domingo, 18 de dezembro de 2011

Magnificat

Magnificat (também conhecida como Canção de Maria) é um cântico entoado (ou recitado) frequentemente na liturgia dos serviços eclesiásticos cristãos. O texto do cântico vem diretamente do Evangelho segundo Lucas,[1] onde é recitado pela Virgem Maria na ocasião da Visitação de sua prima Isabel. Na narrativa, após Maria saudar Isabel, que está grávida com aquele que será conhecido como João Batista, a criança se mexe dentro do útero de Isabel. Quando esta louva Maria por sua fé, Maria entoa o Magnificat como resposta.
O cântico ecoa diversas passagens do Antigo Testamento, porém a alusão mais notável são as feitas à Canção de Ana, dos Livros de Samuel.[2] Juntamente com o Benedictus e o Nunc dimittis, e diversos outros cânticos do Antigo Testamento, o Magnificat foi incluído no Livro de Odes, uma antiga coletânea litúrgica encontrada em alguns manuscritos da Septuaginta.
No cristianismo, o Magnificat é recitado com mais frequência dentro da Liturgia das Horas. No cristianismo ocidental o Magnificat é mais cantado ou recitado durante o principal serviço vespertino: as Vésperas, no catolicismo romano, e a Oração Vespertina (Evening Prayer ou Evensong, em inglês), dentro do anglicanismo. No cristianismo oriental o Magnificat costuma ser cantado durante as Matinas de domingo. Em certos grupos protestantes o Magnificat pode ser cantado durante os serviços de culto.

Texto original em grego

Μεγαλύνει ἡ ψυχή μου τὸν Κύριον καὶ ἠγαλλίασε τὸ πνεῦμά μου ἐπὶ τῷ Θεῷ τῷ σωτῆρί μου,
ὅτι ἐπέβλεψεν ἐπὶ τὴν ταπείνωσιν τῆς δούλης αὐτοῦ. ἰδοὺ γὰρ ἀπὸ τοῦ νῦν μακαριοῦσί με πᾶσαι αἱ γενεαί.
ὅτι ἐποίησέ μοι μεγαλεῖα ὁ δυνατός καὶ ἅγιον τὸ ὄνομα αὐτοῦ, καὶ τὸ ἔλεος αὐτοῦ εἰς γενεὰς γενεῶν τοῖς φοβουμένοις αὐτόν.
Ἐποίησε κράτος ἐν βραχίονι αὐτοῦ, διεσκόρπισεν ὑπερηφάνους διανοίᾳ καρδίας αὐτῶν·
καθεῖλε δυνάστας ἀπὸ θρόνων καὶ ὕψωσε ταπεινούς, πεινῶντας ἐνέπλησεν ἀγαθῶν καὶ πλουτοῦντας ἐξαπέστειλε κενούς.
ἀντελάβετο Ἰσραὴλ παιδὸς αὐτοῦ, μνησθῆναι ἐλέους, καθὼς ἐλάλησε πρὸς τοὺς πατέρας ἡμῶν, τῷ Ἀβραὰμ καὶ τῷ σπέρματι αὐτοῦ εἰς τὸν αἰῶνα.

Texto original em latim

Magnificat anima mea Dominum
Et exultavit spiritus meus in Deo salutari meo.
Quia respexit humilitatem ancillæ suæ: ecce enim ex hoc beatam me dicent omnes generationes.
Quia fecit mihi magna qui potens est, et sanctum nomen eius.
Et misericordia eius a progenie in progenies timentibus eum.
Fecit potentiam in brachio suo, dispersit superbos mente cordis sui.
Deposuit potentes de sede et exaltavit humiles.
Esurientes implevit bonis et divites dimisit inanes,
Suscepit Israel puerum suum recordatus misericordiæ suæ,
Sicut locutus est ad patres nostros, Abraham et semini eius in sæcula.

Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto
Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum.
Amen.

Tradução para português

A minh'alma engrandece o Senhor e o meu espírito se alegrou em Deus meu Salvador
Pois Ele me contemplou na humildade da sua serva
Pois desde agora e para sempre me considerarão bem-aventurada
Pois o Poderoso me fez grandes coisas

Santo é Seu nome!

A Sua misericórdia se estende a toda a geração daqueles que o temem
Com o Seu braço agiu mui valorosamente
Dispersou os que no coração tem pensamentos soberbos
Derrubou dos seus tronos os poderosos

Exaltou os humildes, encheu de bens os famintos
despediu vazios os ricos
Amparou a Israel Seu servo para lembrar-se da Sua misericórdia
A favor de Abraão e sua descendência
Como havia falado a nossos pais.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.



Notas:

  • 1 ↑ Lucas, 1:46-55

  • 2 ↑ 2 Samuel 2:1-10



  • quarta-feira, 16 de novembro de 2011

    GOVERNO DE MINAS TERÁ QUE EXPLICAR OFENSAS FEITAS CONTRA SIND-UTE/MG



    Em pleno feriado que marca a comemoração da Proclamação da República, o Governo de Minas deu uma aula de incivilidade: utilizou-se de recursos públicos para atacar entidade legalmente constituída, o que configura improbidade administrativa.
    É que o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) foi alvo de calúnia durante exibição de propaganda paga na TV.  Sem o menor pudor, o governo acusou publicamente milhares de professores da rede estadual de ensino de serem mentirosos.
    Indignados com essa situação, os deputados estaduais  Rogério Correia (PT) e Antônio Júlio (PMDB) protocolaram nesta quarta-feira, 16/11, requerimento na Assembleia Legislativa exigindo do governo informações do custo total das OFENSAS feitas aos professores, bem como o pedido de depoimento de Andreia Neves na ALMG sobre o assunto.
    Na próxima sexta-feira, 18/11, os deputados da oposição se reúnem com o secretário de Governo Danilo de Castro para uma nova rodada de negociação sobre as reivindicações apresentadas pelos servidores estaduais da Educação. Na ocasião, Rogério pretende apresentar o requerimento, expressando o repúdio de toda uma categoria contra o desrespeito com que é tratada pelo governo do Estado.
    Abaixo, o requerimento na íntegra.
    REQUERIMENTO

    Exmo Sr. Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.

