sábado, 19 de março de 2011

DE ONDE VEIO O PENTECOSTALISMO




A Teologia de John Wesley

Quais são as raízes do Pentecostalismo? Em outras palavras, de onde ele veio?
“Qualquer estudo sobre o Pentecostalismo deve dar muita atenção aos acontecimentos  do período do reavivamento na Europa e EUA,  nos séculos 17 e 18, e, particularmente, à doutrina da perfeição cristã ensinada por John Wesley...”  (1).
A compreensão do Pentecostalismo começa com a compreensão da específica doutrina de Wesley com referência à santificação. Então, para iniciar este estudo, precisamos falar da teologia de John Wesley.

Parte I - Metodismo do Século 18 (Teologia Wesleyana)

          A pregação de Jonathan Edwards, George Whitefield e outros, nos anos 1730, presenciou a difusão de um reavivamento através de Gales, Inglaterra, Escócia, Irlanda e outros lugares, enfatizando o arrependimento e a pureza, dentro das igrejas, e despertando o senso das pessoas para a santidade de Deus. Na Inglaterra, o movimento chegou, eventualmente, sob o controle de John Wesley (1703-1791).
John Wesley foi despertado pelos grandes reavivamentos que enfatizavam a santificação da vida cristã (Pietismo), pela doutrina da justificação somente pela fé, de João Calvino e, também, por uma forte ênfase sobre a santificação, pregada na Contra-Reforma Católica. Ele foi, ainda, influenciado pelos temas perfeccionistas dos santos primitivos. Ele combinou alguns aspectos da ênfase católica sobre a perfeição com a ênfase protestante sobre a graça e ensinou que a santificação envolve uma segunda obra da graça, à parte da conversão (A origem da Doutrina da “Subseqüência”).
            John Wesley entendia a conversão como sendo uma experiência em duas fases. A primeira fase é a justificação, envolvendo o Espírito Santo atribuindo ou imputando ao crente a justiça de Jesus Cristo. A segunda fase é o novo nascimento, envolvendo o princípio da santificação, o princípio do Espírito compartilhando a justiça ao crente.  Wesley viu a justificação como sendo a porta para a santificação. Ele entendia a justificação “exclusivamente pela fé” significando que a justificação acontecia pela fé, ao contrário da santificação, que acontecia “pelo Espírito”. Esta santificação se tornou uma segunda obra da graça (Graça era quase sinônimo da obra do Espírito).
Conforme Wesley, a justificação (justiça imputada) dava ao homem o direito de ir para o céu, mas a santificação (justiça compartilhada) o qualificava para o céu. Wesley quis lembrar à igreja que a verdadeira salvação é completada pela nossa volta ao estado original de justiça, isto é,  Deus restaurando as pessoas à Sua perfeita imagem, na qual Ele originalmente havia criado o homem. A santificação era a obra do Espírito no crente, operando entre a conversão e a morte. Ele acreditava que isso envolvia Deus devolvendo ao Seu povo uma completa e perfeita obediência nesta vida, através do processo de santificação. Deus dá o Seu Espírito àqueles que são justificados, de maneira que eles possam vencer o  pecado. Isso envolve a sua rendição contínua aos impulsos do Espírito e envolve o Espírito continuamente desarraigando os impulsos do pecado da natureza dele (povo).
Wesley insistia em que a justiça “imputada” deve ser justiça “compartilhada”. Esta ênfase no processo de santificação, conhecido como “completando toda a justificação” (sermos restaurados à nossa justiça original), tornou-se a marca da tradição Wesleyana. Foi aqui que Wesley proveu um ensino distinto sobre a “perfeição cristã”.  Na sua “Short Account of Christian Perfection”  (Resumo da  Perfeição Cristã) (1760), Wesley apressava os cristãos no  sentido de buscarem uma segunda obra da graça, embasados em sua doutrina da “completa santificação”.  Foi esse o princípio do ensino de que a santificação exigia uma experiência espiritual à parte, dada por Deus.
Vendo o amor próprio  ou orgulho, como a raiz do mal, Wesley ensinou que o “amor perfeito” ou “perfeição  cristã” poderia substituir o orgulho através de uma crise moral da fé. Pela graça, o cristão poderia experimentar o amor enchendo o coração e excluindo o pecado. Ele não viu a perfeição como a falta de pecado, nem entendeu que esta seria conseguida através do mérito. O crente, pela fé, foi levado a uma contínua comunhão com Cristo. Esta não era simplesmente uma perfeição imputada, mas uma real ou compartilhada comunhão de uma perfeição evangélica de amor e intenção.
Wesley não estava ensinando que o cristão poderia atingir um total estado de impecabilidade.  Ele reconhecia que o cristão sempre iria sofrer de falhas humanas e de transgressões não intencionais, porque ele viu o pecado envolvendo os relacionamentos e intenções, e definiu isso em termos de atitude.
Wesley fala claramente de um processo que culmina numa segunda e definitiva obra da graça, identificada como completa santificação. Esta santificação completa é definida (segundo Wesley) em termos de “amor puro ou desinteressado”. Wesley acreditava que alguém pode crescer em amor, até que o amor se desvencilhe do interesse próprio, no momento da completa santificação. Assim, os princípios da santidade bíblica ou santificação são os seguintes: a santificação é recebida pela fé como obra do Espírito Santo. Ela começa no momento do novo nascimento. Ela progride gradualmente, até chegar à completa santificação. O conceito de Wesley era que esta segunda obra libertava os cristãos da falha em sua natureza moral, o que é a causa do comportamento pecaminoso.
O movimento reavivalista na Inglaterra, nos anos 1730, difundiu a Teologia da Santificação de Wesley. Ele abriu a porta ao pensamento de uma “segunda bênção” dada aos cristãos, na qual eles experimentariam uma “santificação instantânea”. Esta foi a semente que, mais tarde, germinou da noção pentecostal de uma segunda  bênção, pelo Batismo no Espírito. E muito mais que isso, mais tarde...
O século 19 viu a emergência de diferenças teológicas, que também desempenharam o seu papel na origem do Pentecostalismo. Em seguida, falaremos do legado de Edward Irving e da importância do Pré-milenismo do século 19, quando compreendermos  as raízes teológicas do Pentecostalismo.

