quarta-feira, 18 de março de 2009

Igreja. Uma realidade Visível

IGREJA
Uma realidade Visivel
2ª Edição.

Por Oséias de Lima Vieira

Introdução

A Igreja encaixa-se no plano geral de Deus para unir todas as coisas em Jesus Cristo. É o povo que Deus está formando e por meio do qual ele tem agido na história. Nesse sentido a igreja tem raízes que retrocedem ao antigo testamento, antes mesmo da queda da humanidade. Sua missão estende-se para além de toda a história remanescente e para a eternidade.
Sua história é a dimensão histórica da igreja.
Mas ela tem também uma dimensão universal. Este mundo de espaço e tempo é realmente parte de um universo maior, espiritual, no qual Deus Reina. A igreja é o corpo dado a Cristo o Salvador vitorioso. Deus escolheu colocar a igreja com Cristo no próprio centro de seu plano de reconciliar o mundo consigo.
A missão da Igreja, portanto, é glorificar a Deus executando no mundo as obras do Reino que Jesus iniciou. Isso lhe concede o serviço mais amplo de continuar o ministério que Jesus tinha de “evangelizar aos pobres, apregoar liberdade aos cativos, dar vistas aos cegos, por liberdade os oprimidos, e anunciar o ano aceitável do Senhor”.