    Os Deputados que este subscrevem, regimentalmente apoiados, requerem seja encaminhado ao Governador do Estado pedido de informações sobre os gastos com a publicidade veiculada nas rádios, televisões e jornais, a partir do dia 11 de novembro, onde contesta afirmações do SINDUTE – Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais e aborda as negociações em andamento, com a participação de membros desta Casa, com o propósito de discutir o reposicionamento e o aprimoramento das tabelas das carreiras da educação. Solicitamos ainda que seja explicitado pelo governo a justificativa política de tal publicidade, uma vez que ainda estão em andamento os trabalhos da comissão de negociação, da qual somos integrantes.
    Sala das Reuniões, 16 de novembro de 2011


    Deputado Rogério Correia
    Líder da Bancada do PT
    Deputado Antônio Júlio
    Líder da Bancada do PMDB

    FONTE: 
     http://www.rogeriocorreia.com.br/noticia/governo-de-minas-tera-que-explicar-ofensas-feitas-contra-sind-utemg/

    domingo, 2 de outubro de 2011

    Daniel Hogberg


    Daniel Hogberg (Nasceu em Vargon, Suécia em 19 de abril de 1884,e morreu 1963 aos 79 anos), mais conhecido como Daniel Berg, foi um missionário evangelista pentecostal sueco que atuou no início do século XX na Amazônia e Nordeste brasileiro. Juntamente com Gunnar Vingren, iniciou o movimento que deu origem à denominação Assembleia de Deus no Brasil com 8 milhões de membros no país (IBGE 2000), sendo a maior igreja evangélica do país.
    Daniel Berg era filho dos batistas Gustav Verner Högberg e Fredrika Högberg. Aprendeu a profissão de ferreiro fundidor, converteu-se e foi batizado nas águas em 1899. Foi para os Estados Unidos em 5 de Março de 1902 (aos 18 anos), chegando em Boston em 25 de março. Em visita à Suécia tomou conhecimento sobre o movimento pentecostal por um amigo e ao retornar aos Estado Unidos (1909) passa pela experiência pentecostal. Nessse ano, em uma conferência em Chicago, conhece o pastor Gunnar Vingren.
    Daniel Berg aportou em Belém, capital do Pará, em 19 de novembro de 1910, juntamente com seu amigo e também missionário Gunnar Vingren e iniciaram a propagação pentecostal com proselitismo na Igreja Batista de Belém. No Brasil, estudou português, empregou-se como caldeireiro e fundidor na Companhia Port of Pará.
    No início de 1920 visitou a Suécia e se casou com Sara Julho. No ano seguinte o casal veio ao Brasil e em 1927 mudou-se para São Paulo.

    Fonte: 

    segunda-feira, 12 de setembro de 2011

    Teologia liberal


    Teologia liberal (ou liberalismo teológico) foi um movimento teológico cuja produção se deu entre o final do século XVIII e o início do século XX. Relativizando a autoridade da Bíblia, o liberalismo teológico estabeleceu uma mescla da doutrina bíblica com a filosofia e as ciências dareligião. Ainda hoje, um autor que não reconhece a autoridade final da Bíblia em termos de fé e doutrina é denominado, pelo protestantismo ortodoxo, de "teólogo liberal".
    Oficialmente, a teologia liberal se iniciou, no meio evangélico, com o alemão Friedrich Schleiermacher(1768-1834), o qual negava essa autoridade e igualmente a historicidade dos milagres de Cristo. Ele não deixou uma só doutrina bíblica sem contestação. Para ele, o que valia era o sentimento humano: se a pessoa "sentia" a comunhão com Deus, ela estaria salva, mesmo sem crer no Evangelho de Cristo.
    Meio século depois de Schleiermecher, outro teólogo questionou a autoridade Bíblica, Albrecht Ritschl (falecido em 1889). Para Ritschl, a experiência individual vale mais que a revelação escrita. Assim, pregava que Jesus só era considerado Filho de Deus porque muitos assim o criam, mas na verdade era apenas um grande gênio religioso. Negou assim sistematicamente a satisfação de Cristo pelos pecados da humanidade, Pregava que a entrada no Reino de Deus se dava pela prática da caridade e da comunhão entre as pessoas, não pela fé em Cristo.
    Fonte: 
    Ernst Troeschl (falecido em 1923) foi outro destacado defensor do liberalismo teológico. Segundo ele, o cristianismo era apenas mais uma religião entre tantas outras, e Deus se revelava em todas, sendo apenas que o cristianismo fora o ápice da revelação. Dessa forma, tal como Schleiermacher, defendia a salvação de não-cristãos, por essa alegada "revelação de Deus" em outras religiões.

    Teologia Calvinista John Knox (1505/15?-1587)


    Os seguidores do movimento iniciado por Zwínglio e estruturado por Calvino se espalharam imediatamente por toda a Europa. Na França eles eram chamados de huguenotes; na Inglaterra, puritanos; na Suíça e Países Baixos, reformados; na Escócia, presbiterianos.

    A Escócia é uma país muito importante na história do protestantismo reformado. Foi lá que surgiu o nome presbiteriano. Por isto, alguns livros de história afirmam que o presbiterianismo nasceu na Escócia.

    O grande nome da reforma escocesa é John Knox. Pouco se sabe a respeito dos primeiros anos de sua vida. Supõe-se que tenha nascido entre os anos 1505 a 1515. Estudou teologia e foi ordenado sacerdote, possivelmente em 1536. Não se sabe quando e em que circunstâncias ocorreu a sua conversão. Em 1547 foi levado para a França, onde ficou preso dezenove meses, por causa de sua fé. Libertado, foi para a Inglaterra, onde exerceu o pastorado por dois anos. Em 1554 teve que fugir da Inglaterra, indo, inicialmente, para Frankfurt, e depois para Genebra, onde foi acolhido por Calvino. Em 1559 voltou para a Escócia, onde liderou o movimento de reforma religiosa. Sua influência extrapolou a área religiosa, atingindo também a vida política e social do país.  Sob a sua influência, o parlamento escocês declarou o país oficialmente protestante, em dezembro de 1567. A igreja organizada por ele e seus auxiliares recebeu o nome de Igreja Presbiteriana. John Knox faleceu no dia 24 de novembro de 1587.

    O presbiterianismo foi levado da Escócia para a Inglaterra; de lá, para os Estados Unidos da América.

    Em 1726 teve início um grande despertamento espiritual nos Estados Unidos. Este despertamento levou os presbiterianos a se interessarem por missões estrangeiras. Missionários foram enviados para vários países, inclusive o Brasil. No dia 12 de agosto de 1859 chegou ao nosso país o primeiro missionário presbiteriano: Ashbel Green Simonton. [Este foi fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil www.ipb.org.br .]

