no Imperador Constantino. Indiscutivelmente, o pai do edifício da igreja.

O Programa de Construção de Constantino
Depois da viagem de Helena a Jerusalém em 327 d.C., Constantino começou a construir os primeiros edifícios de igrejas ao longo do Império Romano.95[95] Ao fazê-lo, ele seguiu a trilha pagã de erigir templos para honrar a Deus.96[96]
É interessante o fato dele ter nomeado suas igrejas com nomes de santos — da mesma forma que os pagãos nomeavam seus templos com nomes de seus deuses. Ele construiu suas primeiras igrejas sobre os cemitérios onde os cristãos honravam seus santos mortos.97[97] Quer dizer, ele as construiu sobre os restos mortais dos santos mortos. L J Por quê? Porque, desde pelo menos um século antes os cemitérios onde os santos foram enterrados eram tidos como "campo santo".99[99]
Muitas dessas gigantescas edificações foram construídas sobre as tumbas dos mártires.100[100] Essa prática era baseada na idéia de que os mártires tinham o mesmo poder anteriormente atribuído aos deuses pagãos.101[101] Mesmo sendo uma prática pagã os cristãos adotaram esta idéia mordendo o anzol.
Os mais famosos "espaços santos" foram: São Pedro, sobre o Monte do Vaticano (erigido em cima da suposta tumba de Pedro).102[102] São Paulo, do lado de fora dos muros da cidade (construída em cima da suposta tumba de Paulo),103[103] A deslumbrante e magnífica igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém (construída em cima da suposta tumba de Cristo),104[104] e a igreja da Natividade em Belém (construída sobre a suposta gruta onde Cristo nasceu).105[105] Constantino construiu nove igrejas em Roma e muitas outras em Jerusalém, Belém e Constantinopla.106[106]
Querido cristão observe! As raízes do "sagrado" edifício da igreja são completamente pagãs. O edifício da igreja foi inventado por um professo ex-pagão dotado de uma mente completamente pagã. Tais edifícios da igreja foram construídos sobre a idéia pagã de que o morto cria um espaço santo. Por favor, lembre-se disto toda vez que você escutar alguém se referir a um edifício como casa "santa" e "sagrada" de Deus.

Explorando os Primeiros Edifícios de igrejas.
Pelo fato da edificação ser considerada sagrada, o congregante necessitava passar por um ritual de purificação antes de entrar. Então, no século IV, foram construídos tanques no pátio para que os cristãos pudessem lavar-se antes de entrar no edifício.107[107]
Os edifícios de Constantino eram espaçosos, magníficos e tidos como "dignos de um Imperador". Eram tão esplêndidos que seus contemporâneos pagãos notaram que "estes gigantescos edifícios imitavam" a estrutura dos templos pagãos!108[108] E isto não era por acaso. Constantino decorava abundantemente os novos edifícios com arte pagã!109[109]
Os edifícios das igrejas construídas por Constantino eram desenhados exatamente conforme o modelo da basílica.110[110] A basílica era o edifício governamental mais comum.111[111] Era desenhada segundo o estilo dos templos pagãos.112[112]
As basílicas cumpriam mesma função dos auditórios das universidades de hoje. Com assentos extremamente confortáveis para acomodar as pessoas dóceis e passivas que presenciavam os eventos. Esta foi uma das razões pelas quais Constantino escolheu ao modelo da basílica.113[113]
Ele também a favoreceu por sua fascinação com a adoração ao sol. As basílicas foram desenhadas de tal maneira que os raios solares caíam sobre o orador enquanto este falava à congregação.114[114] Igual aos templos gregos e romanos, as basílicas cristãs foram construídas com a fachada voltada para o leste.115[115]
Exploremos a basílica cristã por dentro. Era uma réplica exata da basílica romana usada pelos magistrados e oficiais romanos. As basílicas cristãs possuíam uma plataforma elevada de onde os clérigos ministravam. A plataforma tinha uma elevação com vários degraus.116[116] Também havia uma grade que separava o clero dos leigos.117[117]
No centro do edifício ficava o altar. Era uma mesa (mesa do altar) ou arca coberta por uma tampa.118[118] O altar era considerado o lugar mais santo do edifício por duas razões. Primeiramente, este continha relíquias dos mártires.119[119] (Após o século V, a presença de uma relíquia no altar era essencial para a legitimação da igreja).120[120] Em segundo lugar, a Eucaristia (o pão e o cálice) estavam sobre o altar.
A Eucaristia, agora vista como um sacrifício sagrado, era oferecida sobre o altar.121[121] Por serem considerados como "homens santos", apenas e tão somente ao clero era permitido receber a Eucaristia dentro do cercado !122[122]
Em frente ao altar havia a cadeira do Bispo chamada de cátedra.123[123] A expressão ex-cátedra deriva desta cadeira. Ex-cátedra significa "desde o trono".124[124] A cadeira do Bispo, ou "trono" segundo seu nome original, era a maior e mais elegante dentro do edifício. Esta cadeira ficava no lugar da cadeira do juiz da basílica romana.125[125] Era rodeada por duas fileiras de cadeiras reservadas para os anciãos.126[126]
O sermão era pregado desde a cadeira do Bispo.127[127] O poder e a autoridade repousavam nessa cadeira. A cadeira era coberta com um pano feito de linho branco. Os anciãos e diáconos se sentavam em ambos os lados, formando um semicírculo.128[128] A distinção hierárquica encravada na arquitetura da basílica era inconfundível.
É interessante que a maioria dos edifícios das igrejas modernas possuem cadeiras especiais para o pastor e seus auxiliares situadas sobre a plataforma atrás do púlpito. Assim como no caso do trono do Bispo, a cadeira do pastor geralmente é a maior! Tudo isso são vestígios da basílica pagã.
Somando-se a tudo isso, Constantino não destruiu templos pagãos em uma larga escala, nem tampouco os fechou.129[129] Em alguns lugares os templos pagãos existentes foram esvaziados de seus ídolos e convertidos em edifícios cristãos.130[130] Os cristãos usaram materiais das ruínas de templos pagãos e construíram novos edifícios cristãos nesses locais.131[131]

As Maiores Influências no Culto
O edifício da igreja produziu mudanças significativas na adoração cristã. Pelo fato do Imperador ser a "personalidade" número um na igreja, um simples cerimonial não era suficiente. Para poder honrá-lo, a pompa e os rituais da corte imperial foram adotados pela liturgia cristã.132[132]
Era costume dos imperadores romanos serem precedidos por luzeiros quando apareciam em público. Estes luzeiros eram acompanhados de uma tina incandescente cheia de especiarias aromáticas.133[133] Seguindo as normas deste costume, Constantino introduziu as velas e a queima de incenso como parte dos cultos da igreja. Toda essa parafernália acompanhava o clero quando ele entrava em cena!134[134]
Sob o reino de Constantino, os clérigos, que usavam roupas normais no princípio, passaram a vestir-se com roupa especial. Que tipo de roupa especial era esta? Eram peças do vestuário dos oficiais romanos. Ademais, se introduziram vários gestos de respeito aos membros do clero que eram semelhantes aos dedicados aos oficiais romanos.135[135]
Também foi adotado o costume romano de iniciar o culto com músicos profissionais. Para este propósito, corais foram treinados e trazidos para a igreja cristã.136[136] O culto tornou-se mais profissional, dramático e cerimonial.
Todas estas características foram copiadas da cultura greco-romana e diretamente inseridas nas atividades da igreja cristã.137[137] A cristandade do século XIV foi profundamente moldada pelo paganismo grego e pelo imperialismo romano.138[138] O resultado imediato de tudo isso foi uma perda da intimidade e da participação aberta. Enquanto os clérigos profissionais dirigiam os atos do culto, os leigos os observavam como espectadores.139[139]
Como prontamente admite um erudito católico, com a vinda de Constantino "vários costumes da velha cultura romana fluíram para a liturgia cristã... Até mesmo o cerimonial envolvendo o antigo culto ao Imperador enquanto deidade encontrou lugar no culto da igreja, apenas em seu formato secular".140[140]
Constantino proveu a paz para todos os cristãos.141[141] Sob seu reino, a fé cristã foi legitimada. Na realidade esta superou em tamanho tanto o Judaísmo como o paganismo.142[142]
Por estas razões, os cristãos viram a ascensão de Constantino ao trono do Império como um ato de Deus. Como um instrumento de Deus para resgatá-los. Agora a cultura cristã e a cultura romana eram moldadas conjuntamente.143[143]
O edifício cristão revela que a igreja, de uma ou de outra forma, fechou uma íntima aliança com a cultura pagã.144[144] Conforme disse Will Durantt, "As ilhas pagãs permaneceram na propagação do mar Cristão ".145[145] Isto representou um trágico distanciamento da simplicidade primitiva que a igreja de Jesus Cristo conheceu.
Os cristãos do século I eram avessos ao mundo e evitavam qualquer contato com o paganismo. Tudo isso mudou durante o século IV quando a igreja emergiu como uma instituição pública no mundo e começou a "absorver e cristianizar idéias e práticas religiosas pagas "U6ÍU6] Como disse certo historiador, "o edifício da igreja substituiu o templo; o patrimônio da igreja substituiu as terras e os tesouros dos templos". 147[147] Sob Constantino, todas as propriedades da igreja eram isentas de impostos.148[148]
Conseqüentemente, a história do edifício da igreja é a triste saga do cristianismo adotando práticas da cultura pagã. Foi uma adoção que transformou radicalmente a cara de nossa fé.149[149] Os edifícios das igrejas das Eras Constantino e pós Constantino tornaram-se santuários sagrados.150[150] Os cristãos abraçaram o conceito de templo. Eles se impregnaram com a idéia pagã de que existe um lugar especial onde Deus mora de uma maneira especial. E que esse lugar é feito "por mãos [humanas]".151[151]
Como os demais costumes pagãos absorvidos pela fé cristã (liturgia, sermão, veste clerical, estrutura hierárquica de liderança, etc.), os cristãos do terceiro e quarto século atribuíram incorretamente a origem do edifício da igreja ao Antigo Testamento.152[152] O edifício da igreja não foi inspirado no Antigo Testamento.
O edifício da igreja foi adotado diretamente da cultura pagã conforme já vimos. "Rituais solenes e sacramentais se infiltraram nos cultos da igreja pela via do misticismo [do culto pagão], e foram justificados da mesma forma que muitas outras coisas, com alguma referência do Antigo Testamento ".153[153]
Usar o Antigo Testamento como justificativa para o edifício da igreja é não apenas incorreto como também contraproducente. A velha parafernália mosaica de sacerdotes sagrados, edifícios sagrados, rituais sagrados e objetos sagrados foi destruída para sempre na cruz de Cristo. Além disso, no lugar de tudo isso foi colocado um organismo sem hierarquia, sem rituais, sem liturgia, chamado ekklesia (igreja).154[154]
A Evolução da Arquitetura da Igreja
Depois da era Constantino os edifícios das igrejas passaram por várias etapas diferentes. (É demasiado complicado detalhá-las aqui). Para citar um pesquisador: "As mudanças da arquitetura eclesiástica são mais resultado de uma mutação do que de uma contínua linha de evolução ". 155[155] Estas mutações não contribuíram muito para alterar as características arquitetônicas dominantes que criaram o clero monopolizador e a congregação inerte.156[156]
Examinando rapidamente a arquitetura eclesiástica vemos que após Constantino, a arquitetura cristã passou da fase basilical para a fase bizantina.157[157] As igrejas bizantinas tinham grandes cúpulas centrais além de ícones e mosaicos decorativos.158[158]
Depois da arquitetura bizantina veio a Românica.159[159] Os edifícios românicos se caracterizavam por uma elevação de três plantas, com gigantescas colunas sustentando arcos redondos e um interior colorido.160[160] Este estilo surgiu pouco depois de Carlos Magno ser proclamado Imperador do Santo Império Romano em 25 de dezembro de 800 d.C.
Após o período românico veio a era gótica no século XII. A arquitetura gótica foi marcada por catedrais com abóbadas, arcos e pilastras pendentes.161[161] O termo "catedral" se deriva de cátedra. Catedral é o edifício que contem a cátedra, a cadeira do Bispo. Catedral é a igreja que contém o "trono" do Bispo!162[162]
Os vitrais foram introduzidos nas igrejas no século VI por Gregório de Tours (538-593 d.C.)163[163] Os vitrais foram colocados nas estreitas janelas das igrejas românicas. Suger (1081-1151 d.C.), abade de São Denis, ampliou o uso dos vitrais coloridos. Ele adornou os vitrais com pinturas sagradas.164[164] Ele foi o primeiro a usar vitrais coloridos nas janelas dos edifícios da igreja. Ele os colocou em suas catedrais góticas.165[165]
Grandes painéis de vitrais coloridos preencheram as paredes das igrejas góticas emitindo uma forte luz de diferentes cores.166[166] Também havia cores escuras e bonitas, criando um efeito de uma nova Jerusalém. Os vitrais dos séculos XII e XIII raramente foram superados em beleza e qualidade. Com suas cores deslumbrantes, os vitrais criaram um sentido expressivo de majestade e esplendor. Provocaram sentimentos associados à adoração de um Deus poderoso e intimidatório.167[167]
Como no caso das basílicas de Constantino, a raiz da catedral gótica foi completamente pagã. Os arquitetos góticos dependeram muito dos ensinos do filósofo grego Platão. Este filósofo ensinou que o som, a cor e a luz possuíam significados elevados e místicos. Que podem induzir humores e transportar as pessoas ao "Bem Eterno".168[168] Os artistas góticos se inspiraram nos ensinamentos de Platão e os estabeleceram para serem respeitados. Criaram sistemas de luz assombrosos e inspiradores para dar um irresistível sentido de esplendor e de adoração.169[169]
A cor é um dos mais poderosos fatores emotivos disponíveis. Vitrais góticos foram utilizados com destreza para criar um sentido místico e transcendente. Inspirada na grandiosidade das estátuas e torres do antigo Egito, a arquitetura gótica buscou uma nova captura do sentido do sublime pelo tamanho exagerado.170[170]
Sobre a estrutura gótica foi dito que "o edifício inteiro parece preso à terra em pleno vôo... Eleva-se como uma exalação do solo... Nenhuma arquitetura espiritualiza, purifica e lança tanta proteção celeste ao material usado ". 171[171] Era o definitivo símbolo do céu unido à terra.
Assim, pelo uso astuto da luz, da cor e da altura exagerada, a catedral gótica fomenta um sentimento místico, transcendente e assombroso.173[173] Todas estas características foram retiradas de Platão e passadas como cristãs.174[174]
Os edifícios eclesiásticos basilicais, românicos e góticos foram tentativas humanas de retratar o celestial e o espiritual.175[175] De uma maneira bem real o edifício da igreja ao longo da história reflete o incontrolável desejo humano de retratar o divino com mãos e olhos humanos. Isso demonstra que a comunidade cristã do século IV perdera o contato com aquelas realidades celestiais que não podem ser percebidas pelos sentidos, mas apenas experimentadas pelo espírito humano.176[176]
Pior que isso, a principal mensagem da arquitetura gótica é: "Deus é transcendente e inalcançavel — resta-nos temer Sua majestade". Mas tal majestade contradiz a mensagem do evangelho que diz que Deus é bem acessível. Tão acessível que fixou residência dentro de nós!