O que é ser igreja?
A Bíblia refere à igreja em uma variedade de maneiras. Primeiro e principalmente, ela é o corpo de Cristo.É a noiva de Cristo, o rebanho de Deus, o templo vivo do Espírito Santo de Deus.
Praticamente todas as imagens bíblicas da igreja sugerem um relacionamento essencial e vivo de amor entre Jesus Cristo e ela.
A igreja é uma comunidade de adoração (Gr.Latreia). Precisamos confirmar nossos compromissos com o culto púbico e examinar nossa atitude com relação a ele, como sacerdote neotestamentários é nosso privilégio e responsabilidade, ao nos reunirmos toda semana , levar a Deus uma oferta de louvor (Hebreus 13.15) Por ele, pois, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.
. A adoração aparece freqüentemente nas escrituras, mas de maneira suprema nos salmos, o hinário da igreja judaica. O novo testamento contém muitas expressões da prática da adoração (Mt.6.9; Mc 14:12 At. 3:1 etc.)
A igreja é uma comunidade criada para a comunhão em Cristo (Gr. Koinõnia), A comunhão entre as pessoas e a glorificação de Deus pela igreja acham-se intimamente ligadas, “Portanto acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus”. Koinõnia significa essencialmente participar em algo. A comunhão do novo testamento envolvia a prática da hospitalidade (hebreus 13; 2 1pedro 4;9) . A harmoniosa vida comunitária dos primeiros cristãos constituiu a maior atração da fé para os pagãos da época.
A igreja tem certamente poucas coisas de maior relevância imediata a oferecer ao mundo do que o segredo de um relacionamento humano autêntico. O chamado para experimentar a ágape, portanto, representa um dos desafios mais profundos feito por Cristo à sua igreja..
A igreja é uma comunidade de serviço,(Gr.Diakonia) onde nos identificamos com o nosso dom ou dons concedido pelo Espírito de Deus. A primeira igreja tinha o serviço como mais um meio de dar glória a Deus (1 Pedro 2;12) De modo diferente do mundo gentio, onde a proeminência se associava à autoridade e ao poder coercitivo, Jesus ensinou que ser grande é prestar-se ao serviço humilde (Mc 9:33-37, Lu 22:24-27). O serviço não é o caminho nem a condição para a grandeza , como geralmente supomos ; eles são, antes , a grandeza propriamente dita . Por trás disso acha-se o próprio Jesus .
O ensino Bíblico sobre o ministério da igreja (Diakonia) possui mais três aspectos.
· Os dons do Espírito
Todas as principais passagens do Novo Testamento que tratam deste tema afirmam que um dom ou dons do Espírito é propriamente de todo homem ou mulher verdadeiramente regenerado (Rm 12:3, 1Co 12:7-11, Ef 4:7,16 1Pe 4:10) Cada membro tem uma função no todo. Todo cristão é chamado para ministrar; ser um membro de Cristo é ser ministro de Cristo (1co 12:7,11)
Ministério Especializado
Este é um tipo de dom do Espírito (Gn14:18, Dt 18:15, Êx 3:16), Jesus aplicou este princípio chamando os doze discípulos, e o novo testamento reflete mais tarde este mesmo padrão de nomear anciãos (Presbyteroi) ou bispos (episkopoi), diáconos (diakonoi) (At 14;23, 1Tm 3:1-3, Tt1:5) e os evangelistas, pastores e mestres * Profetas e Apóstolos. (Ef 4:11)
Os vários tipos de ministérios não implicam que a vida Cristã tenha dois níveis, correspondendo a líderes e o povo. A distinção entre ministério especializado e leigo (Gr. Laos = povo) é essencialmente funcional. Os que trabalham em tempo integral, qualquer que seja o seu título, não estão acima dos outros, nem mais próximo de Deus, nem são mais importante do que os membros de sua igreja.
·O ministério fora da igreja
O serviço oferecido pela igreja é dirigido primeiramente aos que fazem parte da irmandade da fé (Gl6:10) . O serviço de Jesus em seu sentido mais profundo foi oferecido em favor dos seus inimigos (Rm 5:6-8) . A igreja deve pois, Glorificar a Deus sendo o sal e a luz da sociedade (Mt 5:16) não simplesmente através da evangelização, mas também pelo seu esforço em influenciar a sociedade mediante um estilo de vida mais justo, mais puro, mais honesto e mais compassivo, um reflexo mais perfeito do caráter de Deus e, portanto que honra o seu nome.
A principal maneira de a igreja cumprir esta responsabilidade, à parte de seu testemunho evangelístico direto, é criar homens e mulheres de caráter cristão forte e robusto, cuja atuação diária influencie as características e qualidade da sociedade. Além disso,há ocasiões em que a igreja pode sentir a necessidade de agir como comunidade em resposta as necessidades sociais.
A igreja é uma comunidade de testemunho (Gr.Martyria), ser testemunha fiel e eficaz de Cristo entre meus visinhos, colegas de trabalho, de escola, ou onde quer que o Senhor tenha me colocado.
O chamado para testemunhar é o centro das instruções finais de Jesus aos apóstolos (At 1:8).
A tarefa de dar testemunho do evangelho ao mundo inteiro recai sobre a igreja em cada geração. É algo que jamais poderia ser relegada a um plano secundário.
A igreja é um organismo e não uma instituição; ela é uma realidade viva e crescente. Uma igreja sadia, em crescimento, será abençoada com conversões a Cristo e uma crescente semelhança com cristo. A fim de promover o crescimento da igreja segundo a imagem divina
A igreja como nós a vemos
A igreja como nós a vemos e experimentamos pode ser pouco atraente seja no cenário eclesiástico, seja em nossa comunidade cristã local. Teremos às vezes dificuldade em distinguir nela qualquer semelhança com cristo.
Devemos, porém, resistir à tentação de nos desesperarmos ou desiludirmos, com a igreja visível. Apesar de toda a sua fraqueza presente, a igreja está destinada a tornar-se gloriosa e bela.
Precisamos às vezes olhar deliberadamente para além das realidades imediatas e lembrar de sonhar com a vinda da grande Igreja, o povo aperfeiçoado de Deus, sua noiva imaculada, que será apresentada ao noivo celestial quando Ele vier.
Essa visão irá fortalecer nossa decisão de investir tempo e recurso, de dirigir energias e orações e de trabalhar através dos anos a fim de ajudar a transformar mais plenamente o corpo de Cristo.
A esfera de atuação da igreja
A missão da igreja consiste em percorrer o mundo todo para pregar o evangelho a toda criatura (cf. Mc 16.15). Em Atos 1.8 Jesus especifica a missão global da igreja dizendo que ela deveria testemunhar "...tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra". A expressão "tanto...como" de Atos 1.8 é formada, no grego, pela partícula enclítica te mais a conjunção kai. Em grego "tanto...como" equivale ao nosso adjetivo comparativo e sugere, em Atos 1.8, simultaneidade de trabalho; isto é, Jesus não estava dizendo simplesmente que a Sua igreja precisava escolher uma dessas áreas geográficas para trabalhar ou que deveria começar por uma de cada vez. Pelo contrário, a idéia bíblica do termo aqui é: atuar ao mesmo tempo em todos os lugares da terra.
Infelizmente, hoje em dia não são poucos os crentes equivocados quanto à compreensão da ordem do Mestre. Quantas vezes já não ouvimos indagações mais ou menos assim: "Por que mandar ou sustentar missionários no estrangeiro se tem tanto o que fazer no Brasil?". Como sabemos, a maioria dos que pensam assim não está preocupada com a obra missionária nem mesmo no seu próprio país. Jesus ordena que o trabalho missionário da igreja seja te...kai, isto é, temos que evangelizar lá sem esquecer de cá e vice-versa.
Uma aplicação contextualizada das regiões citadas por Jesus fica por conta da nossa imaginação, mas sem, evidentemente, deturpar o texto bíblico. Jerusalém foi o berço dos acontecimentos básicos do cristianismo. Boa parte do ministério de Jesus ocorreu em Jerusalém.
Nela Jesus morreu, ressuscitou e ordenou a evangelização do mundo. Nela Jesus prometeu o Espírito Santo e nela, no dia de Pentecostes, a igreja cristã foi inaugurada 1 e habilitada para cumprir a Grande Comissão. Para efeito de comparação e aplicação da ordem de Jesus, podemos identificar Jerusalém com a cidade em que moramos. A Judéia, por sua vez, era a província que tinha Jerusalém como capital. Supomos que a nossa Judéia seja o estado onde estamos vivendo. Samaria era uma região mais afastada, situada ao norte da Judéia. Poderíamos comparar Samaria ao nosso paísl? Os confins da terra significam, naturalmente, que devemos ser testemunhas de Jesus para todos os povos. Atualmente sabe-se que "os confins da terra" de Atos 1.8 é mais que "universalidade concebida de forma geográfica". É geografia sim mas também é etnia. A missão da igreja contemporânea é mais do que missão estrangeira, é missão transcultural que envolve, por exemplo, os índios do Brasil.
Nós na igreja
Uma vez que a igreja é o povo (laos) de Deus compreende todas as pessoas de Deus em todas as nações, mesmo as que agora cruzaram as fronteiras do espaço e do tempo e vivem na presença imediata de Deus. Mas o povo deve ter uma expressão visível, local, em que as pessoas se reúnem em uma comunidade. Nesse nível local a igreja é a comunidade do Espírito Santo.
As figuras bíblicas de o corpo de Cristo, noiva de Cristo, família, templo ou videira
A Igreja são pessoas e não uma estrutura como muitos teólogos céticos pensam, A igreja tem uma natureza coletiva ou comunitária absolutamente essencial ao verdadeiro ser.
Não é simplesmente um grupo de indivíduos isolados. Segundo Stanley2 (1999) a igreja tem que ser visível, uma organização que abarca todos os batizados das congregações locais, que inclui todos os crentes verdadeiros .
“Vista como povo de Deus” a igreja é a realidade abrangente, mundial, coletiva da multidão de homens e mulheres que através da história, foram reconciliados com Deus e uns com os outros em Jesus Cristo. Deus tem-se movido na história para reunir um povo peregrino.
O que a igreja tem e o que não tem para ser igreja
A igreja será apenas uma instituição humana se não tiver a visão de Jesus Cristo para o contexto e a realidade histórica na qual está inserida.
Falar dos objetivos da igreja em contraposição as megatendências da pós-modernidade e o modismo quanto à quebra de paradigmas que resultam na perda da identidade doutrinária, do mundanismo que gera a mundanalidade na igreja pela relativização da ética cristã, arrefecendo a autoridade da igreja em sua ação reformadora no mundo, Efésios 3.10.
A igreja deve interagir na história, não andar a reboque da historieta escrita nos livro desta geração corrompida e perversa. Somos o povo do Deus que é Senhor da história e que se manifesta através da história. A igreja é manifestação de Deus na história. Não podemos nos contentar em causar impacto na história com os nossos escândalos ou com a nossa inércia contemplativa enquanto o céu não vem. É imperativo fazermos diferença no mundo, escrevendo a história da salvação na vida das pessoas e para isto, é imperioso resgatarmos a relevância da igreja no contexto sociocultural em que trilhamos a jornada da santificação.
Mas amados, a igreja só será relevante para o mundo e para o Reino, fazendo verdadeira diferença neste mundo com Agência reformadora de Deus, quando...
Estivermos preocupados com a vontade do Mestre e não com a nossa própria vontade.
"Onde queres" – Théleis, vontade ativa, soberana. A vontade decisiva e decisória de Deus onde não cabe relativização ou negociata, apenas a submissão.
Os anseios e vontades humanas desembocam sempre no hedonismo ou nas guerras cruentas e desumanas. Só à vontade de Deus para a igreja é "boa, agradável e perfeita", Romanos 12.1.
Como Jesus, devemos admitir nossa humanidade em sua plenitude, mas sempre orando: "não se faça a minha vontade, mas a tua", Lucas 22.42.
O tempo da Deus é kairós, eterno, infinito, e não kronos, limitado, mensurado e controlado pelo homem, como se fossemos senhores do tempo.
Na dispensação da igreja, da graça salvadora, o tempo é sempre presente, é hoje, e a pregação deve ser levada a efeito "a tempo e fora de tempo", 2 Timóteo 4.2.
Vale ressaltar a expressão "o Mestre diz". Mestre, didáskalos, alguém que ensina revestido de capacidade, honra e dignidade. Jesus, sendo Deus, é Senhor do tempo e fala com autoridade quanto à concisão do tempo para a pregação do evangelho. "Meu tempo está próximo", diz o Mestre.
A Igreja não pode desprezar a pregação. Não sabemos quando o Mestre voltará, Mateus 25.13. Estar preparados para adentrarmos com ele em sua glória implica em testemunho e pregação incessantes.
Nossos cultos se tornarem verdadeira celebração ao Cristo vivo, não à liturgia, à Denominação ou a Eclesiologia .
É autoritário buscarmos a consciência de libertação, Páscoa, e de celebração, de festa, de alegria e satisfação em nossos cultos, devido à presença do próprio Deus entre nós.
O texto não prevê sectarismo ou uniformidade. Não induz ao radicalismo ou ao êxtase emocional espiritualista esotericamente espiritualizado. Se quiser, o texto aponta para um denominacionalismo desvairado e promotor de uma nefasta negligência ao que é bíblico em defesa de um hediondo tradicionalismo histórico-denominacional.
A festa, a Páscoa, era um memorial da libertação do Egito, da morte as mãos do opressor, no sangue da remissão, Êxodo 12.14-17. Da mesma forma, nossos cultos devem ser verdadeira celebração pela e para salvação em Cristo. Uma festa alegre e vívida em gratidão pela libertação do pecado que nos é outorgada por Cristo.
Devemos buscar a consciência de que o Senhor está em seu trono de glória para receber de nós um culto “vivo, santo e agradável”, Romano 12.1, resultado de mentes renovadas em Cristo no entendimento dos mistérios da salvação, 1 Coríntios 2.14-16.
Qual a nossa reação diante da expressão "um de vós me trairá". Somos assolados pela consciência de pecado que desemboca no arrependimento ou permanecemos insensíveis e nada nos impulsiona à santidade?
É assombroso que muitos crentes não sintam o sabor amargo de pecado como sentiram Moisés, Jacó, Isaías, Jeremias, Pedro, Paulo e muitos outros indicados no Texto Sagrado, insistindo nos passos de Caim e na decisão diabólica tomada por Judas Iscariotes, persistindo na traição.
Muitos, mesmo estando diante de Jesus e sendo desafiados ao arrependimento, não conseguem olhar para Jesus e identificá-lo com Senhor absoluto de todas as coisas, Kírios, admitindo-o apenas como rabi, mestre da lei, o que não é uma característica da personalidade de Jesus.
No culto verdadeiro Deus sempre manifesta sua glória, Isaías 6.1-8, e se nos dispomos à perfeita adoração, sempre somos levados à contrição e ao arrependimento, a fim de que dediquemos nossas vidas em perfeito louvor, evidenciado na proclamação do evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Retirar-se do culto sem experimentar restauração santificadora, permanecendo na inércia petrificada do comodismo, é constituir-se em traidor.