    Autor: Rev. Adão Carlos Nascimento

    Igreja Presbiteriana de Campinas, site http://www.ipcamp.org.br

    HISTÓRIA DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL - PRESBITERIANISMO



    por Rev. Alderi Souza de Matos
    Introdução
    As origens históricas mais remotas do presbiterianismo remontam aos primórdios da Reforma Protestante do século XVI. Como é bem sabido, a Reforma teve início com o questionamento do catolicismo medieval feito pelo monge alemão Martinho Lutero (1483-1546) a partir de 1517. Em pouco tempo, os seguidores desse movimento passaram a ser conhecidos como “luteranos” e a igreja que resultou do mesmo foi denominada Igreja Luterana.
    Poucos anos após o início da dissidência luterana na Alemanha, surgiu na região de língua alemã da vizinha Suíça, mais precisamente na cidade de Zurique, um segundo movimento de reforma protestante, freqüentemente denominado “Segunda Reforma.” Esse movimento teve como líder inicial o sacerdote Ulrico Zuínglio (1484-1531) e, pretendendo reformar a igreja de maneira mais profunda que o movimento de Lutero, passou a ser conhecido como movimento reformado, e seus seguidores como “reformados.” Assim sendo, as igrejas derivadas do movimento auto-denominaram-se igrejas reformadas.
    Apesar do seu aparente radicalismo, Lutero e seus seguidores romperam com a igreja majoritária somente nos pontos em que viam conflitos irreconciliáveis com as Escrituras. Especialmente na área crucial do culto, os luteranos julgavam que era legítimo manter tudo aquilo que não fosse explicitamente proibido pela Bíblia. Já os reformados partiam de um princípio diferente, entendendo que só deviam abraçar aquilo que fosse claramente preconizado pelas Escrituras. Foi isso que os levou a uma ruptura mais profunda com o catolicismo.
    I. João Calvino
    Após a morte de Zuínglio em 1531, o movimento reformado passou a ter um novo líder, que revelou-se muito mais articulado e influente que o anterior: João Calvino (1509-1564). Calvino nasceu em Noyon, no nordeste da França, e ainda adolescente foi estudar teologia e humanidades em Paris. Depois de um breve período em Orléans e Bourges, quando dedicou-se ao estudo do direito, retornou a Paris para dar continuidade aos estudos humanísticos que tanto o fascinavam. Em 1532, publicou o seu primeiro livro, um comentário do tratado de Sêneca De Clementia.
    O humanismo que empolgou os primeiros líderes das igrejas reformadas, Zuínglio e Calvino, foi o extraordinário movimento intelectual que marcou a transição entre a Idade Média e o período moderno. Uma das características marcantes desse movimento foi o seu profundo interesse pela antigüidade clássica, o período áureo da civilização greco-romana. Entre as obras clássicas que atraíam a atenção de muitos estava a Bíblia, particularmente o Novo Testamento. Isso levou ao surgimento de uma categoria específica de humanistas bíblicos devotados ao estudo das Escrituras em seus originais gregos e hebraicos. O maior desses humanistas cristãos foi o célebre Erasmo de Roterdã (c.1466-1536), cuja edição crítica do Novo Testamento baseada em textos gregos foi avidamente estudada e utilizada pelos reformadores suíços.
    Em 1533, Calvino teve uma experiência de conversão à fé evangélica. Forçado a fugir de Paris por causa das suas novas convicções, dirigiu-se para a cidade de Angoulême. Pouco depois, começou a escrever a sua obra magna, a Instituição da Religião Cristã ou Institutas, publicada em Basiléia em 1536. Nesse mesmo ano, de maneira totalmente inesperada, Calvino viu-se convocado a auxiliar a implantação da fé reformada na cidade de Genebra, na Suíça francesa. Após um interregno de três anos em Estrasburgo (1538-1541), o reformador retornou a Genebra e ali permaneceu até o final da sua vida.
    Graças a sua vasta e competente produção teológica, sua habilidade como organizador e seus contatos pessoais com inúmeros indivíduos e comunidades em toda a Europa, Calvino exerceu uma poderosa influência e contribuiu para a disseminação do movimento reformado em muitos países. Em 1559, ele fundou a Academia de Genebra, que colaborou decisivamente para a formação de toda uma nova geração de líderes reformados. Dada a importância desse reformador, um novo termo surgiu para designar os reformados: “calvinistas.”
    Nas Institutas, comentários bíblicos, sermões, tratados e outros escritos que produziu, Calvino articulou um sistema completo de teologia cristã que ficou conhecido como calvinismo. Esse sistema incluía normas específicas, retiradas das Escrituras, acerca da doutrina, do culto e da forma de governo das comunidades reformadas. Na base do sistema estava a ênfase no conceito da absoluta soberania de Deus como criador, preservador e redentor do mundo. A estrutura eclesiástica preconizava o governo das comunidades por presbíteros e a associação das igrejas em presbitérios regionais e em sínodos nacionais.
    II. Europa Continental
    Logo após o início da carreira de Calvino, o movimento reformado começou a difundir-se em muitas regiões da Europa, notadamente na França, no vale do Reno (Alemanha e Países Baixos), na leste europeu e nas Ilhas Britânicas. Vários fatores contribuíram para essa difusão. Em primeiro lugar, a ampla divulgação das idéias de Calvino através da imprensa e de outros meios; em segundo lugar, o intenso deslocamento de refugiados que procuravam escapar da repressão religiosa em seus países; finalmente, o papel irradiador desempenhado por Genebra e outras cidades reformadas. Muitos homens e mulheres iam a Genebra, eram treinados nos preceitos da fé reformada e retornavam aos seus países imbuídos das novas idéias.
    Como era de se esperar, Calvino nutria grande interesse pela propagação da fé evangélica no seu próprio país, a França. Ali, apesar de intensas perseguições, o movimento reformado experimentou notável crescimento na década de 1550. Em 1559, reuniu-se o primeiro sínodo da Igreja Reformada de França, representando cerca de duas mil comunidades locais. Pela primeira vez, o presbiterianismo era organizado em âmbito nacional. Esse sínodo aprovou uma importante declaração da fé reformada, a Confissão Galicana.
    Muitos dos reformados franceses, conhecidos como huguenotes, eram artesãos, comerciantes e nobres, e estavam concentrados principalmente no oeste e sudoeste do país. Seus conflitos políticos com o partido católico liderado pela família Guise-Larraine levaram a um longo período de guerras religiosas (1562-1598). O episódio mais sangrento foi o massacre do Dia de São Bartolomeu (24-08-1572), em que milhares de huguenotes foram mortos à traição em Paris e no interior da França, entre eles o famoso almirante Gaspard de Coligny. A paz só foi restaurada em 1598, quando o rei Henrique IV, um ex-huguenote, promulgou o Edito de Nantes, concedendo liberdade religiosa aos reformados. Esse edito foi revogado por Luís XIV em 1685, fazendo com que cerca de 300 mil huguenotes abandonassem a França.