O Edifício da Igreja Protestante
No século XVI, os reformadores herdaram a sisuda tradição dos edifícios. Em um curto período de tempo milhares de catedrais medievais passaram para seu controle.177[177]
Os reformadores eram em sua maioria sacerdotes. Conseqüentemente, eles estavam inadvertidamente condicionados aos padrões do pensamento Católico Medieval.178[178] Assim, embora os reformadores remodelassem alguns aspectos dos edifícios que passaram para seu controle, eles executaram bem poucas mudanças funcionais no que diz respeito à sua arquitetura.179[179]
Mesmo que os reformadores quisessem fazer mudanças radicais quanto à prática da igreja, a maior parte das massas não estava preparada para aceitar tais mudanças.180[180] Martinho Lutero não tinha dúvidas de que a igreja não era nem um edifício nem uma instituição.181[181] De qualquer forma era impossível para ele superar mais de um milênio de confusão sobre este tema.182[182]
A principal mudança arquitetônica dos reformadores refletiu sua teologia. Eles colocaram o púlpito no centro dominante do edifício em vez da mesa do altar.183[183] O verdadeiro núcleo da Reforma foi a idéia de que as pessoas não poderiam conhecer a Deus nem crescer espiritualmente a menos que elas ouvissem a pregação. Portanto, quanto os reformadores herdaram os edifícios eclesiásticos existentes, eles os adaptaram para tal finalidade.184[184]

O Campanário
Desde que os habitantes de Babel construíram uma torre para "alcançar os céus", as civilizações têm seguido o exemplo construindo estruturas com as partes superiores pontiagudas.185[185] Os babilônios e egípcios construíram obeliscos e pirâmides que refletiam sua crença de que eles estavam dando um passo para a imortalidade.186[186] Quando a filosofia e a cultura grega prevaleceram, a arquitetura abandonou a verticalidade e assumiu a horizontalidade, sugerindo a crença grega na democracia, na igualdade entre os homens, e nos deuses terrestres e prosaicos.187[187]
Todavia, com o desenvolvimento da Igreja Católica Romana, a prática de produzir campanários para coroar os edifícios ressurgiu. Por volta do final do período bizantino, os papas católicos tiraram inspiração dos obeliscos do Antigo Egito.188[188] Quando a arquitetura religiosa entrou no período românico, os campanários começaram a aparecer nos topos e cantos de cada catedral construída no Império Romano. Esta tendência alcançou seu apogeu durante a era da arquitetura gótica com a construção da catedral de São Denis pelo abade Suger.
Oposta à arquitetura grega, a linha característica da arquitetura gótica era vertical, que sugeria um esforço para alcançar as alturas. Por este tempo, por toda Itália, começaram a surgir torres na fachada dos edifícios das igrejas. As torres continham sinos para chamar o povo para o culto.189[189] Estas torres representavam o contato entre o céu e a terra.190[190]
Com o passar dos anos os arquitetos góticos (apaixonados pela verticalidade) buscaram agregar uma haste bem alta em cima de cada torre.191[191] As hastes (também chamadas de campanários)192[192] simbolizavam a aspiração do homem de unir-se a seu criador.193[193] Durante os séculos que se seguiram, as torres cresceram tornando-se mais altas e mais delgadas. Eventualmente, estas chegaram a ser o ponto de enfoque visual para a arquitetura. Elas também reduziram em número. De torres gêmeas "tipo ocidental" passaram a ter uma única haste característica das igrejas da Inglaterra e Normandia.
Em 1666 algo sucedeu que modificou o curso da arquitetura das torres. Um incêndio se espalhou pela cidade de Londres arruinando a estrutura da maior parte de suas 97 igrejas.194[194] O Sr. Cristofer Wren (1632-1723) foi nomeado para redesenhar todas as igrejas de Londres. Utilizando suas próprias inovações estilísticas modificou as hastes góticas francesas e alemãs, Wren criou a haste moderna.195[195]
Em suma, o moderno campanário é uma invenção Medieval que tem suas raízes nas hastes e nas torres góticas.196[196] Foi melhorada e popularizada pelo programa de construção do Sr. Cristofer Wren em Londres depois do grande incêndio no ano de 1666. Dai em diante, a haste chegou a ser a característica dominante da arquitetura anglo-saxônica.
Quando os puritanos apareceram, eles construíram seus edifícios (igrejas) de uma maneira bem mais simples que seus predecessores católicos e anglicanos. Mas eles mantiveram a haste a passaram-na para o novo mundo das Américas.197[197] Assim, a maioria das igrejas estadunidenses possui um campanário — uma estrutura que tem suas raízes na antiga filosofia e arquitetura babilônica e egípcia!
A mensagem da haste é algo que contradiz a mensagem do NT. Os cristãos não necessitam subir até os céus para encontrar Deus. Ele está aqui mesmo! Com a chegada de Emanuel, Deus está conosco.198[198] E com sua ressurreição, temos um Senhor que mora dentro de nós. O campanário resiste a esta realidade.

O Púlpito
Os primeiros sermões foram proferidos da cadeira do Bispo, ou cátedra, situada atrás do altar.199[199] Posteriormente o ambo,200[200] uma mesa alta ao lado do santuário, diante da qual as lições bíblicas eram ministradas, tornou-se o lugar onde os sermões passaram a ser proferidos.201[201] O ambo foi tomado da sinagoga judaica.202[202] Porém, suas velhas raízes remontam às mesas e plataformas de leitura da antiguidade greco-romana. João Crisóstomo (347-407) destacou-se por tornar o ambo o lugar da pregação.203[203]
Já em 250 d.C. o ambo foi substituído pelo púlpito. Cipriano (200-258) menciona colocar o líder da igreja em função pública no pulpitum.204[204] Nossa palavra "púlpito" deriva da palavra latina pulpitum que significa "palco"!205[205] O pulpitum, ou púlpito, situava-se em cima de uma plataforma no local mais elevado da congregação.206[206]
Com o tempo, a frase "subir à plataforma" (ad pulpitum venire) tornou-se parte do vocabulário religioso do clero.207[207] Em 252 d.C., Cipriano menciona a plataforma elevada que separa o clero dos leigos como "aplataforma sagrada e venerada do clero! "208[208]
Pelo fim da Idade Média, o púlpito tornou-se bem comum nas igrejas paroquiais.209[209] Com a reforma, este chegou a ser a mobília central do edifício da igreja 210[210] O púlpito simbolizava a substituição da centralidade da ação ritualista (a missa) com uma instrução verbal dos clérigos (o sermão).211[211]
Nas igrejas luteranas, o púlpito foi movido para frente do altar.212[212] O púlpito dominou nas igrejas reformadas e o altar finalmente desapareceu sendo substituído pela "mesa da comunhão".213[213] Hoje é impensável um culto protestante sem a presença da "mesa sagrada"!
O púlpito ocupa uma posição central na Igreja Protestante. Tanto que um famoso pastor em conferência patrocinada pela Associação Evangelística de Billy Graham disse: "Se a igreja vive é porque o púlpito vive — se a igreja está morta é porque o púlpito morreu".214[214]
O púlpito é daninho porque eleva o clero a uma posição de proeminência. Como seu próprio nome diz, este coloca o pregador no centro do "palco" — separando-o e colocando-o no alto acima do povo de Deus.