A origem da doutrina da prosperidade no Pentecostalismo

Como foi que a ênfase atual sobre a prosperidade, no Pentecostalismo, chegou ao ponto de prometer riqueza material, através da fé, a todos os cristãos, através da obra de Cristo na cruz?
          A origem da atual Doutrina da Prosperidade pode ser traçada às mudanças radicais dos séculos 15 e 16 e, particularmente, à fundamental influência da obra ética da Reforma e da conseqüente ênfase, dentro do Protestantismo, na busca do dinheiro, em benefício da sociedade e do bem da igreja.
          Mais diretamente, contudo, a Doutrina da Prosperidade, no Pentecostalismo, tem sua origem nos desenvolvimentos teológicos dos séculos 17-19, dentro do Metodismo e do Movimento Holiness (Santificação). Agora, vamos discutir a parte desempenhada por John Wesley e Charles  Finney sobre a “perfeição cristã” (nos anos 1800) e os principais movimentos doutrinários  do século 19, os quais deram origem à Doutrina da Prosperidade.

A “perfeição cristã” de John Wesley - (anos 1700) - A influência da Reforma Protestante no Metodismo do século 18, sob John Wesley (1703-1791), viu emergir um novo foco sobre a perfeição cristã. O “Clube Santo”, iniciado por John Wesley, seu irmão Charles e George Whitefield, ressaltava a religião “interior”, que insistia numa estrita disciplina e organização e, em 1729, havia conseguido para si mesmo o título de “Metodista”. Wesley e foi fortemente influenciado pelos princípios da  Reforma de Lutero. Em 1739, os metodistas,  sob o controle de John Wesley, haviam se transformado num movimento rapidamente espalhado pelos clubes, sociedades e bandas, com membros altamente compromissados com as “regras” da santidade, disciplina, evangelismo e boas obras.
A contribuição de John Wesley ao Pentecostalismo veio, particularmente, do seu desenvolvimento de um exclusivo ensino com referência à “perfeição”  cristã. Como já foi dito, na obra “A Short Account of Christian Perfection”, (1760),  Wesley apressava os cristãos no  sentido de buscarem uma segunda obra da graça, embasados em sua doutrina da “completa santificação”, totalmente distanciada do interesse próprio.   Este ensino frisava que a santificação exigia uma experiência espiritual à parte, dada por Deus.
A  Doutrina da “Perfeição Cristã” exerceu forte influência sobre Charles Finney, o qual, mais tarde, muito contribuiu para o desenvolvimento da Doutrina da Prosperidade no Pentecostalismo. Wesley não teve, ele mesmo, uma  visão da prosperidade como sendo “uma bênção sobrenatural através da fé”, mas, em vez disso, enfatizou uma “prosperidade natural através do trabalho árduo”. Foi ele quem disse: ”A religião tem de, necessariamente, produzir tanto o trabalho como a frugalidade,  e estes não podem senão produzir riqueza”.  Contudo, ele acrescentou: “À medida em que cresce a riqueza, a essência da religião tem decrescido. Então, não posso ver como seja possível, na ordem natural das coisas,  que qualquer reavivamento religioso perdure muito... À medida em que a riqueza cresce, também crescem o orgulho, a ira e o amor a este mundo, em todos os seus ramos”.  Seu moto, contudo, tem tido uma influência contínua: “Consiga tudo que puder, economize tudo que puder e dê tudo que puder”.