    Em virtude da proximidade geográfica, o movimento reformado desde cedo também penetrou no sul da Alemanha. O movimento cresceu com a chegada de milhares de refugiados vindos de outras regiões, como a França e os Países Baixos. Estrasburgo foi um importante centro reformado entre 1521 e 1549, tendo como líder o reformador Martin Butzer. Como já foi apontado, Calvino ali residiu durante três anos (1538-1541). Em Heidelberg, o príncipe Frederico III criou uma grande universidade que tornou-se o centro do pensamento reformado na Alemanha. Nessa cidade foi escrito em 1563 o Catecismo de Heidelberg. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) resultou no reconhecimento definitivo das igrejas reformadas alemãs, que receberam o influxo de sessenta mil refugiados huguenotes após a revogação do Edito de Nantes.
    Nos Países Baixos, a fé reformada surgiu inicialmente em Antuérpia, em 1555. Em dez anos, formaram-se mais de trezentas igrejas, em parte devido à chegada de imigrantes huguenotes que fugiam das guerras religiosas em seu país. Essas igrejas adotaram como sua declaração de fé a Confissão Belga, escrita por Guido de Brès em 1561. O calvinismo foi implantado na Holanda no contexto da guerra da independência contra a Espanha, iniciada em 1566 sob a liderança de Guilherme de Orange. Como resultado do conflito, os Países Baixos dividiram-se em três nações: Bélgica e Luxemburgo (católicos) e Holanda (reformada). O primeiro sínodo nacional das igrejas reformadas holandesas reuniu-se em 1571 na cidade de Emden, na Alemanha, e adotou um sistema presbiterial de governo baseado no modelo francês. Eventualmente, a igreja reformada tornou-se oficial, embora nem toda a população tenha aderido ao movimento. No início do século XVII, uma disputa teológica resultou no Sínodo de Dort (1618-1619), que rejeitou as idéias de Tiago Armínio acerca da predestinação e afirmou os chamados “cinco pontos do calvinismo” (depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança dos santos).
    Quanto à Europa oriental, na década de 1540, graças a contatos com cidades suíças, surgiram igrejas reformadas na Polônia e na Boêmia (Checoslováquia), e mais tarde também na Hungria. Na Boêmia, o movimento reformado associou-se aos Irmãos Boêmios, os sucessores do antigo movimento liderado pelo pré-reformador João Hus, morto em 1415. Na Polônia e na Lituânia, as igrejas calvinistas experimentaram grande crescimento, mas eventualmente foram suprimidas pela Contra-Reforma. A fé reformada foi introduzida na Hungria em 1549, através de contatos com Zurique, mas as igrejas sofreram perseguições de 1677 a 1781. A igreja reformada húngara viria a ser uma das maiores do mundo.
    III. Ilhas Britânicas
    Especialmente importante para a fé reformada foi a sua introdução nas Ilhas Britânicas. Nessa região é que surgiu o outro nome histórico associado ao movimento: “presbiterianismo.” Esse nome tinha ao mesmo tempo conotações teológicas e políticas. Os reis ingleses e escoceses eram firmes partidários do episcopalismo, ou seja, de uma igreja governada por bispos. Como esses bispos eram nomeados pela coroa, esse sistema favorecia o controle da igreja pelo estado. Assim sendo, a insistência dos reformados da Escócia e Inglaterra em uma igreja governada por presbíteros, eleitos pelas congregações e reunidos em concílios, era uma reivindicação de independência da igreja em relação ao poder público. Tal foi a origem histórica do termo “presbiteriano” ou “igreja presbiteriana.”
    O protestantismo reformado foi levado para a Escócia por George Wishart, que estudara na Suíça e foi morto na fogueira em 1546. As primeiras igrejas reformadas surgiram no final da década seguinte. Os eventos se precipitaram com o retorno do líder John Knox (c. 1514-1572), que passou alguns anos em Genebra como refugiado, estudou aos pés de Calvino e retornou ao seu país em 1559. No ano seguinte, o Parlamento aboliu o catolicismo e adotou a fé reformada (Confissão Escocesa). Em dezembro de 1560, reuniu-se a primeira assembléia geral da Igreja Presbiteriana escocesa, que elaborou o Livro de Disciplina. Todavia, o Parlamento não aceitou esse primeiro Livro de Disciplina – que prescrevia a forma presbiteriana de governo –, mas manteve o episcopado como instrumento de controle estatal da igreja.
    Ironicamente, entre 1561 e 1567 a Escócia formalmente presbiteriana foi governada por uma rainha católica, Maria Stuart. Após a morte de Knox, Andrew Melville (1545-1622), outro ex-exilado em Genebra, tornou-se o principal defensor do sistema presbiteriano e de uma igreja autônoma do estado. Os próximos quatro reis, especialmente Carlos II (1660-85), procuraram impor o anglicanismo e perseguiram os presbiterianos. Estes fizeram um pacto nacional para defender a sua fé e ficaram conhecidos como “covenanters” (pactuantes). Somente em 1689 o presbiterianismo foi estabelecido definitivamente, embora algumas modificações feitas pelo Parlamento, como a Lei do Patrocínio Leigo (1717), tenham produzido várias divisões na igreja.
    Na Inglaterra, surgiram fortes influências reformadas desde o reinado de Eduardo VI (1547-1553). Martin Butzer, o reformador de Estrasburgo, passou seus últimos anos naquele país. Calvino correspondeu-se com o rei Eduardo, com Somerset, o lorde protetor, e com Thomas Cranmer, o arcebispo de Cantuária. O Livro de Oração Comum e os Trinta e Nove Artigos revelam clara influência reformada. Durante o reinado intolerante de Maria Tudor (1553-1558), alcunhada “a sanguinária”, muitos protestantes ingleses refugiaram-se em Zurique e Genebra. Porém, a rainha Elizabete I (1558-1603) não apreciava os aspectos populares da forma presbiteriana de governo, preferindo uma estrutura episcopal que deixava o controle último da igreja nas mãos das autoridades civis.
    No reinado de Elizabete surgiram os puritanos, alguns dos quais sustentavam princípios presbiterianos. Em outras palavras, os puritanos eram todos calvinistas, mas nem todos aceitavam a forma de governo presbiteriana. O nome “puritanos” resultou da insistência desses reformados em que a Igreja da Inglaterra fosse pura, ou seja, seguisse os moldes bíblicos em sua doutrina, culto e governo. Por causa de sua firme oposição ao episcopalismo e a sua luta pela reforma da igreja estatal inglesa, os puritanos foram objeto de forte repressão por parte de Elizabete. Seus sucessores, Tiago I (1603-1625) e Carlos I (1625-1649), que governaram simultaneamente a Inglaterra e a Escócia, continuaram a opor-se aos puritanos.
    No reinado de Carlos ocorreu um evento marcante na história do presbiterianismo. Esse rei tentou impor o episcopalismo na Igreja da Escócia e acabou envolvido em uma guerra contra os seus próprios súditos. Vendo-se em dificuldades, precisou convocar a eleição de um parlamento na Inglaterra, eleição essa que resultou em uma maioria parlamentar puritana. Dissolvido o parlamento, foi feita nova eleição, que tornou a maioria puritana ainda mais expressiva. A conseqüência foi a guerra civil, que terminaria com a execução do rei. Esse parlamento puritano convocou a célebre Assembléia de Westminster (1643-1648), que produziu os “padrões presbiterianos” de culto, governo e doutrina. Quando esses documentos foram aprovados pelo parlamento, a Igreja da Inglaterra deixou de ser episcopal e tornou-se presbiteriana. Porém, depois que Carlos II tornou-se rei em 1660, houve a restauração do episcopado e seguiram-se vários anos de repressão contra os presbiterianos. Com o tempo, os padrões de Westminster tornaram-se os principais documentos teológicos adotados pelas igrejas reformadas em todo o mundo.