O Banco e o Balcão
Agora entra o banco, o grande inibidor da comunhão face-a-face. O banco — o grande símbolo de letargia e passividade na moderna igreja.215[215] O banco — que fez do culto coletivo um espetáculo esportivo.
A palavra "banco" deriva da palavra latina podium. Que significa uma elevação acima do piso, ou "balcão".216[216] Os bancos foram coisas estranhas ao mobiliário das igrejas durante os primeiros mil anos da história cristã. Nas primeiras basílicas, a congregação permanecia em pé durante todo o culto.217[217] (Essa prática ainda prevalece hoje em muitas congregações da Igreja Oriental).218[218]
Já pelo século XIII, bancos sem encosto foram gradualmente introduzidos nos edifícios das igrejas inglesas.219[219] Estes bancos eram feitos de pedra e colocados encostados nas paredes. Depois foram deslocados para a área central da igreja (a área chamada nave).220[220] Inicialmente os bancos eram ordenados em semicírculo rodeando o púlpito. Mais tarde eles foram fixados ao piso.221[221]
O banco moderno foi introduzido no século XIV.222[222] Mas não chegou a ser comum até o século XV.223[223] Quando os bancos de madeira tomaram o lugar dos bancos de pedra.224[224] Já pelo século XVIII, os bancos de estilo "balcão" se popularizaram.225[225]
Os bancos do tipo "balcão" têm uma história engraçada. Eles eram equipados com assentos almofadados, tapetes e outros acessórios. Eram vendidos às famílias e considerados propriedade privada.226[226] Seus donos tentavam torná-lo o mais cômodo possível.
Alguns o decoravam com cortinas, almofadas, poltronas acolchoadas, lareiras, e compartimentos especiais para cães pequenos! Não era incomum o dono trancar seu balcão com chaves e cadeados !227[227] Depois de muita crítica por parte do clero, estes belos balcões foram trocados por assentos comuns.228[228]
Pelo fato do balcão ter laterais muito altas, o púlpito muitas vezes tinha que ser elevado ainda mais para que pudesse ser visto pelas pessoas. O púlpito copo de vinho surgiu durante a era colonial.229[229] Esse estilo de púlpito colocava o pastor numa posição "bem elevada" como na visão do templo pelo profeta Isaías. Os balcões familiares do século XIII foram substituídos por bancos normais de forma que todas as pessoas vissem a plataforma reformada de onde o clérigo ministrava o culto.230[230]
Mas o que é o banco? O significado da palavra diz tudo. É um "balcão" baixo — um assento móvel do qual observam-se performances no palco (púlpito). Este imobiliza a congregação dos santos reduzindo-os à condição de espectadores mudos. Ele entorpece a comunhão face-a-face e a interação mútua.
As galerias (ou conjunto de balcões na igreja) foram inventadas pelos alemães no século XVI.231[231] Foram popularizadas pelos Puritanos no século XVIII.232[232] Desde então, os balcões chegaram a ser "marca registrada" do edifício dos protestantes.233[233] Tinha o propósito de deixar a congregação mais próxima do púlpito.234[234] Novamente, escutar o pregador sempre foi a principal consideração no desenho da Igreja Protestante.235[235]

A Arquitetura da Igreja Moderna
Durante os últimos duzentos anos, os modelos arquitetônicos dominantes empregados pelas igrejas protestantes podem ser classificados de duas formas: O estilo santuário (usado nas igrejas litúrgicas) e o estilo palco (usado nas igrejas evangélicas).236[236] O santuário é a área onde o clérigo (e aventualmente o coro) conduz o culto.237[237] Nas igrejas tipo palco, há uma grade ou tela que separa o clero do leigo.
O edifício da igreja estilo santuário foi profundamente influenciado pelo revivalismo do século XIX.238[238] É essencialmente um auditório estruturado para enfatizar a performance dramática do pregador e do coro.239[239] Sua estrutura sugere implicitamente que o coro (ou equipe do culto) atue de forma a animar ou entreter a congregação.240[240] Ele também destaca intensamente a figura do pregador, esteja ele sentado ou em pé.
No edifício estilo santuário há uma pequena mesa de comunhão usualmente localizada num plano inferior ao púlpito. A mesa de comunhão é tipicamente decorada com castiçais de metal, uma cruz e flores.241[241] Duas velas na mesa da comunhão caracterizam a ortodoxia na maioria das igrejas protestantes de hoje.242[242] Assim como muitos aspectos do culto da igreja, a presença de velas foi adotada da corte cerimonial do Império Romano.243[243]
A despeito destas variações, toda arquitetura protestante produz o mesmo efeito estéril presente nas basílicas constantinianas, que continua preservando o abismo não bíblico entre o clero e o leigo, e encorajando a congregação a assumir um papel de espectador.244[244] O arranjo e o clima do edifício condiciona a congregação a uma postura de passividade.245[245] A plataforma do púlpito funciona como um palco e a congregação como um auditório.246[246] Em suma, a arquitetura cristã está congelada desde seu nascimento no século IV.

A Exegese do Edifício
Neste momento você pode estar pensando, “Mas quem liga para essas coisas? Dos cristãos do século I não terem edifícios de igrejas? Desses edifícios serem construídos com base em crenças e práticas pagãs? Dos católicos medievais basearem sua arquitetura na filosofia pagã? Que é que tudo isso tem a ver conosco hoje? "
Em Rethinking the Wineskin, eu explico que o local físico onde ocorre o encontro social da igreja expressa e influencia o caráter da igreja.247[247] Se você acha que o local onde a igreja se reúne é uma simples questão de conveniência, você está tragicamente errado. Você está negligenciando uma realidade básica da humanidade. Cada edifício onde nos reunimos exige uma resposta de nossa parte. Por seu interior e exterior ele nos mostra explicitamente o que a igreja é e como funciona. Nas palavras de Henri Lefebvre, "O espaço nunca está vazio; sempre encarna um significado ". 248[248] Este princípio está encarnado no moto arquitetônico "o formato determina a função". O formato do edifício reflete sua função particular.249[249]
A sociabilidade do local de reunião da igreja é um bom indício da compreensão da igreja acerca do propósito de Deus para com Seu Corpo. O local de uma igreja nos ensina como nos encontrarmos. Nos ensina o que é importante e o que não é. E nos ensina o que é aceitável dizer a um ao outro e o que não é.
Nós aprendemos estas lições do cenário ao qual nos juntamos — seja ele edifício de igreja ou lar privado. Estas lições não são de forma alguma "neutras". Dirija-se até qualquer edifício de igreja e faça uma exegese de sua arquitetura. Pergunte a si mesmo o que é alto e o que é baixo. Pergunte a si mesmo o que está na fachada e o que está nos fundos. Pergunte a si mesmo de que forma e até que ponto é possível "ajustar" quando chegar o momento. Pergunte a si mesmo quão fácil ou difícil seria para um membro da igreja falar de onde está sentado de forma que todos possam vê-lo e ouvi-lo.
Se você olha para o aspecto do edifício da igreja e formula para si mesmo tais questões (e outras como estas), você compreenderá a razão da moderna igreja ter as características que tem. Se você formular este mesmo conjunto de questões com respeito a uma sala de estar, você terá um conjunto de respostas bem diferente. Você entenderá por que o fato de uma igreja se reunir em casas (o caso dos primeiros cristãos) foi fator determinante para seu caráter.
O local de reunião da igreja joga um papel crucial na vida da igreja. Não pode ser assumido como uma simples "incidental verdade histórica".250[250] O local de reunião pode ensinar péssimas lições a pessoas boas e sinceras e pode também sufocar suas vidas. Chamar a atenção para a importância do local de reunião da igreja (casa ou edifício de igreja) ajuda-nos a compreender o tremendo poder de nosso ambiente social.
Ou melhor, o edifício da igreja é baseado na idéia estúpida de que o culto é algo qualitativamente diferente das coisas que fazemos em nossa vida cotidiana. As pessoas variam, naturalmente, no grau de ênfase que dão a essa disjunção. Alguns grupos têm alterado sua postura por causa desta ênfase que insiste que o culto pode apenas ocorrer em determinados tipos de espaço desenhados para que você tenha sentimentos diferentes daqueles que você tem na vida cotidiana.
A separação entre o culto e a vida cotidiana caracteriza a cristandade ocidental. O culto é visto como algo separado da estrutura da vida, como um produto a ser consumido. Séculos de arquitetura gótica têm nos ensinado mal sobre o que o culto realmente é. Poucas pessoas podem caminhar em uma poderosa catedral sem experimentar o poder do espaço.
A luz é indireta e suave. O teto é obscenamente alto. As cores são berrantes e ricas. O som propaga-se de uma forma específica. Todas estas coisas funcionam conjuntamente para dar-nos a sensação de temor e maravilha. Foram desenhadas para manipular o sentido e criar uma "atmosfera de veneração".251[251]
Algumas tradições agregam fragrâncias a toda essa mistura. Mas os efeitos são sempre os mesmos: Nossos sentidos interagem com o espaço para produzir um estado particular de alma. Um estado de assombro, místico e transcendente que visa um escape da vida normal.252[252]
Nós, protestantes, jogamos fora alguns destes elementos e os substituímos com um tipo específico de música para alcançar o mesmo fim. Conseqüentemente, nos círculos protestantes, "bons" líderes de louvor são aqueles que conseguem usar a música para produzir aquele mesmo efeito que outras tradições lograram com o vasto espaço, o estado de espírito de venerabilidade.253[253] Mas tudo isto é alheio à vida do dia-a-dia. Sem mencionar que isso não é real. Jonathan Edwards corretamente indica que as emoções são passageiras e não podem ser usadas para mensurar o relacionamento de alguém com Deus.254[254]
Esta disjunção entre secular e espiritual é realçada quando o edifício de igreja típico faz com que você seja "processado" ao subir suas escadarias ou mover-se em seu interior. A razão disso é que você desloca-se da vida cotidiana para outra vida. Tal transição é requerida. Tudo isso fracassa no teste da segunda-feira. Não importa quão bom foi domingo, a segunda-feira pela manhã vem colocar nosso culto a prova.255[255]
Veja o coral vestindo a toga antes do começo do culto. Eles sorriem, fazem gracejos e brincam. Mas uma vez começado o culto, eles tornam-se pessoas diferentes. Não sorriem nem brincam. Esta separação falsa entre o secular e o sagrado... Esta "mística dos vitrais" de domingo pela manhã foge de enfrentar a verdade e a realidade.
Além disso, o edifício da igreja não é um lugar amistoso. É frio, incômodo e impessoal. Não foi projetado para intimidade nem companheirismo. Na maioria dos edifícios das igrejas o assento consiste em bancos de madeira parafusados no piso. Os bancos (ou cadeiras) são organizados em filas, todos voltados para o púlpito. O púlpito localiza-se sobre uma plataforma elevada onde o clero senta (vestígios da basílica romana).
Novamente, a arquitetura da Igreja Protestante dirige todas as atenções para a pessoa que profere o sermão. O edifício se presta para que o púlpito domine a atividade. Assim, este restringe o funcionamento da congregação.256[256]
Este arranjo torna quase impossível aos adoradores verem suas faces mutuamente. Em vez disso, cria uma forma de adoração passiva que converte o cristão ativo em um "saco de batatas".
Em outras palavras, tal arquitetura sugere que a única forma de comunhão entre Deus e Seu povo é via pastor! E apesar destes fatos, nós cristãos ainda acreditamos que o edifício é sagrado.
Certamente alguns dos leitores podem severamente contestar a idéia de que o edifício da igreja seja sagrado. Mas na maioria das vezes são traídos pelas próprias atitudes. Prestem atenção quando falam do edifício da Igreja. Vocês ainda o chamam de "igreja" e, às vezes, o chamam de "casa do Senhor". O consenso geral entre os cristãos de todas as denominações é que "igreja é essencialmente um lugar separado para o culto ". 257[257] Isto tem sido considerado verdadeiro pelos últimos 17 séculos. Constantino ainda vive e respira nas mentes da maioria dos cristãos de nossos dias.