Como igreja, se buscamos grande valor para a sociedade, se pretendemos fazer a diferença já em nosso tempo, profetizando um futuro melhor, não podemos permanecer aguilhoados ao pelourinho do pecado e dissociados pelo preconceito que ressalta as idiossincrasias. Se somos igreja, devemos vivenciar íntima comunhão, irmanados em Jesus Cristo , Efésios 2.14-18 e 1 João 4.20. O sangue do pacto foi derramado "para a remissão de pecados", para cobrir e apagar o escrito de culpa que recaia sobre nós, Colossenses 2.14, para nos reconciliar com Deus, 2 Coríntios 5.18 e 19, fazendo-nos um só povo, Efésios 4.4 e conjugando-nos em só coração, Atos 4.32 O sangue que "nos purifica de todo o pecado", a partir do arrependimento e da confissão sincera diante de nosso Advogado e único mediador, Jesus Cristo, l João 1.8, 2.2 e 1 Timóteo 2.5, nos impõe a comunhão que afaga o coração e acarinha o aflito e o existencialmente desesperançado. Pelo que, a igreja deve retirar-se do templo, após o culto prestado, restaurado, perdoado, transbordando em amor e alegria e amalgamada no sangue de Jesus Cristo.
Todo o nosso pecado e preconceito devem ser abandonados aos pés da cruz de Cristo, o Cristo que "é tudo em todos", Colossenses 3.11.
Igreja Verdadeira
Onde podem ser encontradas hoje a igreja verdadeira e quais os seus aspectos essenciais? Em primeiro lugar devemos distinguir os vários significados da palavra igreja: todo o povo de Deus em todos os séculos, o conjunto total dos eleitos. Os Reformadores falaram disto como sendo a igreja invisível. A comunidade local dos cristãos, reunidos visivelmente para adoração e ministério; este significado abrange a vasta maioria das referências à igreja (ekklesia) do Novo Testamento. Todo o povo de Deus no mundo, em determinada época, talvez melhor definida como a igreja universa3 ! Esse sentido ocorre apenas ocasionalmente no Novo Testamento (1 Co 10.32; Gl 1.13).
"A igreja dentro da igreja". Notamos antes a distinção feita entre a edah (toda a congregação visível) e os gahal (aqueles dentro dela que respondem ao chamado de Deus). Jesus ensinou que o reino corresponde a este padrão: o joio está misturado com o trigo (Mt 13.24-30; 36-43). Dentro do grupo identificado com Cristo acha-se o povo de Deus, a verdadeira igreja. Não existe, então, uma igreja pura; em meio a cada igreja pode haver pessoas que não professaram a sua fé e outras cuja profissão será desmascarada no último dia (Mt 7.21-23).
Admitindo-se assim que uma igreja pura ou perfeita não é possível deste lado da glória, o­nde podemos descobrir o verdadeiro povo de Deus visivelmente reunido? Tradicionalmente, são reconhecidos quatro sinais da igreja autêntica.
Uma das Características da Igreja é ser apostólica, mas existe apostolo Hoje?
APOSTÓLICAO apóstolo é uma testemunha do ministério e da ressurreição de Jesus; é um arauto autorizado do evangelho (Lc 6.12s; At 1.21s; 1 Co 15.8-10). Os arautos tomam posição entre Jesus e todas as gerações subseqüentes da fé cristã; nós só nos achegamos a ele por meio dos apóstolos e de seu testemunho sobre ele, incorporado no Novo Testamento. Neste sentido fundamental, toda a igreja é "edificada sobre o fundamento dos apóstolos" (Ef 2.20; cf. Mt 16.18; Ap 21.14). A apostolicidade da igreja encontra-se, portanto, no fato de ela conformar-se à fé apostólica "que uma vez por todas foi entregue ao santos" (Jd 3; cf. At 2.42). Os apóstolos ainda governam e organizam a igreja na medida em que esta permite que sua vida, seu entendimento e sua pregação sejam constantemente reformados pelos ensinos das Sagradas Escrituras. Desde que o apóstolo significa literalmente enviado,( )(apostolos) não é de surpreende que o Novo Testamento refira-se ocasionalmente a outros apóstolos (Rm 16.7). Neste sentido geral, todos os que são hoje enviados pelo Senhor como evangelistas, pregadores, iniciadores de igrejas, etc. são no grego do Novo Testamento, apostoloi, enviados. Isto não subentende de forma alguma que eles tenham uma posição de autoridade especial, competindo com a do grupo original cujo governo continua através das escrituras apostólicas. Reivindicar o cargo apostólico em nossos dias é compreender erradamente o ensino bíblico e oferece na prática um desafio grave com respeito à autoridade e finalidade da revelação divina do Novo Testamento.
É igualmente errado entender a apostolicidade como uma continuidade histórica do ministério, retrocedendo até Cristo e seus apóstolos através de uma sucessão de bispos. Esta interpretação não tem nenhum apoio bíblico. Toda noção da graça de Deus comunicada mediante uma sucessão histórica de dignatários da igreja contraria o caráter da própria graça, conforme os escritos bíblicos. Além disso, como garantia da verdade da mensagem apostólica, a sucessão episcopal evidentemente falhou. Foi uma igreja perfeitamente enquadrada nesta sucessão histórica que precisou da Reforma do século dezesseis, para não mencionar outras reformas menores, como o despertamento do século dezoito com Whitefield e os Wesleys.
O catolicismo romano estende esta interpretação de "apostólico" para incluir a reivindicação de que o Bispo de Roma é o sucessor histórico de Pedro e o guardião especial da graça de Deus na igreja.
A alegação é insustentável. A primazia de Pedro entre os apóstolos não passou de uma clara liderança no período da primeira missão cristã. Ele claramente recuou para um segundo plano à medida que a igreja avançou fora de Jerusalém, sendo Paulo nomeado para liderar a missão fora de Jesuralém e quando João lutava para corrigir as igrejas prejudicadas pelos falsos mestres. É bem significante que Pedro não apareceu no papel principal no Concílio de Jerusalém (At 15), e que ficou claramente à sombra de Paulo no incidente registrado em Gálatas2.
Roma alega ainda que esta suposta supremacia de Pedro deveria continuar para a salvação eterna e bem contínuo da igreja. Nenhum dos versículos citados como apoio escriturístico (Mt 16.18s; Jo 21.15-17 e Lc 22.32) faz qualquer referência a um sucessor de Pedro. Essas duas reivindicações romanas contrariam a evidência manifesta no Novo Testamento, e a terceira, de que a primazia de Pedro se estende ao bispo de Roma, é ainda menos digna de crédito. O fato de Pedro ter terminado sua vida como mártir em Roma é uma tradição primitiva que encontra apoio razoável; as dificuldades históricas, porém, para mostrar que houve uma sucessão estabelecida de bispos monárquicos de Roma, a partir do primeiro século, são intransponíveis.
A sucessão apostólica é na verdade a sucessão do evangelho apostólico, quando o depósito original de verdade apostólica é passado de uma para outra geração: "homens fiéis... para instruir a outros" (2 Tm 2.2). A igreja é apostólica à medida que reconhece na prática a autoridade suprema das escrituras apostólicas.
CATÓLICA
O termo católico significa literalmente abrangendo ao todo. E em seu uso primitivo, significava ser a igreja universal, distinguindo-a da local; mais tarde, veio significar a igreja que professava a fé ortodoxa, em contraste com os hereges. Com o passar do tempo, Roma adotou o termo para referir-se a si mesma como instituição eclesiástica, centrada no papado, historicamente desenvolvida e geograficamente difundida. Os reformadores do século dezesseis procuraram restaurar o significado anterior da catolicidade, em termos do reconhecimento da fé ortodoxa; nesse sentido, argumentavam eles, a igreja católica era de fato eles e não Roma.
O principal aspecto da catolicidade da igreja primitiva estava na sua abertura para todos. Distinta do judaísmo, com seu exclusivismo racial, e do gnosticismo, com seu exclusivismo cultural e intelectual, a igreja abriu seus braços a todos que quisessem ouvir a mensagem e aceitar seu salvador, sem levar em conta cor, raça, posição social, capacidade intelectual e antecedentes morais. Ela surgiu no mundo como uma fé para todos (Mt 28.19; Ap 7.9). A única exigência para admissão era a fé pessoal em Jesus Cristo como Salvador e Senhor, com o batismo como o rito autorizado de entrada, porque manifestava o evangelho da graça (Mt 28.19; At 2.38,41).
É neste nível fundamental que esta característica (a de ser católica) deve ser entendida. As igrejas que exigem outros testes devem ser consideradas como suspeitas.
Não existe lugar numa verdadeira igreja para a discriminação de qualquer tipo, seja racial, de cor, social, intelectual ou moral, neste último caso desde que haja evidência de verdadeiro arrependimento. A discriminação denominacional também precisa ser examinada com cuidado nos casos em que as doutrinas fundamentais bíblicas sejam claramente reconhecidas.
UNA
A unidade da igreja procede de seu fundamento do único Deus (Ef 4.1-6). Todos os que pertencem verdadeiramente à igreja são um só povo e, portanto, a igreja verdadeira será distinguida por sua unidade. Esta unidade, porém, não implica necessariamente uniformidade total. Na igreja do Novo Testamento havia uma variedade de ministérios (1 Co 12.4-6) e de opiniões sobre assuntos de importância secundária (Rm 14:1-15:13). Embora houvesse uniformidade nas convicções teológicas básicas (1 Co 15.11, BLH; Jd 3), a fé comum recebia ênfases diversas, segundo as diferentes necessidades percebidas pelos apóstolos (Rm 3.20; cf. Tg 2.24; Fp 2.5-7; cf. Cl 2.9s).Havia também uma variedade de formas de adoração. O tipo de culto em Corinto (1 Co 14.26ss) não era comum nas igrejas palestinas, o­nde a adoração se baseava no modelo da sinagoga judaica e tinha um padrão mais formal, centrado na exposição da palavra escrita. Este modelo tirado da sinagoga justifica o fato de as igrejas do primeiro século serem consideradas um ramo do judaísmo. Tiago 2.2 usa até mesmo a palavra sinagoga para a reunião dos cristãos. Existem também elementos discerníveis de mais de uma forma de governo da igreja.
A verdadeira unidade no Espírito Santo de todo o povo regenerado é um fato independente da desunião denominacional exterior. O chamado para a unidade no Novo Testamento é, portanto, uma ordem para manter a unicidade fundamental da vida que o Espírito concedeu através da regeneração (Ef 4.3). Os Reformadores salientaram este ponto, distinguindo entre a igreja invisível (todos os eleitos que são verdadeiramente um em Cristo) e a igreja visível (um grupo misto de regenerados e não-regenerados). A unidade da igreja invisível é um fato consumado, concedido com a salvação.
Roma tem usado este sinal de maneira polêmica, a fim de proclamar sua unidade, comparando-a à fragmentação do protestantismo, como uma evidência de ser a verdadeira igreja. Isto, no entanto, ignora três pontos: (i) A própria Roma separou-se da igreja ortodoxa em 1054, e jamais tinha sido considerada universalmente como a única igreja verdadeira em séculos anteriores; por exemplo, a igreja celta floresceu na Inglaterra, e Patrício fundou a igreja inglesa muito antes de os missionários romanos terem chegado a Inglaterra. (ii) Os sinais devem manter-se juntos. A sucessão histórica e a unidade exterior não têm validade quando não associadas à lealdade e ao evangelho apostólico. (iii) Embora o protestantismo tenha-se mostrado às vezes necessariamente desagregador, pode ser argumentado que, através de seu desvio da doutrina bíblica, é a própria Roma que tem sido a maior causa de cismas no correr dos séculos.
As Escrituras encorajam a mais plena expressão de unidade possível entre o povo de Deus, mas elas também tornam claro que a divisão acha-se perfeitamente de acordo com a vontade divina quando a essência do Cristianismo Apostólico estiver em risco. Esta foi a razão da discórdia entre Paulo e os judaizantes (Gl 1.6-12), e entre Jesus e os fariseus (Mc 7.1-13). É significativo notar que quando Judas pretendeu escrever sobre a salvação que temos em comum, ele achou necessário insistir com os leitores para "batalhar diligentemente pela fé que uma vez foi entregue aos santos" (Judas 3). Para o Novo Testamento, a unidade está baseada em um compromisso consciente com as verdades reveladas do Cristianismo Apostólico.
O Novo Testamento dirigiu seus ensinos sobre a unidade a grupos específicos, com implicações imediatas para seus relacionamentos visíveis (Ef 2.15; 4.4; Cl 3.15). Jesus orou pela unidade, que ajudaria o mundo a crer (João 17.21); embora o paralelo entre esta unidade e a dEle com o Pai (17.11,22) confirme o caráter essencialmente espiritual da unidade bíblica, esta certamente inclui identificação visível de vida e propósito, pois Jesus em toda a sua missão expressou uma união visível e demonstrável com o Pai. Em outras palavras, é preciso buscar uma unidade visível mais plena do que aquela que está sendo experimentada pelos que são fiéis ao evangelho apostólico. Este fato tem especial importância quando dois ou mais grupos que têm uma fé bíblica estiverem operando na mesma área, como, por exemplo, em um campus universitário. O desafio mais profundo deste ensinamento, porém, situa-se ao nível dos relacionamentos na igreja local. Nesse ambiente, a unidade da vida em Cristo deve expressar-se através do cuidado e compromisso genuínos e tangíveis de uns para com os outros. Na ausência disto, a reivindicação de ser uma verdadeira igreja cristã é posta em dúvida (1 Co 3.3s).
SANTA
O povo de Deus forma a nação santa (1 Pe 2.9). No sentido mais profundo a igreja é santa, da mesma forma que todo indivíduo cristão é santo em virtude de estar unido a Cristo, separado para ele e revestido com sua justiça perfeita. Na sua posição diante de Deus em Cristo, a igreja é irrepreensível e isenta de qualquer mancha moral. A distinção entre a igreja visível e a invisível aplica-se aqui, desde que esta santidade imputada não pertence aos membros da igreja não confiam pessoalmente em Cristo como Salvador.
A união com Cristo envolve também uma santidade de vida que seja visível. Desse modo, a relação da igreja com Cristo, o seu cabeça, será expressa no caráter moral e nas características especiais de sua vida e de seus relacionamentos comunitários. A igreja alheia à santidade é alheia a Cristo. Quando Cristo dirigiu-se à sua igreja, ele esperava dela essa mesma diferença moral e foi severo em seu julgamento quando observou que ela lhes faltava (Ap 2.-3). A fim de não desanimarmos ao aplicar este teste, vale a pena lembrar que grande parte da vida da igreja do Novo Testamento foi eivada de erros, divisões, falhas morais e instabilidade. Não obstante, a presença de um sinal visível de santidade é uma característica invariável da igreja de Deus.