A “Perfeição Cristã” de Charles Finney (Anos 1800) - O Metodismo evoluiu sob a influência de Charles Finney, quando ele colocou a ênfase central numa vida cristã mais elevada pela bênção de
Deus e no papel central da capacidade humana como meio de atrair a bênção de Deus e o poder do Espírito.
          Charles Finney (1792-1875) gastou 40 anos de sua vida construindo uma Teologia de reavivamento.  O essencial de sua doutrina foi o ensino de que a prática da perfeição cristã era um dever acessível a todos os cristãos. Ele foi fortemente influenciado pela obra de Wesley - Plain Account of Christian Perfection - a qual cristalizou sua crença numa “completa santificação”, como sendo um perfeito estado de confiança em Deus e um compromisso com a Sua vontade.
          Finney ensinou também que Deus havia estabelecido os meios pelos quais os humanos poderiam produzir um reavivamento. Ele acreditava que, não apenas os indivíduos possuíam a capacidade de fazer a escolha de seguir a Cristo, mas também tinham o poder, dentro deles, de viver vidas santas. Ele ensinou que a combinação da ajuda de Deus com um árduo esforço humano era abençoador e reavivador. “Um reavivamento é, naturalmente, o resultado do uso dos meios apropriados, como uma colheita o é do uso dos seus meios naturais” . Em sua obra - “Revival Lectures” (Palestras de Reavivamento) - Finney ensinou que Deus tinha revelado leis de reavivamento na Escritura. Desse modo, quando a igreja obedecia a essas leis, acontecia o reavivamento.
          Em 1835, Charles Finney e Asa Mahan se juntaram aos líderes perfeccionistas do Metodismo.  Mais tarde, Walter e Phoebe Palmer usaram os métodos de reavivamento de Charles Finney, no Movimento Holiness (Santificação), a fim de convocar todos os cristãos a uma experiência com o Espírito Santo, subseqüente à conversão, a qual exigia total compromisso.
          Em 1836, quando Finney se tornou professor no Oberlin College, em Ohio, ele já havia desenvolvido uma ênfase doutrinária distinta, a qual seria o ingrediente chave no desenvolvimento do Movimento Holiness e do Pentecostalismo que o seguiu. “Uma completa, mais elevada e mais estável forma de vida cristã se tornou acessível e foi o privilégio de todos os cristãos”. A Doutrina da Prosperidade do Pentecostalismo herdou a ênfase de Finney e de outros partidários do Metodismo, sobre o Movimento Holiness, através de uma total capacidade, e de um compromisso, e de fé, pare se receber a bênção do Espírito Santo.

A Nova ênfase sobre a prosperidade - O século 19 viu uma geral e difundida celebração da riqueza na América e em toda parte. A obra do  Rev. Thomas P. Hunt – “The Book of Wealth: In which It Is Proved From The Bible That it is The Duty of Every Man to Become Rich” (1836) se tornou um bestseller. A influência do Darwinismo social, nos bolsos da igreja, pode ser vista nas palavras de John Rockfeller, o qual não se acanhou de declarar: “O crescimento de um grande negócio é simplesmente a sobrevivência do mais capaz... É simplesmente um desenvolvimento da obra da natureza e uma lei de Deus”. O batista Charles H. Cornwell ensinou: “Ficar rico é sua obrigação... Ganhar dinheiro honestamente é pregar o evangelho”.