    A tradição reformada teve início na Irlanda com a Colônia de Ulster, a partir de 1606. No esforço de “domesticar” os irlandeses, o governo inglês implantou comunidades inglesas e escocesas nas regiões devastadas pela guerra ao norte da ilha. Aos imigrantes escoceses, que levaram consigo o seu presbiterianismo, uniram-se puritanos ingleses e huguenotes franceses. Houve uma rígida separação étnica entre os novos moradores e os irlandeses católicos do sul, e grande violência destes contra os presbiterianos. Graças aos capelães de um exército pacificador, um presbitério foi fundado no Ulster em 1642 e em 1660 eles já eram cinco. Os colonos alcançaram prosperidade na nova terra, mas também se viram sujeitos a restrições políticas, econômicas e religiosas impostas pelo governo inglês, além de calamidades naturais como estiagens prolongadas. Com isso, a partir de 1715, os “escoceses-irlandeses” começaram a sua grande migração para os Estados Unidos. Até 1775, pelo menos 250 mil iriam cruzar o Atlântico.
    IV. Estados Unidos
    O calvinismo chegou à América do Norte com os puritanos ingleses que se radicaram em Massachusetts no início do século XVII. O primeiro grupo fixou-se em Plymouth em 1620 e o segundo fundou as cidades de Salem e Boston em 1630. Nas décadas seguintes, mais de 20 mil puritanos cruzaram o Atlântico em busca de liberdade religiosa e novas oportunidades. Todavia, esses calvinistas optaram pelo forma de governo congregacional, não pelo sistema presbiteriano.
    Muitos calvinistas que aceitavam a forma de governo presbiteriana vieram do continente europeu. Dentre os primeiros estavam os holandeses que fundaram Nova Amsterdã (depois Nova York) em 1623. Os huguenotes franceses também foram em grande número para a América do Norte, fugindo da perseguição religiosa em sua pátria. Um numeroso contingente de reformados alemães igualmente emigrou para os Estados Unidos entre 1700 e 1770. Esses imigrantes formaram as suas próprias denominações e mais tarde muitos deles ingressaram na Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos.
    Muitos presbiterianos escoceses foram diretamente da Escócia para os Estados Unidos nos primeiros tempos da colonização. Todavia, foram os escoceses-irlandeses os principais responsáveis pela introdução do presbiterianismo naquele país. Durante o século XVIII, pelo menos 300 mil cruzaram o Atlântico. Eles se radicaram principalmente em Nova Jersey, Pensilvânia, Maryland, Virgínia e nas Carolinas. No oeste da Pensilvânia, eles fundaram Pittsburgh, por muito tempo a cidade mais presbiteriana dos Estados Unidos. O Rev. Ashbel Green Simonton, o introdutor do presbiterianismo no Brasil, era descendente desses escoceses-irlandeses da Pensilvânia.
    No século XVII as comunidades presbiterianas dos Estados Unidos viviam dispersas. Foi só no início do século seguinte que elas começaram a unir-se em concílios. Nesse esforço, destacou-se o Rev. Francis Makemie (1658-1708), considerado o “pai do presbiterianismo americano.” Ordenado na Irlanda do Norte em 1683, ele foi logo em seguida para a América do Norte. Makemie fundou diversas igrejas em Maryland e viajou extensamente encorajando os presbiterianos. Como a Igreja Anglicana era a igreja oficial de várias colônias, ele sofreu muitas perseguições. Chegou mesmo a ser preso em Nova York em 1706.
    Sob a liderança de Makemie, foi organizado em 1706 o Presbitério de Filadélfia. Em 1717, organizou-se o Sínodo de Filadélfia, composto de quatro presbitérios. Ao todo, a denominação tinha apenas dezenove pastores, quarenta igrejas e cerca de três mil membros. Em 1729, foi aprovado o “Ato de Adoção,” que aceitou a Confissão de Fé e os Catecismos de Westminster como padrões doutrinários do Sínodo. De 1741 a 1758, os presbiterianos dividiram-se em dois grupos por causa de diferenças acerca do avivamento e da educação teológica: Ala Velha (Sínodo de Filadélfia) e Ala Nova (Sínodo de Nova York).
    Nesse período de divisão, vários evangelistas notáveis como Samuel Davies, Alexander Craighead e Hugh McAden trabalharam com grande êxito no sul do país, especialmente na Virgínia e nas Carolinas. Durante a Revolução Americana, os presbiterianos tiveram uma atuação destacada. O Rev. John Witherspoon (1723-1794), um escocês que foi presidente da Universidade de Princeton por vinte e cinco anos, foi o único pastor que assinou a Declaração de Independência dos Estados Unidos, em 1776. Muitos presbiterianos lutaram na guerra da independência.
    Em 1788, o Sínodo de Nova York e Filadélfia dividiu-se em quatro (Nova York e Nova Jersey, Filadélfia, Virgínia e Carolinas). No dia 21 de maio de 1789, reuniu-se pela primeira vez a “Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América.” Naquela época, a Igreja Presbiteriana era a denominação mais influente do país. Em 1800, contava com 180 pastores, 450 igrejas e cerca de 20 mil membros.
    Em 1801, presbiterianos e congregacionais iniciaram um trabalho cooperativo conhecido como “Plano de União.” O objetivo era evangelizar com mais eficiência a população que estava indo para o oeste, a chamada “fronteira.” Foi esse o período do avivamento conhecido como Segundo Grande Despertamento. O resultado foi um avanço fenomenal. Em 1837, a Igreja Presbiteriana já contava com 2140 pastores, quase 3000 igrejas e 220 mil membros. O Seminário de Princeton foi fundado em 1812. Entre seus grandes professores estiveram Archibald Alexander, Charles Hodge, A.A. Hodge e Benjamin B. Warfield.
    Devido a uma controvérsia sobre os requisitos para a ordenação de ministros, surgiu em 1810 a Igreja Presbiteriana de Cumberland, no Tennessee. Uma divisão mais séria ocorreu entre os grupos conhecidos como Velha Escola e Nova Escola, aquele sendo mais apegado aos padrões de Westminster do que este. Em 1837, a Velha Escola obteve a maioria na Assembléia Geral, cancelou o Plano de União de 1801 e excluiu quatro sínodos inteiros, dividindo ao meio a denominação. No mesmo ano, foi criada a Junta de Missões Estrangeiras, sediada em Nova York, que 22 anos mais tarde enviaria o seu primeiro missionário ao Brasil.
    Finalmente, em 1857 e 1861 ocorreram novas divisões, desta vez ocasionadas pelo problema da escravidão. As igrejas Nova Escola e Velha Escola do sul, favoráveis à escravidão, separaram-se das do norte. Eventualmente, foram criadas duas grandes denominações presbiterianas, a Igreja do Norte (PCUSA) e a Igreja do Sul (PCUS). Os missionários pioneiros dessas duas igrejas chegaram ao Brasil respectivamente em 1859 (Ashbel G. Simonton) e 1869 (Edward Lane e George N. Morton).