Conclusão

É urgente e premente uma reflexão quanto relevância e a atuação da igreja no mundo da globalização .
Sejamos igreja. Corpo vivo de Cristo. Submissos a ordem do Mestre e consciente da brevidade do tempo para a salvação. Sejamos igreja que festeja a vitória de Cristo na Cruz e que é contristada pela consciência de pecado. Sejamos igreja santa e poderosa na evangelização para que desfrutemos do perdão, do amor e da comunhão íntima, expressão inconteste da nossa reconciliação com Deus em Cristo Jesus.
A meta da igreja consiste em chegar a ser como Cristo, compartilhar as Boas da salvação gratuita que Deus nos oferece, fazer discípulos , ajudar uns aos outros mutuamente e preservar-se fielmente na obediência até a sua volta.
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ,,ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Mateus 28;19-20

Referência Bibliográfica
KEELEY, Robin; ENGLISH, Donald: Fundamentos da Teologia Cristã. . São Paulo: Ed Vida, 2000
MILNE, Bruce. Manual de doutrina Bíblica. In: Conheça a verdade. São Paulo:
ABU Editora, 1987.
Stanley, J Grenz. Dicionário de teologia. Edição de bolso. São Paulo: Ed. Vida. 2000
GILPATRICK, Teston. A missão de Deus. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1983.

1 Para os pentecostais a igreja iniciou no dia de pentecostes, para a maioria das igrejas protestantes a Igreja começou com o ministério de Jesus.