O Obsceno Alto Custo da Manutenção
A maioria dos cristãos vê equivocadamente o edifício da igreja como um elemento necessário ao culto. Assim, a questão financeira da construção e da manutenção torna-se inevitável.
O edifício eclesiástico demanda um grande desperdício de dinheiro. Apenas nos Estados Unidos os bens imóveis possuídos pelas igrejas institucionais hoje supera 230 bilhões dólares.258[258] Despesas com construção, serviços e manutenção consomem cerca de 18% dos 11 bilhões dólares
que são dizimados anualmente para as igrejas.259[259] A questão central é: Os cristãos modernos estão desperdiçando uma enorme quantidade de dinheiro com edifícios desnecessários!
Não há nenhuma boa razão para a existência do edifício eclesiástico. Na realidade, todas as razões tradicionais acerca da "necessidade" desse edifício caem por terra diante de uma cuidadosa análise.260[260] Tendemos a esquecer facilmente que os primeiros cristãos viraram o mundo de cabeça para baixo sem tais edifícios.261[261] A cristandade cresceu rapidamente por cerca de 300 anos sem a ajuda (obstáculo) desses edifícios.
No mundo dos negócios, os custos de manutenção são mortais. Custo de manutenção é aquele que se soma aos custos relacionados ao trabalho "real" que um negócio faz pelos seus clientes. Custo de manutenção é aquele relacionado ao edifício, material de escritório e pessoal da contabilidade. O custo de manutenção é mortal porque aumenta o custo do produto sem agregar-lhe nenhum valor "real" além daquele que o trabalhador entrega aos clientes.
Os que optam por reunir-se em casas em vez de edifícios eclesiásticos eliminam esses altos gastos gerais: O salário do pastor e o gasto do edifício. A diferença entre esse alto gasto e o de uma congregação caseira é brutal. Em vez de pessoal pago mais o "alto gasto" do edifício tragando como um sifão de 50 a 85 % do dinheiro arrecadado da comunidade, a congregação caseira poderia dedicar esse montante para outros serviços mais proveitosos como ministérios, missões locais e distantes.262[262]
O edifício da igreja (como salário dos pastores) representa despesas contínuas muito grandes em vez de desembolsos eventuais. Tal coisa saca grande percentual do dinheiro arrecadado pela igreja, não apenas hoje, mas também no próximo mês, no próximo ano, etc. Se essas contas fossem retiradas do mundo financeiro da igreja, os gastos gerais seriam reduzidos a poucos dólares a cada ano. O restante financeiro da igreja poderia ser utilizado para a missão da congregação (outro tema).

Podemos Superar esta Tradição?
O edifício é um obstáculo, não uma ajuda. É algo que rasga o coração da fé cristã — uma fé que nasceu das salas das casas. Cada domingo pela manhã você se senta em um salão com origens pagãs e construído sobre uma filosofia pagã.
Não existe a menor prova de base bíblica para o edifício da igreja. No entanto, você, precioso cristão, continua a pagar um bom dinheiro para santificar seu piso e seus tijolos. Fazendo isso, você apóia um palco artificial e um auditório onde você fica passivo e impedido de ser natural ou íntimo.263[263] (Mesmo que você usufrua um doce companheirismo no estacionamento lotado, este é silenciado quando você chega diante da porta e entra dentro do salão).
Não temos idéia do que perdemos enquanto cristãos quando criamos o edifício da igreja. Chegamos a ser vítimas de nosso passado. A tradição nos faz cair.
Fomos engendrados por Constantino que nos deu o privilégio de sermos donos de um edifício. Fomos cegados pelos romanos e gregos que nos impuseram suas basílicas hierarquicamente estruturadas. Fomos enganados pelos godos que nos impuseram sua arquitetura platônica. Fomos seqüestrados pelos egípcios e babilônicos que nos deram o campanário. E fomos fraudados pelos atenienses que nos impuseram suas colunas dóricas.264[264]
De alguma maneira fomos ensinados a nos sentir mais santos quando estamos na "Casa de Deus". Herdamos uma dependência patológica de um edifício para adorar a Deus. Mas, na realidade, não há nada mais paralisante, artificial, impessoal, ou forçado que um edifício da igreja clínica. Em tal edifício, você não é nada mais que uma estatística — um nome em uma ficha para ser arquivada no escritório do pastor. Não há nada amistoso ou pessoal nisso.
Enfim, o edifício da igreja nos ensinou de uma maneira errada o significado da igreja e sua finalidade. O edifício é uma negação arquitetural do sacerdócio de todos os crentes. É uma contradição da verdadeira natureza da ekklesia — a qual é uma comunidade contracultural. O edifício impede nosso entendimento e experiência de que a Igreja é o Corpo funcional de Cristo que vive e respira sob sua direta direção sem intermediários.
O aparecimento do edifício da igreja é nada mais que um ressurgimento do Judaísmo e do paganismo sob novas vestes. As distinções hierárquicas implícitas presentes em sua arquitetura seriam rechaçadas pela maioria dos protestantes se fossem devidamente denunciadas. Contudo as temos aceitado por muitos séculos de maneira inconsciente. Por que? Pelo deslumbrante poder da tradição.
Já é hora de nós, cristãos, despertarmos para o fato de que não estamos atuando bíblica e espiritualmente quando aceitamos e apoiamos os edifícios das igrejas. João Newton disse corretamente, "Não deixe aquele que adora sob uma haste condenar aquele que adora sob uma chaminé". Gostaria de acrescentar uma pergunta a essa citação: Onde está a autoridade bíblica ou histórica do cristão que se reúne sob um campanário?