A ‘Teologia da Restauração’, no Movimento Holiness -  Dentro do movimento Holiness do século 19, a ênfase sobre o Batismo no Espírito Santo saltou da “perfeição” para a “vida vitoriosa”. A “plenitude do Espírito” era um Cristianismo “mais elevado” e “mais profundo”. A. B. Simpson formulou e expressou quatro doutrinas básicas: salvação, batismo no Espírito, cura divina e a segunda vinda de Cristo, as quais se uniram para formar o “Evangelho Pleno”. Simpson e A. J. Gordon estavam entre os que iniciaram o ensino de que a cura divina fazia parte da reparação de Cristo, conforme Isaías 53:4-5.
          Isso deslanchou a nova “Teologia da Restauração”, a qual ensinava que o batismo no Espírito Santo restaurava completamente ao cristão a relação espiritual que Adão e Eva mantinham com Deus, no Jardim do Éden. Conseqüentemente, o Movimento Holiness começou enfatizando a cura imediata pela fé. A crença numa santificação instantânea e na de ser possuído pelo Espírito já existia. Contudo, agora, o batismo com o Espírito Santo havia trazido uma vida mais elevada em Cristo, a qual reverteria os efeitos físicos da queda, possibilitando, assim, os cristãos a exercerem domínio sobre as enfermidades. Pelos mesmos meios, também, os cristãos poderiam ter uma vida de completa abundância e prosperidade, podendo experimentar vitória, em qualquer área de sua vida.
A “ciência” de Phineas Quimby (1809-1866), a qual emergiu, também, no século 19, desenvolveu idéias relacionadas à saúde, cura, abundância, prosperidade, riqueza e felicidade, sendo semeadas as sementes que deram origem a uma nova geração de evangelistas, pregando o evangelho da prosperidade. Particularmente, o ensino de Quimby influenciou E. W. Kennyon (1867-1948), o qual desempenhou papel significativo na Doutrina da Prosperidade do século 20, dentro do Pentecostalismo. E. W. Kennion trouxe para o seu Metodismo (o qual, mais tarde, transformou-se em Pentecostalismo) uma nova doutrina envolvendo o intrínseco poder da fé nas palavras. Sua Teologia da Confissão Positiva se juntou à influência de outros pregadores da prosperidade, tais como John Lake, William Branham e Oral Roberts, os quais foram os diretos inspiradores dos modernos embaixadores pentecostais do evangelho da prosperidade, como Kenneth Hagin, Kenneth Copeland, Charles Capps e Frederick Price.

Artigo: Where Pentecostalism Came From
Bible Discernment Ministries Inc.-
Traduzido por Mary Schultze, em 18/06/2008

terça-feira, 8 de março de 2011

O QUADRILÁTERO WESLEYANO – EM JOHN WESLEY


QUADRILÁTERO WESLEYANO

           O Quadrilátero Wesleyano é uma teoria que é creditada a John Wesley, um dos líderes do movimento Metodista da Igreja Protestante no século dezoito. É designado a servir aos cristãos, mas suas idéias básicas podem ser aplicadas virtualmente a qualquer um.

           O Quadrilátero diz que existem quatro autoridade, que nós podemos usar, para tomarmos decisões: -- a Bíblia, a Razão, a Tradição, e a Experiência – explicando-as como segue:

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           A BÍBLIA: Assumindo que existe o Deus teísta (Onisciente, Onipresente e Benevolente), o curso lógico de ação seria fazer o que quer que Ele diga. Ele é Deus, portanto, Ele pode dizer o que Ele quiser, até mesmo, se o que Ele afirma parece contradizer a lógica. Se existe alguma espécie de divindade superior, alguma forma de revelação especial que seja recebida dele deverá ser tratada com a máxima autoridade, uma vez que ela vem do ser que criou a própria lógica. 

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RAZÃO: A maioria das pessoas na sociedade provavelmente usaria a razão, antes da revelação; mas fazer desta forma seria ilógico. Na sua forma mais básica, a lógica não é nada mais do que distinguir o que é verdade e o que não é. Deus é necessariamente a verdade absoluta, então (novamente), qualquer coisa que Ele diga tomaria o lugar do entendimento de lógica humana, porque Sua verdade seria mais verdadeira que as nossas. Na maioria dos casos, não existe conflito entre Deus e a lógica, de maneira que não há necessidade de escolher entre os dois.

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TRADIÇÃO: Embora a tradição seja raramente o fator determinante em um argumento, ela nunca deverá ser desconsiderada simplesmente porque é tradição. Tradição, costumes, e crenças históricas existem por alguma razão, e, embora, algumas vezes, se prove que esta razão está errada, ela é freqüentemente válida. Tradições de uma igreja ou sociedade podem fornecer suporte para uma posição ou crença, mas elas nunca deverão ser usadas como um argumento autônomo.

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           EXPERIÊNCIA: A experiência pessoal pode ser difícil de usar em um argumento, porque é virtualmente impossível prová-las, no dia-a-dia, depois que elas acontecem. No entanto, alguém pode dizer: 'Os poodles não podem voar – (a) Eu nunca os vi voando –(b) ninguém que eu saiba os viu voando; e – (c) Eles não têm asas ou foguete, e vi poucas coisas que podem voar, sem asas ou foguetes'.  Não existe necessidade de recorrer à tradição, razão, ou revelação para se chegar a tal conclusão. Assim como a tradição, embora a experiência muito freqüentemente possa apenas fornecer suporte para um argumento.

           A idéia de um Quadrilátero é executada em todas aquelas quatro partes que estão ligadas. De maneira ideal, uma afirmação ou proposição concordaria com todas as quatro partes, mas a revelação toma a precedência absoluta. A razão vem em seguida; a tradição e a experiência seguem de perto. Ou se você preferir, as experiências das pessoas no passado.

Dr. John Smith




Ttradução: izilda Bella