2 Stanley J Grenz, Professor de teologia e ética na Universidade Carey Hall / Regente em Vancouver, British Columbia No Canadá . Doutorado em teologia pelo King’s college, Universidade de Londres.
Área do estudo teológico interessado em entender a igreja (derivado do termo grego ekklêsia, “igreja”)

3 Igreja Universal no sentido de Mundial , não expressando aqui uma denominação.


Direitos reservados a Oseias de Lima Vieira

Você pode usar o conteudo deste livro, contudo as fontes devem ser citadas obrigatoriamente.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

PROTESTANTISMO BRASILEIRO

PROTESTANTISMO BRASILEIRO

Por Oséias de Lima Vieira 1


Na Europa e EUA os cristãos não-católicos se auto identificam como cristãos, sem nenhuma outra identificação secundária.Na América Latina e, portanto em particular aqui no Brasil esta identificação tem sido complicada.
Há CINCO títulos para Cristãos não católicos.
CRENTE
EVANGÉLICO
PROTESTANTE
PENTECOSTAL
NEOPENTECOSTAL
CRENTE: Missionários – a partir de 1850 Denominavam a todos aqueles que abandonando suas antigas crenças e práticas religiosas passava a crer em Jesus Cristo como o único Salvador e Senhor.
EVANGÉLICO: Movimento Evangélica _ Europa e EUA. União entre Igrejas protestante, visando enfrentar o expansionismo do ultramontanismo católico. Reinterpretado e utilizados entre os protestante para demonstrar uma certa união para o evangelismo. “ SOU EVANGÉLICO”.O termo evangélico, embora originalmente significasse aquilo que é concernente ao evangelho, no Brasil ganhou predominantemente a acepção de protestante, numa referência aos cristãos que adotam a herança da Reforma Protestante, notadamente os chamados Solas da Reforma: Sola Scriptura (somente a Bíblia), Sola Gratia et Fide (somente a graça mediante a fé), Solus Christus (somente Cristo) e Soli Deo Gloria (glória somente a Deus).Em algumas áreas de colonização germânica no Brasil o termo Evangélico refere-se às igrejas Luteranas e Reformadas, originárias da Reforma Protestante do século XVI. Em Alemão o termo Evangelisch é usado para as igrejas territoriais nascidas no século XVI, enquanto Evangelikal para o desdobramento posterior do protestantismo. Em Inglês, Evangelical é referente ao protestantismo conservador, não-fundamentalista e não-liberal baseado na Bíblia (embora não a interpretando literalmente) e na ênfase na necessidade do indivíduo passar por uma conversão pessoal ("nascer de novo").
PROTESTANTE. Movimento Histórico século XVI – Martinho Lutero. Tem uma carga negativa. “Aqueles que protestam conta a Igreja católica.”No sentido estrito da palavra, o protestantismo designa o grupo de príncipes e cidades imperiais que, na dieta de Speyer, em 1529, assinaram um protesto contra o Édito de Worms que proibiu os ensinamentos Luteranos no Sacro Império Romano. A partir daí, a palavra "protestante" em áreas de língua alemã ainda se refere às igrejas luteranas, enquanto que a designação comum para todas as igrejas originadas da Reforma é Evangélica.No sentido lato, a palavra designa todos os grupos religiosos cristãos de origem européia ocidental, que romperam com a Igreja Católica Romana como resultado da influência de Martinho Lutero, fundador das igrejas luteranas, e de João Calvino, fundador do movimento Calvinista. Um terceiro ramo principal da Reforma, que entrou em conflito tanto com os Católicos como com os outros Protestantes é conhecido como Reforma Radical ou Anabatista. Lutero e Calvino distanciaram-se destes movimentos mais radicais, que eles viram como uma semente de insubordinação social e fanatismo religioso. Calvino fala de "fantasistas".Alguns grupos cristãos ocidentais não-católicos são apelidados Protestantes, ainda que os respectivos grupos não reconheçam quaisquer ligações a Lutero, Calvino ou aos Anabaptistas.Protestantismo de Imigração:Movimento Histórico:Þ Europa sendo invadida por NapoleãoÞ Fuga da Família Real Portuguesa para o BrasilÞ Acordo com a Inglaterra (força Marítima)Þ Tratado do Comércio e da navegação (1808)Þ O Influxo de ingleses significou o início do culto protestante no Brasil.Þ Não fora permitido construções de capelas ou igrejas protestantes.Protestantismo de Origem Missionária.Frase de Cotton Mather (1669) “ O Catolicismo Implantara na América Latina um Cristianismo Deformado”.Esta Frase foi repetida ao Longo da História por Vários historiadores do protestantism.Nos EUA surgiu a vocação de transmitir para a América Latina os benefícios do “Sonho Americano” ou o “estilo Americano de Vida” ( destino Manifesto)Duas Teologias no Protestantismo de MissãoTeologia Calvinista - Vamos investir na educação que ela deixará os eleitos florescerem ( foi menos difundida)Teologia conversionista - O mecanismo de Salvação consistia na consciência de culpa, seguida de ato voluntário de aceitação da oferta de salvação, sucedida pela justificação e pela santificação progressiva.A teologia conversionista gera uma mudança cultural. O individuo adota novos padrões de vida.
PENTECOSTAL: Herdeiro do protestantismo, no Brasil o Pentecostalismo chegou em 1910-1911 com a vinda de missionários originários da América do Norte: Louis Francescon, que dedicou seu trabalho entre as colônias italianas no Sul e Sudeste do Brasil, originando a Congregação Cristã no Brasil; Daniel Berg e Gunnar Vingren inciaram suas missões na Amazônia e Nordeste, conseqüentemente nascendo as Assembléias de Deus. O movimento pentecostal pode ser dividido em três correntes. A primeira, chamada pentecostalismo clássico, abrange o período de 1910 a 1950 e vai de sua implantação no país, com a fundação da Congregação Cristã no Brasil e da Assembléia de Deus, até sua difusão pelo território nacional. Desde o início, ambas as igrejas caracterizam-se pelo anticatolicismo, pela ênfase na crença no Espírito Santo, por um sectarismo radical e por um ascetismo que rejeita os valores do mundo e defende a plenitude da vida moral. Paralelamente várias denominações protestantes experimentaram movimentos internos, com manifestações pentecostais, assim foram denominados "Renovados", como a Igreja Presbiteriana Renovada, Convenção Batista Nacional, Igreja do Avivamento Bíblico e Igreja Cristã Maranata..A segunda corrente começa a surgir na década de 50, quando chegam a São Paulo dois missionários norte-americanos da International Church of The Foursquare Gospel. Na capital paulista, eles criam a Cruzada Nacional de Evangelização e, centrados na cura divina, iniciam a evangelização das massas, principalmente pelo rádio, contribuindo bastante para a expansão do pentecostalismo no Brasil. Em seguida, fundam a Igreja do Evangelho Quadrangular. No seu rastro, surgem O Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é Amor, Casa da Bênção e diversas outras menores.A terceira corrente, a neopentecostal (Neo-Pentecostalismo), tem início na segunda metade dos anos 70. Fundadas por brasileiros, a Igreja Universal do Reino de Deus (Rio de Janeiro, 1977), a Igreja Universal do Reino de Deus (Rio de Janeiro, 1980), a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra (Brasília, 1992) e a Renascer em Cristo (São Paulo, 1986) estão entre as principais. Todas utilizam intensamente a mídia eletrônica e funcionam como empresas. Pregam a Teologia da Prosperidade, pela qual o cristão está destinado à prosperidade terrena, e rejeitam os tradicionais usos e costumes pentecostais.
O neopentecostalismo constitui a vertente pentecostal mais influente e a que mais cresce. Também são mais liberais em questões morais.Este último é também conhecido como pentecostalismo autônomo: Igrejas com forte caráter individualista. Centralizada na pessoa do líder.Ex Igreja do Apóstolo....., Igreja da Bispa....., Igreja do Profeta ....., etc.Em suma podemos concluir que no Brasil o protestantismo está revestido de grandes contradições. È necessário que tenhamos uma compreensão histórica, para que não venhamos a ter uma visão distorcida de nossas raízes.
Referência Bibliográfica.
CAMPOS, Raimundo. Estudos de História Moderna e Contemporânea: São Paulo, Editora Atual, 1988
KISTLER, D (Editor). Os puritanos e a Conversão. São Paulo, PES, 1993
MARQUES,Adhemar Martins e outros. História contemporânea através de textos.São Paulo, Contexto, 1994
SPENER, P. Jacob. Pia Didéria – Um clássico do Pietismo Protestante. Local e data não informada
VVAA, Luta pela Vida e Evangelização. A tradição Metodista na Teologia Latino Americano. Unimep, São Paulo, 1985
[1] Professor de Geografia Bíblica e História da Igreja. Graduado em Geografia pela Universidade Federal de UberlândiaGraduando em Direito pela Universidade de Uberaba