Que cristãos na era Apostólica erigiram casas especiais de culto, isso está fora de cogitação... O Salvador do mundo nasceu em um estábulo e subiu aos céus desde um monte. Seus Apóstolos e sucessores até o século III pregaram nas ruas, mercados, montes, barcos, sepulcros, cavernas, desertos e nas casas dos seus convertidos. Contudo, milhares de igrejas e capelas caras foram e continuam sendo construídas em todo mundo para honrar o Redentor crucificado que nos dias de sua humilhação não possuiu nenhum lugar onde repousar a cabeça! - Philip Schaff
Notas
Como foi dito anteriormente, a mistura entre o Judaísmo e a mística religiosa pagã em muito influenciou o formato da Igreja após a idade Apostólica.
Ilion T. Jones, A Historical Approach to Evangelical Worship (New York: Abingdon Press, 1954), pp. 94, 97.
2[2] John 1:14 (a palavra grega para "habitou" significa literalmente "tabernaclou"); 2:19-21. 3[3] Marcos 14:58; Atos 7:48; 1 Cor. 3:16; 2 Cor. 5:1, 6:16; Efésios 2:21-22; Heb. 3:6-9, 9:11, 24; 1 Tim. 3:15. 4[4]Heb. 4:14; 5:5,6,10; 8:1. 5[5] 1 Pedro 2:9; Apocalipse 1:6.
Heb. 7:27; 9:14,25-28; 10:12; 1 Pedro 3:18. A Epístola aos Hebreus continuamente enfatiza que Jesus ofertou-se "de uma vez para sempre" enfatizando o fato de que Ele não necessita ser sacrificado novamente. O sacrifício de Cristo no Calvário foi completamente suficiente.
7[7] A mensagem de Estevão em Atos 7 indica que "o templo era meramente uma casa feita por mãos humanas, originado com Salomão; não tinha nenhuma conexão com a tenda de encontro que a Moisés fora ordenado montar em um padrão divinamente revelado e usada até o tempo de Davi".
(Harold W. Turner, From Temple to Meeting House: The Phenomenology andTheology ofPlaces ofWorship, The Hague: Mouton Publishers, 1979, pp. 116-117). Veja também o contraste utilizado pelo Senhor em Marcos 14:58 de que o templo de Salomão (e Herodes) foi feito "por mãos [humanas]", enquanto que o templo que Ele construiria seria feito "sem mãos [humanas]". Estevão usa o mesmo palavreado em Atos 7:48... Deus não habita em templos "feito por mãos [humanas]". Em outras palavras, nosso Pai celeste não é um construtor de templos!
8[8] Col. 2:16-17. Jesus Cristo veio cumprir e clarear imagem vaga da lei judaica, este é o tema central da carta aos hebreus. Todos os escritores do NT afirmam que Deus não requer nem sacrifício santo nem sacerdócio mediatório. Todas essas coisas foram cumpridas Jesus — o Sacrifício e a Mediação Sacerdotal.
9[9] O paganismo dominou o Império romano até por volta do quarto século. Mas muitos de seus elementos foram absorvidos pelos cristãos nos séculos III e IV. O termo "pagão" foi uma invenção dos apologistas cristãos numa tentativa de agrupar os não cristãos em uma embalagem adequada. Originariamente, um "pagão" é um camponês; alguém que habita o pagus ou distrito rural. Pelo fato do cristianismo esparramar-se principalmente nas cidades, o rude camponês, ou "pagão", foi tido como aquele que acreditava nos antigos deuses (Christians and the Holy Places, p. 301).
Ernest H. Short dedica todo um capítulo à arquitetura dos templos gregos em seu livro A History of Religious Architecture (London: Philip Allen & Co., 1936), Capítulo 2. David Norrington afirma, "Os edifícios religiosos foram, contudo, parte integral da religião greco-romana".
(David C. Norrington, To Preach or Not to Preach? The Church's Urgent Question, Carlisle: Paternoster Press, 1996, p. 27). O pagãos também tinham santuários "santos". Michael Grant, The Founders of the Western World: The History ofGreece andRome (New York: Charles Scribner's Sons, 1991), pp. 232-234. 11[11] Robin Lane Fox, Pagans and Christians (New York: Alfred Knopf, 1987), pp. 39, 41-43, 71-76, 206. 12[12] ChristianHistory, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 3.
13[13] 1 Cor. 3:16; Gál. 6:10; Efésios 2:20-22; Heb. 3:5; 1 Tim. 3:15; 1 Pedro 2:5; 4:17. Todas estas passagens se referem ao povo de Deus, não a um edifício. Nas palavras de Arthur Wallis, "No Velho Testamento, Deus tinha um santuário para Seu povo; no Novo, Deus tem Seu povo como um santuário".
De acordo com oNT, a igreja é a garota mais bonita do mundo: John 3:29; 2 Cor. 11:2; Efésios 5:25-32; Apocalipse 21:9. 15[15] Clementof Alexandria, The Instructor, BookIII, Ch. 11.
16[16] Adolf Von Harnack referindo-se aos cristãos dos séculos I e II, disse, "uma coisa é clara — a idéia de um lugar especial para adoração não tinha surgido ainda. A idéia cristã de Deus e do divino serviço não apenas declinou em promover tal lugar, ela a excluiu, na medida em que as circunstâncias práticas da situação retardaram seu desenvolvimento" (To Preach orNot to Preach? p. 28).
17[17] Robert Saucey, The Church in God's Program, p. 12; A.T. Robertson, A Grammar ofthe GreekNew Testament in the Light ofHistorical Research, p. 174. A palavra inglesa "church" assim como a palavra escocesa kirk e a palavra germânica kirche são todas derivadas da palavra grega kuriakon que significa "pertencendo a Deus". A palavra inglesa "church" vem do inglês arcaico cirice ou circe que é derivada da palavra grega kuriakon. Com o tempo, ela passou a significar "casa de Deus" e foi involucrada referindo-se a edifício. Os tradutores da Bíblia Inglesa cometeram a enorme injustiça traduzindo ekklesia por "church". Ekklesia, em todas suas 114 aparições no NT, sempre significa uma assembléia de pessoas (The Church in God's Program, pp. 11,16). William Tyndale deveria ser recomendado porque na tradução dele do NT, ele recusou usar a palavra "church" para traduzir ekklesia. Ao invés de church, ele a traduziu mais corretamente como "congregação". Infelizmente, os tradutores do KJV escolheram não seguir a tradução superior de Tyndale neste assunto e recorreram a "church" como tradução de ekklesia. Eles rejeitaram a correta tradução de ekklesia como "congregação" porque esta era a terminologia usada pelos Puritanos ("The Translators to the Reader", Prefácio da tradução de G. Bray em 1611, Documents ofthe English Reformation, Cambridge: James Clarke, 1994, p. 435).
18[18] The Instructor, Book III, Ch. 11. Clemente escreveu, "mulher e homem devem ir decentemente vestidos para a igreja".
19[19] Qraydoa p Snyder, Ante Pacem: Archaeological Evidence of Church Life Before Constantine (Mercer University Press/Seedsowers, 1985), p. 67. Snyder declara, "não há qualquer evidência literária nem indicação arqueológica de que alguma daquelas casas foi convertida em um edifício de igreja existente. Nem há qualquer vestígio de igreja existente construída antes de Constantino". Em outra obra Snyder escreve, "as primeiras igrejas se encontravam constantemente em casas. Até o ano 300 desconhecemos qualquer edifício construído enquanto igreja (First Coríntios: A Faith Community Commentary, Macon: Mercer University Press, 1991, p. 3). 20[20]Heb. 13:15; 1 Pedro 2:5.
"De acordo com Direito Canônico, igreja é um edifício sagrado dedicado à divina adoração para o uso de todo crente e para o exercício público da religião" (Peter F. Anson, Churches: Their Plans andFurnishings, Milwaukee: Bruce Publishing Co., 1948, p. 3).
22] Pagans and Christians, pp. 71, 207, 27, 347, 355. Fox afirma que "na moderna cristandade há mais de 1,6 milhões de adultos jurando virgindade" (pág. 355). Eles são chamados de freiras e padres.
Stephen também se refere negativamente ao templo. Tanto Jesus como Estevão foram acusados exatamente pelo mesmo crime — falar contra o templo (Marcos 14:58; Atos 6:13-14).
24[24] João 2:19-21. Significativamente, o véu do templo foi rasgado ao meio quando o Jesus morreu (Mat. 27:50-51). 25[25] Em sua ressurreição Cristo é o "Espírito que dá vida" (1 Coríntios 15:45). Assim, Ele pode residir nos crentes que fazem deles sua casa.
26[26] João 2:12-22. Veja Oscar Cullman, Early Christian Worship (London: SCM Press, 1969), pp. 72-73, 117. 27[27] João 4:23. Os primeiros cristãos do NT acreditavam que a igreja, a comunidade dos crentes, era o templo. E aquela adoração não era espacialmente localizada nem separada da totalidade da vida. Assim em suas mentes não havia a idéia de "santo lugar". O "santo lugar" dos cristãos é tão onipresente quanto seu Senhor ascendido! O culto não é algo que acontece em um determinado lugar em um certo momento. É um estilo de vida (J.G. Davies, The Secular Use ofChurch Buildings, New York: The Seabury Press, 1968, pp. 3-4).
28[28] James D.G. Dunn, "The Responsible Congregation, 1 Coríntios 14:26-40," em Charisma e Ágape (Rome: Abbey of St. Paul before the Wall, 1983), pp. 235-236.
Minucius Felix, o apologista cristão que viveu no século III declarou, "Não temos nem templos nem altares" (The Octavius of Minucius Felix, Capítulo 32). Veja também Robert Banks, Paul’s Idea of Community (Peabody: Hendrickson Publishers, 1994), pp. 8-14, 26-46.
30[30] Atos 2:46; 8:3; 20:20; Rom. 16:3,5; 1 Cor. 16:19; Col. 4:15; Filemom 1:12; 2 João 10. Nota-se que naquela ocasião os cristãos utilizavam edifíciosjá existentes para propósitos especiais e temporários. O alpendre de Salomão e a escola de Tyrannus são exemplos (Atos 5:12; 19:9). Porém, suas reuniões normais da igreja sempre eram feitas em uma casa privada.
Ante Pacem, p. 166. John A.T. Robinson escreveu "nos primeiros três séculos a igreja não teve quaisquer edifícios..."
(The New Reformation, Philadelphia: The Westminster Press, 1965), p. 89.
32[32] Robert Banks, The Church Comes Home (Peabody: Hendrickson Publishers, 1998), pp. 49-50. A casa em Dura Europos foi destruída em 256 d.C. De acordo com Frank Senn, "os cristãos dos primeiros séculos evitaram a publicidade dos cultos pagãos. Eles não tinham quaisquer santuários, templos, estátuas, ou sacrifícios. Eles não organizavam nenhum festival público, danças, performances musicais, nem peregrinações. O ritual central deles envolvia uma refeição de caráter doméstico e uma composição herdada do judaísmo. Realmente, os cristãos dos primeiros três séculos normalmente se encontravam em residências privadas convertidas em espaços de ajuntamento satisfatório para a comunidade cristã... Isto indica que a crueza ritual da adoração cristã primitiva não deve ser interpretada como um sinal de atraso, mas sim como um modo de enfatizar o caráter espiritual da adoração cristã" (Christian Liturgy, p. 53).

Alguns argumentam que os cristãos anteriores a Constantino eram pobres e incapazes de possuir propriedade. Mas isto é falso. Sob a perseguição do Imperador Valeriano (253-260), por exemplo, toda propriedade possuída pelos cristãos foi confiscada (Philip Schaff, History ofthe Christian Church: Volume 2, Michigan: Eerdmans, 1910, p. 62). L. Michael White pontua que os cristãos primitivos tiveram acesso a estratos socioeconômicos mais elevados. Além disso, o ambiente greco-romano dos séculos II e III estava totalmente aberto a muitos grupos que adaptavam edifícios privados para uso comunal e religioso (Building God's House in theRoman World, pp. 142-143).
34[34] TowardaHouse Church Theology (Atlanta: New Testament Restoration Foundation, 1998), pp. 29-42. 35[35] Ante Pacem, p. 67. Estas casas reformadas eram chamadas de domus ecclesiae.
36[36] Ibid. , p. 46. L. Michael White, Building God's House in the Roman World (Baltimore: John Hopkins University Press, 1990), Vol. 1, pp. 16-25.