    Fonte:  http://www.ipb.org.br/institucional.php3?idins=65

    sábado, 19 de março de 2011

    DE ONDE VEIO O PENTECOSTALISMO




    A Teologia de John Wesley

    Quais são as raízes do Pentecostalismo? Em outras palavras, de onde ele veio?
    “Qualquer estudo sobre o Pentecostalismo deve dar muita atenção aos acontecimentos  do período do reavivamento na Europa e EUA,  nos séculos 17 e 18, e, particularmente, à doutrina da perfeição cristã ensinada por John Wesley...”  (1).
    A compreensão do Pentecostalismo começa com a compreensão da específica doutrina de Wesley com referência à santificação. Então, para iniciar este estudo, precisamos falar da teologia de John Wesley.

    Parte I - Metodismo do Século 18 (Teologia Wesleyana)

              A pregação de Jonathan Edwards, George Whitefield e outros, nos anos 1730, presenciou a difusão de um reavivamento através de Gales, Inglaterra, Escócia, Irlanda e outros lugares, enfatizando o arrependimento e a pureza, dentro das igrejas, e despertando o senso das pessoas para a santidade de Deus. Na Inglaterra, o movimento chegou, eventualmente, sob o controle de John Wesley (1703-1791).
    John Wesley foi despertado pelos grandes reavivamentos que enfatizavam a santificação da vida cristã (Pietismo), pela doutrina da justificação somente pela fé, de João Calvino e, também, por uma forte ênfase sobre a santificação, pregada na Contra-Reforma Católica. Ele foi, ainda, influenciado pelos temas perfeccionistas dos santos primitivos. Ele combinou alguns aspectos da ênfase católica sobre a perfeição com a ênfase protestante sobre a graça e ensinou que a santificação envolve uma segunda obra da graça, à parte da conversão (A origem da Doutrina da “Subseqüência”).
                John Wesley entendia a conversão como sendo uma experiência em duas fases. A primeira fase é a justificação, envolvendo o Espírito Santo atribuindo ou imputando ao crente a justiça de Jesus Cristo. A segunda fase é o novo nascimento, envolvendo o princípio da santificação, o princípio do Espírito compartilhando a justiça ao crente.  Wesley viu a justificação como sendo a porta para a santificação. Ele entendia a justificação “exclusivamente pela fé” significando que a justificação acontecia pela fé, ao contrário da santificação, que acontecia “pelo Espírito”. Esta santificação se tornou uma segunda obra da graça (Graça era quase sinônimo da obra do Espírito).
    Conforme Wesley, a justificação (justiça imputada) dava ao homem o direito de ir para o céu, mas a santificação (justiça compartilhada) o qualificava para o céu. Wesley quis lembrar à igreja que a verdadeira salvação é completada pela nossa volta ao estado original de justiça, isto é,  Deus restaurando as pessoas à Sua perfeita imagem, na qual Ele originalmente havia criado o homem. A santificação era a obra do Espírito no crente, operando entre a conversão e a morte. Ele acreditava que isso envolvia Deus devolvendo ao Seu povo uma completa e perfeita obediência nesta vida, através do processo de santificação. Deus dá o Seu Espírito àqueles que são justificados, de maneira que eles possam vencer o  pecado. Isso envolve a sua rendição contínua aos impulsos do Espírito e envolve o Espírito continuamente desarraigando os impulsos do pecado da natureza dele (povo).
    Wesley insistia em que a justiça “imputada” deve ser justiça “compartilhada”. Esta ênfase no processo de santificação, conhecido como “completando toda a justificação” (sermos restaurados à nossa justiça original), tornou-se a marca da tradição Wesleyana. Foi aqui que Wesley proveu um ensino distinto sobre a “perfeição cristã”.  Na sua “Short Account of Christian Perfection”  (Resumo da  Perfeição Cristã) (1760), Wesley apressava os cristãos no  sentido de buscarem uma segunda obra da graça, embasados em sua doutrina da “completa santificação”.  Foi esse o princípio do ensino de que a santificação exigia uma experiência espiritual à parte, dada por Deus.
    Vendo o amor próprio  ou orgulho, como a raiz do mal, Wesley ensinou que o “amor perfeito” ou “perfeição  cristã” poderia substituir o orgulho através de uma crise moral da fé. Pela graça, o cristão poderia experimentar o amor enchendo o coração e excluindo o pecado. Ele não viu a perfeição como a falta de pecado, nem entendeu que esta seria conseguida através do mérito. O crente, pela fé, foi levado a uma contínua comunhão com Cristo. Esta não era simplesmente uma perfeição imputada, mas uma real ou compartilhada comunhão de uma perfeição evangélica de amor e intenção.
    Wesley não estava ensinando que o cristão poderia atingir um total estado de impecabilidade.  Ele reconhecia que o cristão sempre iria sofrer de falhas humanas e de transgressões não intencionais, porque ele viu o pecado envolvendo os relacionamentos e intenções, e definiu isso em termos de atitude.
    Wesley fala claramente de um processo que culmina numa segunda e definitiva obra da graça, identificada como completa santificação. Esta santificação completa é definida (segundo Wesley) em termos de “amor puro ou desinteressado”. Wesley acreditava que alguém pode crescer em amor, até que o amor se desvencilhe do interesse próprio, no momento da completa santificação. Assim, os princípios da santidade bíblica ou santificação são os seguintes: a santificação é recebida pela fé como obra do Espírito Santo. Ela começa no momento do novo nascimento. Ela progride gradualmente, até chegar à completa santificação. O conceito de Wesley era que esta segunda obra libertava os cristãos da falha em sua natureza moral, o que é a causa do comportamento pecaminoso.
    O movimento reavivalista na Inglaterra, nos anos 1730, difundiu a Teologia da Santificação de Wesley. Ele abriu a porta ao pensamento de uma “segunda bênção” dada aos cristãos, na qual eles experimentariam uma “santificação instantânea”. Esta foi a semente que, mais tarde, germinou da noção pentecostal de uma segunda  bênção, pelo Batismo no Espírito. E muito mais que isso, mais tarde...
    O século 19 viu a emergência de diferenças teológicas, que também desempenharam o seu papel na origem do Pentecostalismo. Em seguida, falaremos do legado de Edward Irving e da importância do Pré-milenismo do século 19, quando compreendermos  as raízes teológicas do Pentecostalismo.