sábado, 30 de agosto de 2008

A REFORMA RELIGIOSA PROTESTANTE

Por Oséias de Lima Vieira *


Em 31 de outubro de 1517, o monge alemão Martinho Lutero, afixou na porta da igreja do castelo de Wittenberg, suas 95 teses. Foi a fagulha que ocasionou a grande explosão, conhecida como A REFORMA PROTESTANTE. Lutero pretendia inicialmente, realizar um debate acadêmico, contra a prática das indulgências feita pelo catolicismo romano (compra do perdão de pecados cometidos), e a doutrina do purgatório (lugar de sofrimento para pagar os pecados cometidos). Martinho disse que o arrependimento não era um ato, mas um hábito mental de toda a vida. Afirmou que o verdadeiro tesouro da Igreja é a graça perdoadora de Deus. E, que o cristão procura, não evita a disciplina divina. Declarou: “Todo cristão que sente verdadeira compunção tem direito à plena remissão da pena e da culpa, mesmo sem cartas de perdão”. As 95 teses foram o estopim que causou o nascimento da Igreja Protestante. Lutero publicou três grandes Obras: 1520 - À Nobreza Cristã da Nação Alemã; Cativeiro Babilônico da Igreja; Sobre a Liberdade Cristã
Martinho Lutero, cujo nome original em alemão era Martin Luther era filho de Hans Luther e Margarethe Lindemann.Nascido em 1483 e morto em 1546. Mudou-se para Mansfeld, onde seu pai dirigia várias minas de cobre.
Tendo sido criado no campo, Hans Luther deseja que seu filho viesse a tornar-se um funcionário público, melhorando assim as condições da família. Com este objetivo, enviou o jovem Martinho para escolas em Mansfeld, Magdeburgo e Eisenach.Aos dezessete anos, em 1501, Lutero ingressou na Universidade de Erfurt, onde tocava alaúde e recebeu o apelido de "O filósofo". O jovem estudante graduou-se em bacharel em 1502 e o mestrado em 1505, o segundo entre dezessete candidatos.
Seguindo os desejos paternos, inscreveu-se na escola de Direito dessa Universidade. Mas tudo mudou após uma grande tempestade, com descargas elétricas, ocorrida neste mesmo ano (1505): um raio caiu próximo de onde ele estava, ao voltar de uma visita à casa dos pais. Aterrorizado, gritara então: "Ajuda-me, Sant'Ana! Eu me tornarei um monge!” Tendo sobrevivido aos raios, deixou a faculdade, vendeu os seus livros com exceção dos de Virgílio, e entrou para a ordem dos Agostinianos, de Erfurt, a 17 de julho de 1505.
O jovem Martinho Lutero dedicou-se por completo a sua vida no mosteiro, empenhando-se em realizar boas obras a fim de agradar a Deus e servir ao próximo através de orações por suas almas. Dedicou-se intensamente à meditação, às auto-flagelações, muitas horas de oração diárias, às peregrinações e à confissão. Quanto mais tentava ser agradável ao Senhor, mais se dava conta de seus pecados Johann von Staupitz, o superior de Lutero, concluiu que o jovem necessitava de mais trabalhos, para afastá-lo de sua excessiva reflexão. Ordenou, portanto ao monge que iniciasse uma carreira acadêmica. Em 1507 Lutero foi ordenado sacerdote. Em 1508 começou a lecionar teologia na Universidade de Wittenberg. Lutero recebeu seu bacharelado em Estudos Bíblicos a 19 de março de 1508. Dois anos depois visita Roma, de onde regressa bastante decepcionado.
Em 19 de outubro de 1512, Martinho Lutero graduou-se Doutor em Teologia e a 21 de outubro deste ano foi "recebido no Senado da Faculdade Teológica", com o título de "Doutor em Bíblia". Em 1515 foi nomeado vigário de sua ordem, tendo sob sua ordem onze monastérios.Durante este período estuda o grego e o hebraico, para aprofundar-se no significado e origem das palavras utilizadas nas Escrituras - conhecimentos que logo utilizaria para a tradução da Bíblia.
O desejo obter os graus acadêmicos levaram Lutero a estudar as Escrituras em profundidade. Influenciado por sua formação humanista de buscar ir "ad fontes" (às fontes), mergulhou nos estudos sobre a Igreja Primitiva. Devido a isto, termos como "penitência" e "honestidade" ganharam novo significado para ele, já convencido de que a Igreja havia perdido sua visão de várias das verdades do cristianismo ensinadas nas Escrituras - sendo a mais importante delas a doutrina da chamada "Justificação" apenas pela fé. Lutero começou a ensinar que a Salvação era um benefício concedido apenas por Deus, dado pela Graça divina através de Jesus Cristo e recebido apenas com a fé.
Mais tarde, Lutero definiu e reintroduziu o princípio da distinção própria entre o Torá (Leis Mosaicas) e os Evangelhos, que reforçavam sua teologia da graça. Em conseqüência, Lutero acreditava que seu princípio de interpretação era um ponto inicial essencial para o estudo das Escrituras. Notou, ainda, que a falta de clareza na distinção da Lei e dos Evangelhos era a causa da incorreta compreensão dos Evangelhos de Jesus pela Igreja de seu tempo, instituição a quem responsabilizava por haver criado e fomentado muitos erros teológicos fundamentais.

Além de suas atividades como professor, Martinho Lutero ainda colaborava como pregador e confessor na igreja de Santa Maria, na cidade. Também pregava habitualmente na igreja do Castelo (chamada de "Todos os Santos" - por causa de ali haver uma coleção de relíquias, estabelecidas por Frederico II de Sabóia). Foi durante este período em que o jovem sacerdote deu-se conta dos efeitos em se oferecer indulgências aos fiéis, como se fossem fregueses.A indulgência é a remissão (parcial ou total) do castigo temporal que alguém permanece devedor por conta dos seus pecados, de cuja culpa tenha se livrado pela absolvição. Naquele tempo qualquer pessoa poderia comprar uma indulgência, quer para si mesmo, quer para um parente já morto que estivesse no Purgatório.
O frade Johann Tetzel fôra recrutado para viajar através dos territórios episcopais do arcebispo Alberto de Mogúncia, promovendo e vendendo indulgências com o objetivo de financiar as reformas da Basílica de São Pedro, em Roma.
Lutero viu este tráfico de indulgências como um abuso que poderia confundir as pessoas e levá-las a confiar apenas nas indulgências, deixando de lado a confissão e o arrependimento verdadeiro. Proferiu, então, três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. Segundo a tradição, a 31 de outubro de 1517 foram pregadas as 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas. Estas teses condenavam a avareza e o paganismo na Igreja como um abuso, e pediam um debate teológico sobre o que as Indulgèncias significavam. Para todos os efeitos, nelas ele não questionava diretamente a autoridade do Papa para conceder as tais indulgências.
As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Ao cabo de duas semanas haviam se espalhado por toda a Alemanha e em dois meses por toda a Europa. Este foi o primeiro episódio da História em que a imprensa teve papel primacial, pois facilitava uma distribuição simples e ampla de qualquer documento.
Depois de fazer pouco caso de Lutero, dizendo ser ele um "alemão bêbado que escrevera as teses", e afirmando que "quando estiver sóbrio mudará de opinião" o Papa Leão X ordenou em 1518 ao professor de teologia dominicano Silvestro Mazzolini que investigasse o assunto. Este denunciou que Lutero se opunha de maneira implícita à autoridade do Sumo Pontífice, quando discordava de uma de suas bulas. Declarou ser Lutero um herege e escreveu uma refutação acadêmica a suas teses. Nela, mantinha a autoridade papal sobre a Igreja e condenava cada "desvio" como uma apostasia.
Lutero replicou de igual forma, dando assim início à controvérsia.
Enquanto isto, Lutero tomava parte da convenção dos agostinianos em Heidelberg, onde apresentou uma tese sobre a escravidão do homem ao pecado e a graça divina. No decorrer da controvérsia sobre as indulgências, o debate se elevou até ao ponto de duvidar do poder absoluto e autoridade do Papa, pois as doutrinas de "Tesouraria da Igreja" e "Tesouraria dos Merecimentos", que serviam para reforçar a doutrina e venda e das indulgências, haviam se baseado na bula papal "Unigenitus" (de 1343), do Papa Clemente VI. Por causa de sua oposição a esta doutrina, Lutero foi qualificado como heresiarca e o Papa, decidido a suprimir por completo com seus pontos de vista, ordenou que fosse chamado a Roma, viagem que deixou de ser realizada por motivos políticos.
Lutero, que anteriormente professava a obediência implícita à Igreja, negava agora abertamente a autoridade papal e apelava para que fosse realizado um Concílio. Também declarava que o papado não formava parte da essência imutável da Igreja original.
Desejando manter-se em relações amistosas com o protetor de Lutero, Frederico, o Sábio, o Papa engendrou uma tentativa final de alcançar uma solução pacífica para o conflito. Uma conferência com o representante papal Karl von Miltitz em Altenburgo, em janeiro de 1519 levou Lutero a decidir guardar silêncio, assim como seus opositores, como também a escrever uma humilde carta ao Papa e compor um tratado demonstrando suas opiniões sobre a Igreja Católica.
A carta escrita nunca chegou a ser enviada, pois não continha nenhuma retratação. E no tratado, que compôs mais tarde, Lutero negou qualquer efeito das indulgências no Purgatório.
Quando Johann Eck, em Carlstadt, desafiou um colega de Lutero para um debate em Leipzig, Lutero juntou-se à discussão (27 de junho-18 de julho de 1519), no curso do qual negou o direito divino do solidéu papal e da autoridade de possuir o "poder das chaves", que, segundo ele, haviam sido outorgados à Igreja (como congregação de fé). Negou que a salvação pertencesse à Igreja Católica ocidental sob a autoridade do Papa, mas que esta se mantinha na Igreja Ortodoxa, do Oriente. Depois do debate, Eck afirmou que forçara Lutero a admitir a semelhança de sua própria doutrina com a de João Huss, que havia sido queimado numa fogueira.