James F. White, Protestant Worship and Church Architecture (New York: Oxford University Press, 1964), pp. 54-55. 38[38] Christian History, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 33.
39[39] To Preach orNot to Preach? p. 25.
Além dessa remodelação de casas privadas, Alan Kreider revela que "antes do século III, as congregações cresciam em número e riqueza. Assim, cristãos que se encontravam em insulae (ilhas), blocos de edifícios com vários andares contendo lojas e moradias, discretamente começaram a converter espaços privados em complexos domésticos reunidos para ajustar necessidades congregacionais. Eles derrubavam paredes para unir apartamentos, enquanto criavam espaços variados, grandes e pequenos. Tudo isso foi requerido pela vida de suas crescentes comunidades" (Worship and Evangelism in Pre-Christendom, Oxford: Alain/GROW Liturgical Study, 1995, p. 5).
4°[4°] From Temple toMeetingHouse, p. 195. Os teóricos renascentistas Alberti e Palladio estudaram os templos da Roma antiga
e começaram a usar o termo "templo" referindo-se ao edifício da igreja cristã. Posteriormente, Calvino referiu-se aos edifícios
cristãos como templos, adicionando-o ao vocabulário da Reforma (p. 207). Veja também The Secular Use ofChurch Buildings
pp. 220-222 para o pensamento que conduziu até o uso cristão do termo "templo" como referência para um edifício da igreja.
41[41]Ante Pacem, pp. 83, 143-144, 167.
42[42] ChristianHistory, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 2.
43[43] Ibid.,p. 31.
44[44] Ante Pacem, p. 65; Johannes Quasten, Music and Worship in Pagan & Christian Antiquity (Washington d.C.: National
Associationof Pastoral Musicians, 1983), pp. 153-154, 168-169.
45[45] Music and Worship in Pagan & Christian Antiquity, pp. 162-168. Tertuliano (160-225) mostra os inexoráveis esforços por
parte dos cristãos para anular o costume pagão do cortejo fúnebre. Contudo os cristãos sucumbiram a esse costume. Ritos
funerários cristãos copiados de práticas pagãs começam a surgir no século III.
(David W. Bercot, ed., A Dictionary ofEarly
Christian Beliefs, Peabody: Hendrickson, 1998, p. 80; Everett Ferguson, ed., Encyclopedia ofEarly Christianity, New York:
Garland Publishing, 1990, p. 163).
Rezar pelos mortos parece ter nascido ao redor do século II. Tertuliano nos fala que era uma
prática comum em seus dias.
(The Oxford Dictionary of the Christian Church, Terceira Edição, p. 456). Veja também Frank
Senn's Christian Worship andIts CulturalSetting (Philadelphia: Fortress Press, 1983), p. 41.
46] Ante Pacem, p. 83.
47[47] ChristianHistory, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 35; From Temple to Meeting House, pp. 168-172.
48[48] ChristianHistory, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 35; Josef A. Jungmann, S.J., The Early Liturgy: To the Time ofGregory
the Great (Notre Dame: Notre Dame Press, 1959), p. 141.
49[49] Protestant Worship and Church Architecture, p. 60.
50[50] Estes monumentos seriam transformados depois em magníficos edifícios de igreja.
The Early Liturgy, p. 178; From Temple to Meeting House, pp. 164-167.
52] Philip Schaff, History ofthe Christian Church: Volume 2 (Michigan: Eerdmans, 1910), p. 292.
"O uso de catacumbas durou aproximadamente três séculos, do final do século II ao final do século V" (Ante Pacem, p. 84). Ao contrário de convicção popular, não há nenhum fragmento de evidência histórica de que os cristãos romanos se esconderam nas catacumbas para escapar à perseguição. Eles se encontravam para ficar perto dos santos mortos (ChristianHistory, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 35). 53[53] ChristianHistory, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 30.
54] Ante Pacem, p. 27. "Na arte pré-constantina não há nenhum Jesus sofrendo ou morrendo. Não há nenhum símbolo de cruz, nem qualquer coisa equivalente" (p. 56). Philip Schaff diz que após a vitória de Constantino sobre Maxentius em 312 d.C., foram vistas cruzes em capacetes, fivelas, coroas, etc.
(History ofthe Christian Church: Volume 2, p. 270). 55] Ante Pacem, p. 165.
56[56] History ofthe Christian Church: Volume 2, pp. 269-270.
Relíquia é um material relacionado aos restos materiais de um santo após a morte dele como também qualquer objeto sagrado que entrou em contato com o corpo dele. A palavra "relíquia" vem da palavra latina reliquere, que significa "deixado para trás". A primeira evidência da reverência a relíquias surgiu por volta de 156 d.C. no MartyriumPolycarpi. Neste documento, as relíquias de Policarpo são consideradas mais valiosas que pedras preciosas e ouro (The Oxford Dictionary ofthe Christian Church, Terceira Edição, p. 1379); Father Michael Collins and Matthew A. Price, The Story of Christianity (DK Publishing, 1999), p. 91; The Early Liturgy, pp. 184-187. 58] Ante Pacem, p. 91.
59[59]FromTemple toMeetingHouse, pp. 168-172. 60[60] Veja Capítulo 8 para detalhes.
Esta é a mesa onde a sagrada comunhão é colocada. A altar-mesa significa o que é ofertado a Deus (o altar) e o que é dado ao homem (a mesa). Protestant Worship and Church Architecture, p. 40. Altares laterais não entraram em uso até Gregório o Grande (TheHistory of Christianity: Volume 3, p. 550). 62[62] Protestant Worship and Church Architecture, p. 63. 63[63] Ibid.,p. 42.
64[64] No quarto século, o leigo foi proibido de ir ao altar.
Edwin Hatch, The Growth of Church Institutions (Hodder and Stoughton, 1895), pp. 214-215.
65[65] Norman Towar Boggs, The Christian Saga (New York: The Macmillan Company, 1931), p. 209.
66[66] A Historical Approach to Evangelical Worship, p. 103; History of the Christian Church: Volume 3, p. 542.
Schaff escreve: "Depois da cristandade ser reconhecida pelo estado e autorizada a ter propriedades, ela erigiu casas de adoração em todas as partes do Império Romano. Provavelmente havia mais edifícios deste tipo no século IV do que houve em qualquer período, talvez com exceção do século XIX nos Estados Unidos..." Veja também To Preach orNot to Preach?, p. 29. Norrington mostra que na medida em que os Bispos dos séculos IV e V cresciam em riqueza, eles canalizaram tais riquezas através de um elaborado programa de construção de igrejas. Everett Ferguson escreve, "Até a era Constantino não encontramos edifícios especialmente construídos, primeiro eram simples salões, depois basílicas constantinas. Antes de Constantino, todas as estruturas usadas para reuniões da igreja eram "casas ou edifícios comerciais modificados para uso da igreja" (Early Christians Speak, p. 74).
No ano 312 d.C., Constantino derrotou o Imperador Maxentius do Ocidente na batalha da Ponte Milviana. Constantino afirmou que na véspera da batalha ele viu um sinal da cruz nos céus e foi convertido a Cristo. (Ken Connolly, The Indestructible Book, GrandRapids: Baker Books, 1996, pp. 39-40)
1 J Isto inclui os templos, sacerdotes oficiais, colegiado de pontífices, virgens vestais, e o título (que reservou para si mesmo) Pontifex Maximus (chefe dos sacerdotes pagãos).
Monsignor Louis Duchesne, Early History ofthe Christian Church: FromIts Foundation to the End ofthe Fifth Century (London: John Murray, 1912), pp. 49-50; M.A. Smith, From Christ to Constantine (Downer's Grove: InterVarsity Press, 1973), p. 172.
69[69] Paul Johnson, A History ofChristianity (New Your: Simon & Schuster, 1976), p. 68.
70[70] Ibid., 68. 71[71] Ibid.
72[72] Ele também é acusado da morte de sua segunda esposa, entretanto alguns historiadores acreditam que este é um falso rumor.
Joan E. Taylor, Christians and the Holy Places: The Myth ofJewish-Christian Origins (Oxford: Clarendon Press, 1993), p. 297; History ofthe Christian Church: Volume 3, pp. 16-17; Ramsay MacMullen, Christianizing the Roman Empire: d.C. 100-400 (London: Yale University Press, 1984), pp. 44-58.
73[73] Kim Tan, Lost Heritage: TheHeroic Story ofRadical Christianity (Godalming: Highland Books, 1996), p. 84.
74[74] Aparentemente Constantino achava que o Sol Invencível (um deus pagão) e Cristo eram algo compatíveis (Justo L. Gonzalez, The Story ofChristianity, Peabody: Prince Press, 1999, pp. 122-123). 75[75] Christian History, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 20. 76[76] Ibid.; The Early Liturgy, p. 136. 77[77] The Story ofChristianity (Gonzalez), p. 123. 78[78] Pagans andChristians, p. 666; Caesar to Christ, pp. 63,656.
The Oxford Dictionary ofthe Christian Church, Terceira Edição, p. 1307.
Constantino dedicou a nova cidade em 11 de maio de 330. Ele a adornou com tesouros retirados de templos pagãos ao longo do Leste.
Robert M. Grant, Early Christianity andSociety (San Francisco: Harper and Row Publishers, 1977), p. 155. um Caesar to Christ, p. 656.
A History ofChristianity, p. 69; Early History ofthe Christian Church, p. 69.
Na Igreja Oriental, Constantino é atualmente tido como o 13° apóstolo e é venerado como um santo (The Oxford Dictionary ofthe Christian Church, Terceira Edição, p. 405; Christians andthe Holy Places, p. 303). 83[83] Christians and the Holy Places, p. 316. mm Ante Pacem, p. 93.
85[85] Christians and the Holy Places, p. 308; The Secular Use ofBuildings, pp. 222-237.
86[86] A noção de que relíquias tinham poderes mágicos não pode ser creditada aos judeus, porque eles acreditavam que qualquer contato com um corpo morto era coisa suja. Esta idéia foi completamente pagã (The Christian Saga, p. 210). 87[87]A History ofChristianity, p. 106. Esta citação é de Vigilantius. 88[88] Christians and the Holy Places, pp. 317, 339-341. 89[89] Ibid.,p. 341. 90[90] The Christian Saga, p. 202. 91[91] The Story ofChristianity (Gonzalez), p. 123.
92[92] The Oxford Dictionary ofthe Christian Church, Terceira Edição, p. 1379.
Helena peregrinou à Terra Santa imediatamente após a execução do filho de Constantino e o "suicídio" de sua esposa (Pagans and Christians, pp. 670-671, 674).
Oscar Hardman, A History of Christian Worship (Tennessee: Parthenon Press, 1937). Helena deu a Constantino dois destes pregos: Um para seu diadema e o outro para o cabresto de seu cavalo (A History ofChristianity, p. 106; Early History ofthe Christian Church, pp. 64-65). "Dizia-se que a cruz tinha poderes milagrosos, e foram encontrados pedaços de madeira por todo o Império, que reivindicavam pertencer a ela" (The Story ofChristianity, Gonzalez, p. 126). A lenda da descoberta da cruz por Helena originou-se em Jerusalém na segunda metade do século IV e rapidamente esparramou-se por todo o Império. 94[94] Christians and the Holy Places, p. 308; The Christian Saga, pp. 206-207.
95] Alguns destes edifícios da igreja foram erguidos às custas do Estado (Pagans and Christians, pp. 667-668). 96[96] Christians and the Holy Places, p. 309. 97[97] Ante Pacem, p. 65. Tais locais são mencionados como martyria.
98[98] Ibid., p. 92; ChristianHistory, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 35.
99[99] Christians and the Holy Places, pp. 340-341. Como J.G. Davies diz, "Como os primeiros cristãos não tiveram nenhum
santuário sagrado, a necessidade para consagração não surgiu. Foi apenas no século IV, com a paz na igreja, que a prática de
dedicar edifícios começou (The Secular Use ofBuildings, pp. 9, 250)".
100[100] A History ofReligious Architecture, p. 62.
101[101] A History ofChristianity, p. 209.
102[102] Ante Pacem, p. 109.
O edifício de São Pedro media 835 pés de largura.