    A origem da doutrina da prosperidade no Pentecostalismo

    Como foi que a ênfase atual sobre a prosperidade, no Pentecostalismo, chegou ao ponto de prometer riqueza material, através da fé, a todos os cristãos, através da obra de Cristo na cruz?
              A origem da atual Doutrina da Prosperidade pode ser traçada às mudanças radicais dos séculos 15 e 16 e, particularmente, à fundamental influência da obra ética da Reforma e da conseqüente ênfase, dentro do Protestantismo, na busca do dinheiro, em benefício da sociedade e do bem da igreja.
              Mais diretamente, contudo, a Doutrina da Prosperidade, no Pentecostalismo, tem sua origem nos desenvolvimentos teológicos dos séculos 17-19, dentro do Metodismo e do Movimento Holiness (Santificação). Agora, vamos discutir a parte desempenhada por John Wesley e Charles  Finney sobre a “perfeição cristã” (nos anos 1800) e os principais movimentos doutrinários  do século 19, os quais deram origem à Doutrina da Prosperidade.

    A “perfeição cristã” de John Wesley - (anos 1700) - A influência da Reforma Protestante no Metodismo do século 18, sob John Wesley (1703-1791), viu emergir um novo foco sobre a perfeição cristã. O “Clube Santo”, iniciado por John Wesley, seu irmão Charles e George Whitefield, ressaltava a religião “interior”, que insistia numa estrita disciplina e organização e, em 1729, havia conseguido para si mesmo o título de “Metodista”. Wesley e foi fortemente influenciado pelos princípios da  Reforma de Lutero. Em 1739, os metodistas,  sob o controle de John Wesley, haviam se transformado num movimento rapidamente espalhado pelos clubes, sociedades e bandas, com membros altamente compromissados com as “regras” da santidade, disciplina, evangelismo e boas obras.
    A contribuição de John Wesley ao Pentecostalismo veio, particularmente, do seu desenvolvimento de um exclusivo ensino com referência à “perfeição”  cristã. Como já foi dito, na obra “A Short Account of Christian Perfection”, (1760),  Wesley apressava os cristãos no  sentido de buscarem uma segunda obra da graça, embasados em sua doutrina da “completa santificação”, totalmente distanciada do interesse próprio.   Este ensino frisava que a santificação exigia uma experiência espiritual à parte, dada por Deus.
    A  Doutrina da “Perfeição Cristã” exerceu forte influência sobre Charles Finney, o qual, mais tarde, muito contribuiu para o desenvolvimento da Doutrina da Prosperidade no Pentecostalismo. Wesley não teve, ele mesmo, uma  visão da prosperidade como sendo “uma bênção sobrenatural através da fé”, mas, em vez disso, enfatizou uma “prosperidade natural através do trabalho árduo”. Foi ele quem disse: ”A religião tem de, necessariamente, produzir tanto o trabalho como a frugalidade,  e estes não podem senão produzir riqueza”.  Contudo, ele acrescentou: “À medida em que cresce a riqueza, a essência da religião tem decrescido. Então, não posso ver como seja possível, na ordem natural das coisas,  que qualquer reavivamento religioso perdure muito... À medida em que a riqueza cresce, também crescem o orgulho, a ira e o amor a este mundo, em todos os seus ramos”.  Seu moto, contudo, tem tido uma influência contínua: “Consiga tudo que puder, economize tudo que puder e dê tudo que puder”.

    A “Perfeição Cristã” de Charles Finney (Anos 1800) - O Metodismo evoluiu sob a influência de Charles Finney, quando ele colocou a ênfase central numa vida cristã mais elevada pela bênção de
    Deus e no papel central da capacidade humana como meio de atrair a bênção de Deus e o poder do Espírito.
              Charles Finney (1792-1875) gastou 40 anos de sua vida construindo uma Teologia de reavivamento.  O essencial de sua doutrina foi o ensino de que a prática da perfeição cristã era um dever acessível a todos os cristãos. Ele foi fortemente influenciado pela obra de Wesley - Plain Account of Christian Perfection - a qual cristalizou sua crença numa “completa santificação”, como sendo um perfeito estado de confiança em Deus e um compromisso com a Sua vontade.
              Finney ensinou também que Deus havia estabelecido os meios pelos quais os humanos poderiam produzir um reavivamento. Ele acreditava que, não apenas os indivíduos possuíam a capacidade de fazer a escolha de seguir a Cristo, mas também tinham o poder, dentro deles, de viver vidas santas. Ele ensinou que a combinação da ajuda de Deus com um árduo esforço humano era abençoador e reavivador. “Um reavivamento é, naturalmente, o resultado do uso dos meios apropriados, como uma colheita o é do uso dos seus meios naturais” . Em sua obra - “Revival Lectures” (Palestras de Reavivamento) - Finney ensinou que Deus tinha revelado leis de reavivamento na Escritura. Desse modo, quando a igreja obedecia a essas leis, acontecia o reavivamento.
              Em 1835, Charles Finney e Asa Mahan se juntaram aos líderes perfeccionistas do Metodismo.  Mais tarde, Walter e Phoebe Palmer usaram os métodos de reavivamento de Charles Finney, no Movimento Holiness (Santificação), a fim de convocar todos os cristãos a uma experiência com o Espírito Santo, subseqüente à conversão, a qual exigia total compromisso.
              Em 1836, quando Finney se tornou professor no Oberlin College, em Ohio, ele já havia desenvolvido uma ênfase doutrinária distinta, a qual seria o ingrediente chave no desenvolvimento do Movimento Holiness e do Pentecostalismo que o seguiu. “Uma completa, mais elevada e mais estável forma de vida cristã se tornou acessível e foi o privilégio de todos os cristãos”. A Doutrina da Prosperidade do Pentecostalismo herdou a ênfase de Finney e de outros partidários do Metodismo, sobre o Movimento Holiness, através de uma total capacidade, e de um compromisso, e de fé, pare se receber a bênção do Espírito Santo.