Não parecia haver esperanças de entendimento. Os escritos de Lutero circulavam amplamente, alcançando a França, Inglaterra e Itália em 1519, e os estudantes dirigiam-se a Wittenberg para escutar Lutero, que naquele momento publicava seus comentários sobre a Epístola aos Gálatas e suas "Operationes in Psalmos" (Trabalho nos Salmos).
As controvérsias geradas por seus escritos levaram Lutero a desenvolver suas doutrinas mais a fundo, e o seu "Sermão sobre o Sacramento Abençoado do Verdadeiro e Santo Corpo de Cristo, e suas Irmandades", levou mais além o significado da Eucaristia para o perdão dos pecados e ao fortalecimento da fé naqueles que o recebem, e ainda apoiava a realização de um concílio a fim de restituir a comunhão.

O conceito luterano de "igreja" foi desenvolvido em seu "Von dem Papsttum zu Rom" (Sobre o Papado de Roma), uma resposta ao ataque do franciscano Augustin von Alveld, em Leipzig (junho de 1520); enquanto o seu "Sermon von guten Werken" (Sermão das Boas Obras), publicado na primavera de 1520, era contrário à doutrina católica das boas obras e dos atos como meio de perdão, mantendo que as obras do crente são verdadeiramente boas, quer para o secular como para o clérigo, se ordenadas por Deus.

O Imperador Carlos V inaugurou a Dieta real a 22 de janeiro de 1521. Lutero foi chamado a renunciar ou confirmar seus ditos e foi-lhe outorgado um salvo-conduto para garantir-lhe o seguro deslocamento.
A 16 de abril Lutero apresentou-se diante da Dieta. Johann Eck, assistente do Arcebispo de Trier, mostrou a Lutero uma mesa cheia de cópias de seus escritos. Perguntou então a Lutero se os livros eram seus e se ele acreditava naquilo que as obras diziam. Lutero pediu um tempo para pensar na sua resposta, o que lhe foi concedido. Este então se isolou em oração, e depois consultou seus aliados e amigos, apresentando-se à Dieta no dia seguinte. Quando a Dieta veio a tratar do assunto, o conselheiro Eck pediu a Lutero que respondesse explicitamente:

"Lutero, repeles seus livros e os erros que eles contêm?”.

Lutero então respondeu:

"Que se me convençam mediante testemunho das Escrituras e claros argumentos da razão - porque não acredito nem no Papa nem nos concílios já que está provado amiúde que estão errados, contradizendo-se a si mesmos - pelos textos da Sagrada Escritura que citei, estou submetido a minha consciência e unido à palavra de Deus. Por isto, não posso nem quero retratar-me de nada, porque fazer algo contra a consciência não é seguro nem saudável”.
"Não posso fazer outra coisa, esta é a minha posição. Que Deus me ajude!


Nos dias seguintes seguiram-se muitas conferências privadas para determinar qual o destino de Lutero. Antes que a decisão fosse tomada, Lutero abandonou Worms. Durante seu regresso a Wittenberg, desapareceu.

O Imperador redigiu o Édito de Worms a 25 de maio de 1521, declarando Martinho Lutero fugitivo e herege, e proibindo suas obras.

O seqüestro de Lutero durante a sua viagem de regresso foi arranjado. Frederico, o sábio ordenou que Lutero fosse capturado no seu retorno da Dieta de Worms por um grupo de homens mascarados a cavalo, que o levaram para o Castelo de Wartburg, em Eisenach, onde ele permaneceu por cerca de um ano. Deixou crescer a barba e tomou as vestes de um cavaleiro, assumindo o pseudónimo de Jörg. Durante este período de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua célebre tradução da Bíblia para o alemão.
Com o início da moradia de Lutero em Wartburg começou um período construtivo de sua carreira como reformista. Em seu "deserto" ou "Patmos" (como ele mesmo chamava, em suas cartas) de Wartburg, começou a tradução da Bíblia, da qual foi impresso o Novo Testamento em setembro de 1522.
Produziu outros escritos, preparou a primeira parte de seu guia para párocos e "Von der Beichte" (Sobre a Confissão), em que nega a obrigatoriedade da confissão, e admite como saudável a confissão privada voluntária. Também escreveu contra o Arcebispo Albrecht, a quem obrigou com isto a desistir de retomar a venda das indulgências; enquanto que em seus ataques a Jacobus Latomus avançou em sua visão sobre a relação entre a graça e a lei, assim como sobre a natureza revelada pelo Cristo, distinguindo o objetivo da graça de Deus para o pecador, que, por acreditar, é justificado por Deus devido à justiça de Cristo, pois a graça salvadora reside dentro do homem pecador; e ainda que o "princípio da justificação" é insuficiente, ante a persistência do pecado depois do batismo - pela inerência do pecado em cada boa obra.
Lutero amiudadamente escrevia cartas a seus amigos e aliados, respondendo-lhes ou perguntando-lhes por seus pontos de vista e respondendo-lhe aos pedidos de conselhos. Por exemplo, Felipe Melanchthon lhe escreveu perguntando-lhe como responder à acusação de que os reformistas renegavam a peregrinação, e outras formas tradicionais de piedade. Lutero lhe respondera em 1 de agosto de 1521.

"Se és um pregador da misericórdia, não pregues uma misericórdia imaginária, mas sim uma verdadeira. Se a misericórdia é verdadeira, deve penitenciar ao pecado verdadeiro, não imaginário. Deus não salva apenas aqueles que são pecadores imaginários. Conheça o pecador, e veja se os seus pecados são fortes, mas deixai que tua confiança em Cristo seja ainda mais forte, e que se alegre em Cristo que é o vencedor sobre o pecado, a morte e o mundo. Cometeremos pecados enquanto estivermos aqui, porque nesta vida não há um só lugar onde resida a justiça. Nós todos, sem embargo, disse Pedro (2ª Pedro 3:13), estamos buscando mais além um novo céu e uma nova terra onde a justiça reinará".