(ChristianHistory, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 35).
The OxfordDictionary ofthe Christian Church, Terceira Edição, p. 1442.
104[104] Edward Norman, The House ofGod: Church Architecture, Style, and History (London: Thames and Hudson, 1990), pp. 38-39.
105[105] Ibid.,p. 31.
106[106] Protestant Worship and Christian Architecture, p. 56; Building God's House in the Roman World, p. 150; Early Christianity andSociety, pp 152-155. 107]FromTemple toMeetingHouse, p. 185.
' Esta frase é do escritor anticristão Porfírio (The Secular Use of Church Buildings, p. 8).
Porfírio disse que os cristãos eram inconsistentes porque ao mesmo tempo em que criticavam a adoração pagã erguiam edifícios imitando templos pagãos! (Building God's House in the Roman World, p. 129).
The Story of Christianity (Gonzalez), p. 122.
De acordo com o Professor Harvey Yoder, Constantino construiu a igreja original de Hagia Sophia (a igreja de sabedoria) no local de um templo pagão e importou 427 estátuas pagãs do Império para decorá-la. ("From House Churches to Holy Cathedrals,". Conferência proferida em Harrisburg, VA, Oct., 1993). 110[110] The Founders of the Western World, p. 209. A primeira basílica foi a igreja de São João Latenar construída por uma doação do palácio imperial em 314 d.C. (Building God's House in the Roman World, p. 18). "Constantino, ao decidir qual o modelo da igreja pioneira de São João Lateran, escolheu a basílica. Assim, a basílica foi adotada como padrão para os locais de culto cristão de Roma" (Lionel Casson, EverydayLife inAncientRome, Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1998, p. 133).
111[111] Christian History, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 19; The House ofGod, p. 24; The Early Liturgy, p. 123. A palavra
basílica vem da palavra grega basileus que significa "rei". Os arquitetos cristãos adaptaram o plano pagão na medida em que
instalaram um altar em um grande espaço, arredondado ou abobadado, no limite do edifício onde o rei ou o juiz sentava; o Bispo
agora tomava o lugar do dignitário pagão".
Father Michael Collins and Matthew A. Price, The Story of Christianity (DK
Publishing, 1999), p. 64.
112[112] Protestant Worship and Christian Architecture, p. 56. Um pesquisador católico declara, "bem antes da era cristã, várias
seitas e associações pagãs adaptaram o estilo da basílica como edifício de culto" (The Early Liturgy, p. 123; From Temple to
Meeting House, pp. 162-163. Além disso, Gregory Dix demonstra que as igrejas de Constantino em Jerusalém e Belém,
construídas entre 320 e 330 d.C., tiveram santuários pagãos sírios como modelo (The Shape of the Liturgy, New York: The
Seabury Press, 1982, p. 26).
113[113] Michael Gough, The Early Christians (London: Thames and Hudson, 1961), p. 134.
114[114] The Early Christians, p. 134.
115[115] The Early Liturgy, p. 137.
Protestant Worship and Church Architecture, p. 57.
117[117] Ibid., pp. 57, 73-74. "Ver o edifício da igreja dessa forma significava que este não era mais a casa do povo de Deus para seu culto comum, mas a Casa de Deus que lhes permitia prestar a devida reverência. Eles tinham que entrar na nave (onde a congregação sentava ou permanecia em pé) e se abster de entrar no santuário (a plataforma do clero) que era o lugar do coro ou o santuário reservado para o sacerdócio" (From Temple to Meeting House, p244; The Growth of Church Institutions, pp. 219-220).
Foram feitos altares primeiramente de madeira. Posteriormente, no início do século VI, eles foram feitos de mármore, pedra, prata, ou ouro (The History of Christianity: Volume 3, p. 550).
119[119] Ante Pacem, p. 93; Protestant Worship and Church Architecture, p. 58; William D. Maxwell, An Outline of Christian Worship: Its Developments andForms (New York: Oxford University Press, 1936), p. 59. 120[120] A History of Christianity, p. 204.
The History of Christianity: Volume 3, pp. 549-550.
No edifício da Igreja Protestante, o púlpito está no primeiro plano e a mesa do altar está no fundo. 122[122] Ibid., p. 551.
123[123] A History ofReligious Architecture, p. 64. 124[124] The OxfordDictionary ofthe Christian Church, Terceira Edição, p. 302.
Protestant Worship and Church Architecture, p. 57.
126[126] The Secular Use of Church Buildings, p. 11; The Shape ofthe Liturgy, p. 28. 127[127] Protestant Worship and Church Architecture, p. 59.
p e Liturgy, p. 28. 129[129] Early Christianity andSociety, p. 155. 130[130] TheHouse ofGod, pp. 23-24.
131[131] Christian History, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 19.
Gregório o Grande (540-604) foi o primeiro a prescrever o uso de água benta e de relíquias cristãs para purificar templos pagãos para uso cristão. Veja, A History of the Christian Church and People (New York: Dorset Press, 1985), pp. 86-87 (Book I, Capítulo 30). Estas páginas contêm instruções de Gregório o Grande sobre como templos pagãos seriam santificados para uso cristão. Veja também John Marcos Terry, Evangelism: A Concise History (Nashville: Broadman & Holman Publishers, 1994), pp. 48-50; The Secular Use of Church Buildings, p. 251. 132[132] jbjj ^ p. 20; Protestant Worship and Church Architecture, p. 56. 133[133] The Early Liturgy, p. 132.
Richard Krautheimer, Early Christian and Byzantine Architecture (Middlesex: Penguin Books, 1986), pp. 40-41.
Krautheimer dá uma descrição vívida do paralelo entre o serviço imperial romano e a liturgia cristã sob Constantino. 135[135] The Early Liturgy, pp. 129-133.
136[136] Veja o Capítulo 6 para uma discussão completa sobre a origem do coro.
137[137] The Story ofChristianity (Gonzalez), p. 125.
Kenneth Scott Latourette traça a forte influência do paganismo greco-romano na fé cristã em seu livro A History of Christianity (New York: Harper and Brothers, 1953), pp. 201-218. 139[139] Protestant Worship and Church Architecture, p. 56.
140[140] The Early Liturgy, pp. 1 30, 133.
141[141] OS historiadores chamam o período do reino de Constantino como o reino "da Paz". A paz veio com o Édito de Galeriano
em 311 d.C. Foi popularizado pelo Édito de Milão em 313 d.C. Somente 11 anos depois do Édito de Milão, Constantino, o
primeiro Imperador Cristão, chegou a ser o único soberano do Império Romano (The Story of Christianity (Gonzalez), pp. 106-
107; Caesar to Christ, p. 655).
142[142] Adolf Von Harnack estima que haviam de três a quatro milhões de cristãos no Império no começo do reinado de
Constantino.
TheMission andExpansion of Christianity in the First Three Centuries, Volume 2 (New York: G.P. Putnam’s Sons,
1908), p. 325.
Outros calculam era apenas quatro ou cinco por cento da população do Império (Christians and the Holy Places, p.
298).
143[143] A History of Christianity, p. 126; Christian History, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 19.
144[144] The Early Liturgy, p. 123.
145[145] Will Durant, TheAge ofFaith (New York: Simon & Schuster, 1950), p. 8.
146[146] The Searchfor the Origins of Christian Worship, p. 65.
147[147] Early Christianity andSociety, p. 163.
148[148] Constantino concedeu isenção de imposto em 323 d.C. (Caesar and Christ, p. 656).
149[149] Christian History, Volume XII, No. 1, Issue 37, p. 20.
150[150] From Temple to Meeting House, pp. 167, 180.
Constantino construiu santuários cristãos em locais historicamente bíblicos
(Pagans and Christians, p. 674).
151[151] Compare isto com Marcos 14:58, Atos 7:48, 2 Cor. 5:1, Heb. 9:11, e Heb. 9:24.
152[152] To Preach or NOT to Preach?, p. 29.
J.D. Davies escreve, "Quando os cristãos começaram a construir suas grandes
basílicas, eles tomaram a Bíblia como guia e aplicaram tudo o que foi dito sobre o Templo de Jerusalém para seus novos
edifícios, aparentemente ignorantes do fato de que fazendo assim eles estavam se comportando contrariamente à perspectiva do
NT". Davies afirma que o culto aos santos [veneração aos santos mortos] e sua definitiva penetração nos edifícios da igreja
finalmente marcaram seu selo na perspectiva da igreja enquanto lugar santo "para o qual os cristãos deveriam adotar a mesma
atitude que os judeus adotaram para com o Templo de Jerusalém e os pagãos para com seus santuários" (The Secular Use of
Church Buildings, pp. 16-17). Oscar Hardman escreve, "o sistema romano de administração e a arquitetura de seus casarões e
salões públicos proporcionaram uma sugestiva orientação à igreja na classificação de sua hierarquia, na subseqüente definição
das esferas jurisdicionais, e na edificação de locais de culto" (A History of Christian Worship, pp. 13-14).
153[153] The ChristianSaga, p. 209.
154[154] Marcos 14:58; Atos 7:48; 17:24; Gál. 4:9; Col. 2:14-19; 1 Pedro 2:4-9; Heb. 3-11. 155[155] Protestant Worship andChurchArchitecture, p. 51. 156[156] Ibid., p. 57.
157[157] Para detalhes veja Richard Krautheimer, Early Christian andByzantine Architecture (Middlesex: Penguin Books, 1986).
158[158] Para detalhes veja The House ofGod, pp. 51-71. A Hagia Sophia (Igreja da Santa Sabedoria) inaugurada em 360 d.C. e reconstruída em 415 d.C., é considerada pela igreja Oriental como a perfeita incorporação de um edifício de igreja. 159[159] ParadetalhesvejaAHistory ofReligiousArchitecture, Capítulo 10. ]
] Para detalhes veja TheHouse ofGod, pp. 104-135. 161[161] Para detalhes vejaA History ofReligiousArchitecture, Capítulo 11-14 e o volume clássico de Otto Van Simon The Gothic Cathedral: Origins of Gothic Architecture & the Medieval Concept ofOrder (Princeton: Princeton University Press, 1988).
The Oxford Dictionary of the Christian Church, Terceira Edição, p. 302. Frank Senn explica como a estrutura gótica espalhou a congregação e refletiu o compartimentalização do clero e do leigo (Christian Liturgy, pp. 212-216). 163[163] The Age ofFaith, p. 856.
164[164] The Gothic Cathedral, p. 122. Frank Senn escreve, "O espaço entre os pilares foi preenchido com janelas maiores que deram aos novos edifícios a leveza e o brilho, ausentes nos velhos edifícios românicos. As janelas foram preenchidas com vitrais coloridos que contavam histórias bíblicas ou empregavam símbolos teológicos previamente pintados nas paredes (Christian Liturgy, p. 214). 165[165] Ibid., p. 857.
] The Age ofFaith, p. 856. 167[167] TheHouse ofGod, pp. 153-154; Exploring Churches, pp. 66-67.
168[168] The Gothic Cathedral, pp. 22-42, 50-55, 58, 188-191, 234-235. Von Simón mostra como a metafísica de Platão influenciou a arquitetura gótica. A luz e a luminosidade alcançam sua perfeição nos vitrais góticos. Números de proporções exatas harmonizam todos os elementos do edifício. A luz e a harmonia são imagens do céu; são os princípios do ordenamento da criação. Platão ensinava que a luz é o mais notável fenômeno natural — se aproxima da forma pura. Os Neoplatonistas concebiam a luz como uma realidade transcendental que ilumina nosso intelecto para compreender a verdade. O desenho gótico era essencialmente uma mistura das visões de Platão, Agostinho e Denis, o pseudo-areopagita (um neoplatonista). 169[169] Protestant Worship and Church Architecture, p. 6.
Neil Carter, "The Story of the Steeple," manuscrito não publicado, 2001. O texto integral pode ser acessado em www.christinyall.com/steeple.html 171[171] FromTemple to Meeting House, p. 190.