    A Nova ênfase sobre a prosperidade - O século 19 viu uma geral e difundida celebração da riqueza na América e em toda parte. A obra do  Rev. Thomas P. Hunt – “The Book of Wealth: In which It Is Proved From The Bible That it is The Duty of Every Man to Become Rich” (1836) se tornou um bestseller. A influência do Darwinismo social, nos bolsos da igreja, pode ser vista nas palavras de John Rockfeller, o qual não se acanhou de declarar: “O crescimento de um grande negócio é simplesmente a sobrevivência do mais capaz... É simplesmente um desenvolvimento da obra da natureza e uma lei de Deus”. O batista Charles H. Cornwell ensinou: “Ficar rico é sua obrigação... Ganhar dinheiro honestamente é pregar o evangelho”.

    A ‘Teologia da Restauração’, no Movimento Holiness -  Dentro do movimento Holiness do século 19, a ênfase sobre o Batismo no Espírito Santo saltou da “perfeição” para a “vida vitoriosa”. A “plenitude do Espírito” era um Cristianismo “mais elevado” e “mais profundo”. A. B. Simpson formulou e expressou quatro doutrinas básicas: salvação, batismo no Espírito, cura divina e a segunda vinda de Cristo, as quais se uniram para formar o “Evangelho Pleno”. Simpson e A. J. Gordon estavam entre os que iniciaram o ensino de que a cura divina fazia parte da reparação de Cristo, conforme Isaías 53:4-5.
              Isso deslanchou a nova “Teologia da Restauração”, a qual ensinava que o batismo no Espírito Santo restaurava completamente ao cristão a relação espiritual que Adão e Eva mantinham com Deus, no Jardim do Éden. Conseqüentemente, o Movimento Holiness começou enfatizando a cura imediata pela fé. A crença numa santificação instantânea e na de ser possuído pelo Espírito já existia. Contudo, agora, o batismo com o Espírito Santo havia trazido uma vida mais elevada em Cristo, a qual reverteria os efeitos físicos da queda, possibilitando, assim, os cristãos a exercerem domínio sobre as enfermidades. Pelos mesmos meios, também, os cristãos poderiam ter uma vida de completa abundância e prosperidade, podendo experimentar vitória, em qualquer área de sua vida.
    A “ciência” de Phineas Quimby (1809-1866), a qual emergiu, também, no século 19, desenvolveu idéias relacionadas à saúde, cura, abundância, prosperidade, riqueza e felicidade, sendo semeadas as sementes que deram origem a uma nova geração de evangelistas, pregando o evangelho da prosperidade. Particularmente, o ensino de Quimby influenciou E. W. Kennyon (1867-1948), o qual desempenhou papel significativo na Doutrina da Prosperidade do século 20, dentro do Pentecostalismo. E. W. Kennion trouxe para o seu Metodismo (o qual, mais tarde, transformou-se em Pentecostalismo) uma nova doutrina envolvendo o intrínseco poder da fé nas palavras. Sua Teologia da Confissão Positiva se juntou à influência de outros pregadores da prosperidade, tais como John Lake, William Branham e Oral Roberts, os quais foram os diretos inspiradores dos modernos embaixadores pentecostais do evangelho da prosperidade, como Kenneth Hagin, Kenneth Copeland, Charles Capps e Frederick Price.

    Artigo: Where Pentecostalism Came From
    Bible Discernment Ministries Inc.-
    Traduzido por Mary Schultze, em 18/06/2008

    terça-feira, 8 de março de 2011

    O QUADRILÁTERO WESLEYANO – EM JOHN WESLEY


    QUADRILÁTERO WESLEYANO

               O Quadrilátero Wesleyano é uma teoria que é creditada a John Wesley, um dos líderes do movimento Metodista da Igreja Protestante no século dezoito. É designado a servir aos cristãos, mas suas idéias básicas podem ser aplicadas virtualmente a qualquer um.

               O Quadrilátero diz que existem quatro autoridade, que nós podemos usar, para tomarmos decisões: -- a Bíblia, a Razão, a Tradição, e a Experiência – explicando-as como segue:

        *
               A BÍBLIA: Assumindo que existe o Deus teísta (Onisciente, Onipresente e Benevolente), o curso lógico de ação seria fazer o que quer que Ele diga. Ele é Deus, portanto, Ele pode dizer o que Ele quiser, até mesmo, se o que Ele afirma parece contradizer a lógica. Se existe alguma espécie de divindade superior, alguma forma de revelação especial que seja recebida dele deverá ser tratada com a máxima autoridade, uma vez que ela vem do ser que criou a própria lógica. 

          *

    RAZÃO: A maioria das pessoas na sociedade provavelmente usaria a razão, antes da revelação; mas fazer desta forma seria ilógico. Na sua forma mais básica, a lógica não é nada mais do que distinguir o que é verdade e o que não é. Deus é necessariamente a verdade absoluta, então (novamente), qualquer coisa que Ele diga tomaria o lugar do entendimento de lógica humana, porque Sua verdade seria mais verdadeira que as nossas. Na maioria dos casos, não existe conflito entre Deus e a lógica, de maneira que não há necessidade de escolher entre os dois.

        *

    TRADIÇÃO: Embora a tradição seja raramente o fator determinante em um argumento, ela nunca deverá ser desconsiderada simplesmente porque é tradição. Tradição, costumes, e crenças históricas existem por alguma razão, e, embora, algumas vezes, se prove que esta razão está errada, ela é freqüentemente válida. Tradições de uma igreja ou sociedade podem fornecer suporte para uma posição ou crença, mas elas nunca deverão ser usadas como um argumento autônomo.

        *
              
               EXPERIÊNCIA: A experiência pessoal pode ser difícil de usar em um argumento, porque é virtualmente impossível prová-las, no dia-a-dia, depois que elas acontecem. No entanto, alguém pode dizer: 'Os poodles não podem voar – (a) Eu nunca os vi voando –(b) ninguém que eu saiba os viu voando; e – (c) Eles não têm asas ou foguete, e vi poucas coisas que podem voar, sem asas ou foguetes'.  Não existe necessidade de recorrer à tradição, razão, ou revelação para se chegar a tal conclusão. Assim como a tradição, embora a experiência muito freqüentemente possa apenas fornecer suporte para um argumento.

               A idéia de um Quadrilátero é executada em todas aquelas quatro partes que estão ligadas. De maneira ideal, uma afirmação ou proposição concordaria com todas as quatro partes, mas a revelação toma a precedência absoluta. A razão vem em seguida; a tradição e a experiência seguem de perto. Ou se você preferir, as experiências das pessoas no passado.

    Dr. John Smith




    Ttradução: izilda Bella