172[172] Mostra como a arquitetura barroca dos séculos XVII e XVIII seguiu o caminho gótico induzindo os sentimentos com sua riqueza harmoniosa e decorativa (Exploring Churches, pp. 75-77). J.G. Davies afirma que no Ocidente durante a Idade Média as catedrais foram consideradas como modelos do cosmo (The Secular Use of Church Buildings, p. 220). 173[173] Protestant Worship and Church Architecture, p. 131.
174[174] Para uma discussão detalhada das especificidades históricas de arquitetura gótica veja Will Durant’s The Age ofFaith, Capítulo 32. Embora antiquada, a arquitetura gótica reapareceu entre os protestantes durante a revivificação gótica em meados do século XIX. Mas a construção gótica cessou depois da Segunda Guerra Mundial (Protestant Worship and Church Architecture,
pp. 130-142; TheHouse ofGod, pp. 252-278).
1 Christian Liturgy, p. 604. 176[176] Veja 1 Cor. 2:9-16.
Protestant Worship and Church Architecture, p. 64. O primeiro edifício de Igreja Protestante foi o castelo em Torgua construído em 1544 para culto luterano. Não havia nenhum santuário, e o altar tornou-se uma mesa simples (From Temple to MeetingPlace, p. 206).
178[178] Protestant Worship and Church Architecture, p. 78.
179[179]^ AHistoricalApproach to Evangelical Worship, pp. 142-143, 225. De forma interessante, os séculos XIX e XX viram, por parte de todas as corporações protestantes, a maior revivificação da arquitetura Medieval (Protestant Worship and Church Architecture, p. 64).
180[180] Protestant Worship and Church Architecture, p. 79.
181[181] “De todos os grandes mestres do Cristianismo, Martinho Lutero foi o que mais claramente percebeu a diferença entre a Ekklesia do NT e a igreja institucional, e reagiu fortemente contra o quidpro quo que as identificavam. Tanto que meramente recusou tolerar a palavra 'igreja': termo que ele descreveu como ambíguo e obscuro. Em sua tradução da Bíblia, traduziu ecclesia como 'congregação'. Ele se deu conta de que a ecclesia do NT não é 'algo', nem uma 'coisa', ou uma 'constituição', mas um conjunto de pessoas, um povo, uma comunhão... Foi tão forte a aversão de Lutero à palavra 'igreja' que os fatos históricos são comprovadamente mais fortes... O uso lingüístico da Reforma e da era pós-reforma teve que chegar a um acordo com o poderoso desenvolvimento da idéia de igreja. Conseqüentemente, toda confusão provocada pelo uso 'obscuramente ambíguo' dessa palavra penetrou na teologia da Reforma. Era impossível voltar um milênio e meio no relógio. A concepção 'igreja' permaneceu irrevogavelmente moldada por seu processo histórico de 1500 anos". (Emil Brunner, The Misunderstanding of the Church, London: Lutterworth Press, 1952, pp. 15-16).
182[182] Martin Luther, Luther's Works (Philadelphia: Fortress Press, 1965), pp. 53-54. [183] Protestant Worship and Church Architecture, p. 82.
Exploring Churches, pp. 72-73. A mesa do altar foi promovida a posição de "altar" rebaixando o santuário (plataforma do clero) a uma posição menos proeminente. O púlpito foi movido para mais perto da nave onde as pessoas sentavam, tornando o sermão uma parte fixa do serviço.
185[185] Veja Gên x 1:3-9. A história do campanário está baseada em "The Story of the Steeple" de Neil Carter, manuscrito inédito, 2001. O texto completo pode ser acessado em www.christinyall.com/steeple.html
Zahi Havass, The Pyramids of Ancient Egypt (Pittsburgh: Carnegie Museum of Natural History, 1990), p. 1; Ernest H. Short, AHistory ofReligious Architecture (New York: The MacMillan Company, 1936), p. 13. 187[187] A History ofReligious Architecture, p. 167.
1 The House ofGod, p. 160.
189[189] Charles Wicks, Illustrations of Spires and Towers of the Medieval Churches of England (New York: Hessling & Spielmeyer, 1900), p. 18.
190[190] Paul and Teresa Clowney, Exploring Churches (Grand Rapids: Eerdmans Publishing Company, 1982), p. 13. 191[191] The Age ofFaith, p. 865. 192[192] O termo britânico/anglicano para campanário é "pináculo".
]
] Exploring Churches, p. 13. 194[194] Gerald Cobb, London City Churches (London: Batsford, 1977), p. 15ff.
195[195] Viktor Furst, The Architecture ofSir Christopher Wren (London: Lund Humphries, 1956), p. 16. Pelo fato das igrejas de Londres estarem espremidas entre outros edifícios, não havia outra coisa para destacar o prédio a não ser o próprio pináculo. Por conseguinte, Wren firmou a tendência de construir igrejas com laterais relativamente planas marcadas por um pináculo exageradamente ornado e alto no topo (Paul Jeffery, The City Churches ofSir Christopher Wren, London: The Hambledon Press, 1996, p.88). 196[196] TheHouse ofGod, p. 251.
Peter Williams, Houses of God (Chicago: University of Illinois Press, 1997), pp. 7-9; Colin Cunningham, Stones of Witness (Gloucestershire: Sutton Publishing, 1999), p. 60. 198[198] Mat. 1:23.
199[199] Arthur Pierce Middleton, New Wine in Old Wineskins (Connecticut: Morehouse-Barlow Publishing, 1988), p. 76.
200[200] Ambo é o termo latino para púlpito. Deriva de ambon que significa "crista de uma colina". A maioria dos ambos eram
elevados e alcançados por degraus (Encyclopedia of Early Christianity, p. 29; Peter F. Anson, Churches: Their Plans and
Furnishings, Milwaukee: Bruce Publishing Co., 1948, p. 154.
201[201]New Wine in Old Wineskins, p. 76.
202[202] The Early Christians, p. 172. Encyclopedia of Early Christianity, p. 29. O predecessor do ambo foi o "migdal" da
sinagoga. "Migdal" significa "torre" em hebraico.
203[203] Encyclopedia of Early Christianity, p. 29.
204[204] Palavra latina para "púlpito". Building God'sHouse in theRoman World, p. 124.
205[205] Christian Smith, Going to theRoot (Scottdale: Herald Press, 1992), p. 83.
206[206] Building God'sHouse in theRoman World, p. 124.
207[207] Ibid.
208[208] Ibid.
209[209] New Wine in Old Wineskins, p. 76.
210[210] Exploring Churches, p. 26.
211[211] Christian Worship andIts Cultural Setting, p. 45.
212[212] Owen Chadwick, The Reformation (Penguin Books, 1968), p. 422. No século XVI, o púlpito foi combinado com uma
plataforma de leitura (ou átrio) perfazendo uma estrutura dupla de "dois níveis". A plataforma de leitura era a mais elevada do
púlpito (New Wine in Old Wineskins, p. 77).
Christian Worship andIts Cultural Setting, p. 45.
214[214] “ALL Eyes to ^ pront: A Look at Pulpits Past and Present," Your Church, January/February 2002, p. 44. 215[215] James F. White, The Worldliness of Worship (New York: Oxford University Press, 1967), p. 43.
216[216] The OxfordDictionary ofthe Christian Church, Terceira Edição, p. 1271; Going to theRoot, p. 81.
217[217] The Secular Use of Church Buildings, p. 138. Ocasionalmente alguns bancos de madeira ou pedra eram providos para
velhos e doentes.
218]New Wine in OldWineskins, p. 73.
219[219] jyj^ p. 74. Ao final da Idade Média, estes bancos foram elaboradamente enfeitados com quadros de santos e animais
fantásticos (To Preach or Not to Preach?, p. 31; J.G. Davies, The Westminster Dictionary of Worship, Philadelphia: The
Westminster Press, 1972, p. 312).
220[220] Doug Adams, MeetingHouse to Camp Meeting (Austin: The Sharing Company, 1981), p. 14.
221[221] Exploring Churches, p. 28.
222[222] ChristianLiturgy, p. 215.
Exploring Churches, p. 28.
224[224] The Secular Use of Church Buildings, p. 138. 225[225] Protestant Worship and Church Architecture, p. 101. 226[226] Exploring Churches, p. 28. 227[227] The Secular Use of Church Buildings, p. 139; Exploring Churches, p. 28.
The Secular Use of Church Buildings, p. 139. Alguns clérigos atacaram o abuso da decoração nos bancos. Um pregador lamentando os bancos decorados durante seu sermão disse que a congregação "não desejava outra coisa senão camas para ouvirem a Palavra de Deus..." 229[229]New Wine in OldWineskins, p. 74. 230[230] MeetingHouse to Camp Meeting, p. 14.
Protestant Worship and Church Architecture, p. 85. 232[232] Ibid., p. 107. 233[233] Ibid., p. 85.
234[234] Ibid., p. 107.
235[235] Exploring Churches, p. 74.
236[236] Protestant Worship and Church Architecture, p. 118.
Exploring Churches, p. 17.
238[238] Protestant Worship andChurch Architecture, p. 121ff. 239[239]From Temple to MeetingHouse, pp. 237, 241. 24°[24°] Protestant Worship and Church Architecture, p. 140.
241[241] Protestant Worship and Church Architecture, p. 129. Algumas igrejas têm batistérios embutidos atrás do púlpito e do coro. Na tradição católica, geralmente não foram colocadas velas na mesa do altar até o século XI (The Early Liturgy, p. 133). 242[242] Protestant Worship and Church Architecture, p. 134. 243[243] Ibid., p. 133. 244[244] Ibid., pp. 120, 141. 245[245] Ibid., p. 125.
246[246] Ibid. , p. 12
247[247] Rethinking the Wineskin, Capítulo 3. Como J.G. Davies diz, "A questão do edifício da igreja é inseparável da questão da igreja e de sua função no mundo moderno" (The Secular Use of Church Buildings, p.208).
248[248] Leonard Sweet, "Church Architecture for the 21st Century," Your Church Magazine, Março/Abril 1999, p. 10. Neste artigo, Sweet tenta visualizar edifícios de igreja pós-modernos que fogem do velho molde arquitetônico que promove a passividade. Porém, ironicamente, o próprio Sweet inadvertidamente é cativo do velho paradigma de edifícios de igreja como sendo espaços sagrados. Ele escreve, "naturalmente, você não constrói um edifício qualquer quando constrói uma igreja, você constrói um espaço sagrado". Este tipo de pensamento pagão tem raízes bem profundas! 249[249] Christian Liturgy, p. 212. O edifício de igreja estilo auditório transforma a congregação em uma audiência passiva
Uma citação de Gotthold Lessing (Lessing 's Theological Writings). 251[251] Protestant Worship and Church Architecture, p. 5. 252[252] The Worldliness of Worship, pp. 79-83.
enquanto que o estilo gótico a dispersa em uma nave longa e estreita ou angulosa e fissurada (p. 604). Uma citação de Gotthold Lessing (Lessing 's Theological Writings).
253[253] pjatao ^mia que certo tipo de música pudesse estimular emoções erradas. (The Republic, 3:398).
254[254] Protestant Worship and Church Architecture, p. 19.
255[255] Devo esta perspicácia ao meu amigo Hal Miller.
256[256] ToPreach orNottoPreach?, p. 30.
257[257] The Secular Use of Church Buildings, p. 206.
259[259] Ibid.
260[260] Howard Snyder derruba os argumentos mais comuns sobre a "necessidade" de construir edifícios de igreja em seu livro Radical Renewal: The Problem ofWineskins Today (Houston: Touch Publications, 1996), pp. 62-74. 2^! Atos 17:6.
Para uma discussão sobre por que os cristãos primitivos se encontravam em casas e como grandes congregações podem passar a ser igrejas caseiras, vejaRethinking the Wineskin Capítulo 3.
263[263] Um escritor católico inglês colocou isto nos seguintes termos, "se há um método simples de salvar a missão da igreja este método é provavelmente a decisão de abandonar os edifícios de igreja porque eles são lugares basicamente antinaturais... e eles não correspondem a nada que seja normal na vida cotidiana" (From Temple toMeetingPlace, p. 323).
264[264] Richard Bushman, The Refinement of America (New York : Alfred Knopf, 1992,) p. 338. Entre 1820 e 1840, as igrejas americanas começaram a surgir com colunas dóricas reminiscentes do classicismo grego e com arcadas reminiscentes da antiga Roma (Houses ofGod, p. 12).

Acompanhe os capítulos anteriores
cap. 1 Liturgia
cap. 2 Sermão: A vaca mais sagrada do protestantismo

Fonte: Cristianismo Pagão - Frank A. Viola