Enquanto isto, alguns sacerdotes saxões haviam renunciado ao voto de castidade, ao tempo em que outros tantos atacavam os votos monásticos. Lutero, em seu De votis monasticis (Sobre os votos monásticos), aconselhava a ter mais cautela, aceitando no fundo que os votos eram geralmente tomados "com a intenção da salvação ou à busca de justificação". Com a aprovação de Lutero em seu "De abroganda missa privata (Sobre a abrogação da missa privada), mas contra a firme oposição de seu prior, os agostinianos de Wittenberg realizaram a troca das formas de adoração e terminaram com as missas. Sua violência e intolerância, certamente, desagradaram a Lutero, que em princípios de dezembro passou uns dias entre eles. Ao retornar para Wartburg, escreveu "Eine treue Vermahnung... vor Aufruhr und Empörung" (Uma sincera admoestação por Martinho Lutero a todos os cristãos para que se resguardem da insurreição e rebelião). Apesar disto, em Wittengerg, Carlstadt e o ex-agostiniano Gabriel Zwilling reclamavam pela abolição da missa privada e da comunhão em duas espécies, assim como a eliminação das imagens nas igrejas e na abrogação do celibato.
Depois de abandonar o hábito de monge, Lutero resol­veu deixar por completo a vida monástica, casando-se com Catarina von Bora, freira que também saíra do convento, por ver que tal vida é contra a vontade de Deus. O vulto de Lutero sentado ao lume, com a esposa e seis filhos que amava ternamente, inspiram os homens mais que o grande herói ao apresentar-se perante o legado em Augsburgo.
Nos cultos domésticos, a família rodeava um harmô­nio, com o qual louvavam a Deus juntos; o reformador lia o Livro que traduzira para o povo e depois louvavam a Deus e oravam até sentirem a presença divina entre eles.
Havia entre Lutero e sua esposa profundo amor de um para com o outro. São de Lutero estas palavras: "Sou rico, Deus me deu a minha freira e três filhos; não me importo das dívidas: Catarina paga tudo”.


Referência Bibliográfica


CAIRNS, Earle E. Cristianismo Através dos Séculos. São Paulo, Editora Vida Nova, 1995.

OLSON, Roger E. História da Teologia Cristã. São Paulo, Editora Vida, 2001

WALKER, W. História da Igreja Cristã. São Paulo, ASTE, 1967
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante < disponível em 28 de outubro de 2007
*· Oseias de Lima Vieira é graduado em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia e graduando em Direito pela Universidade de Uberaba. Professor de Geografia Bíblica e História da Igreja no instituto Bíblico das Assembléias de Deus no Triângulo Mineiro.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

MORTE DOS APÓSTOLOS


Os apóstolos cristãos foram homens judeus que teriam sido "enviados" (como indicado pela palavra grega ἀπόστολος, apóstolos) por Jesus para pregar o Evangelho, inicialmente apenas aos judeus e depois também aos gentios, em todo o mundo.
Segundo o
Evangelho de Lucas, "Ele chamou para si os seus discípulos, e deles escolheu doze, a quem ele chamou de apóstolos." Lucas 6:13
Intuito missionário
O
cristianismo, ao contrário do judaísmo de onde tem origem, tem por intenção missionar o maior número possível de pessoas. O judaísmo é uma religião que se caracteriza por um conjunto de regras de comportamento, algumas das quais são vistas como pouco convenientes para a sua aceitação pelos outros povos (nomeadamente a circuncisão e as regras de alimentação). Por outro lado, o monoteísmo é apelativo para os povos politeístas.
Tanto a religião judaica como a cristã eram monoteístas e apelativas para muitos dos romanos, politeístas. Mas enquanto que os judeus mantiveram as suas tradições religiosas, os cristãos, inicialmente uma pequena seita do judaísmo, dispuseram-se a acabar com essas tradições para em contrapartida se tornarem mais apelativos aos gentios. Os apóstolos tiveram, neste contexto, um papel fundamental.
Os apóstolos, incluindo
Paulo de Tarso, um homem que não conheceu Jesus pessoalmente mas que também é considerado um apóstolo, foram aqueles que decidiram "simplificar" as regras, para facilitar a entrada dos povos gentios nesta religião nascente.
Os tempos apostólicos - no sentido restrito do termo - constituem o período de vida dos 12, mais
São Paulo, da ressurreição até à morte de cada um deles.
O sucesso da estratégia incutida ao cristianismo pelos apóstolos é evidente. Enquanto que o judaísmo permaneceu uma religião monoteísta transmitida de geração em geração ao seu povo original, o cristianismo foi adoptado por outros povos (o
Império Romano teve um importante papel na sua divulgação) e cresceu para influenciar a história e cultura da Europa desde então.

Sobre a vida dos apóstolos

O
Novo Testamento só registra a morte de um dos apóstolos: Tiago, filho de Zebedeu, que foi executado por Herodes pelo ano 44 d.C. (Atos 12:2).
Judas Iscariotes, que traiu Jesus o Cristo, fazia parte dos 12, mas perdeu sua designação de apóstolo após trair Jesus, e se enforcou após o fato.
Informações acerca dos apóstolos são abundantes, e nem sempre meritórias de crédito. Mas é seguro dizer que os apóstolos foram bem longe e em muitas direções, como anunciadores da
mensagem de Cristo ressuscitado.
Uma antiga tradição informa que eles separaram o mundo em partes e lançaram sortes. Assim, eles teriam decidido para onde ir; e todos iriam ouvir acerca de Jesus.
Eles sofreram muito por causa da
e por amor ao Cristo e, na maioria dos casos, é-lhes atribuída nas Escrituras morte violenta por causa do testemunho que deram.
Pedro (Simão Pedro) - É tido pelos católicos como o primeiro papa. Foi mártir na cidade de Roma em cerca de 64 d.C., durante a perseguição do imperador Nero. Pedro foi crucificado de cabeça para baixo no Circo de Nero a seu próprio pedido, por não se sentir de valor suficiente para morrer da mesma forma que o seu Senhor havia morrido.

André - Foi para a "terra dos canibais", que hoje são os países que compuseram a ex-União Soviética, região identificada por Cítia, por Eusébio de Cesaréia. Os cristãos daquela região atestam que ele foi o primeiro a levar o Evangelho para lá. Ele também pregou na Ásia Menor, hoje conhecida como Turquia, e na Grécia, onde se diz ele ter sido crucificado em uma cruz em forma de x. É considerado o fundador da igreja em Bizâncio (Constatinopla e, atualmente, Istambul), motivo pelo qual é considerado o primeiro Patriarca de Constantinopla.

Tomé - Foi provavelmente o mais ativo do apóstolos ao leste da Síria. Uma tradição informa que ele pregou até à Índia. Os cristãos indianos chamados Martoma, uma denominação muito antiga dentro do Cristianismo, o reverenciam como o fundador dela. Eles também atestam que Tomé foi morto lá pelas lanças de quatro soldados.

Filipe - Possivelmente teve um ministério muito poderoso em Cartago, no Norte da África, e então na Ásia Menor, onde a mulher de um pró-cônsul romano se converteu. Em retaliação, esse pro-cônsul mandou prendê-lo e matá-lo com muita crueldade.

Mateus - O coletor de impostos e escritor de um dos Evangelhos, ministrou na Pérsia (atual Irã) e na Etiópia. Um dos mais antigos comentários diz que ele não foi martirizado, enquanto outros dizem que ele foi apunhalado até morrer na Etiópia.

Bartolomeu - Fez viagens missionárias para muitas partes. Porém tal informação é passada através de uma tradição. Ele teria ido a Índia com Tomé, voltou à Armênia, e foi também à Etiópia e ao sul da Arábia. Existem várias informações de como ele teria encontrado a sua morte como mártir do Evangelho no Cáucaso, sendo a mais difundida a de que teria esfolado vivo e, depois, decapitado pelo governador de Albanópolis, atual Derbent.

Tiago, filho de Zebedeu, dito Tiago Maior, um dos primeiros discípulos de Jesus. Por ordem de Herodes Agripa, foi preso e decapitado em Jerusalém, entre os anos 42 e 44.

Tiago, filho de Alfeu, dito Tiago Menor - É um dos pelo menos três outros Tiagos referido no Novo Testamento. Existe alguma confusão sobre quem seria quem, mas este Tiago é considerado como sendo o que ministrou na Síria. Segundo a tradição, martirizado provavelmente no ano 62.

Simão, o Zelote - Teria ministrado na Pérsia e morto depois de negar sacrificar ao deus Sol. Julga-se que morreu crucificado.

Judas Tadeu ou Lebeu - um dos três Judas relacionados com o ministério terreno de Jesus Cristo, foi chamado para ser um dos doze, não podendo ser confundido com o traidor Judas Iscariotes (cfr. Jo 14:22), nem com o irmão (ou meio irmão) de Jesus, mencionado em Mc 6:3 e que foi o autor da Epístola de Judas. Diz a tradição que se dedicou à pregação do Evangelho na Judéia, Samaria, Mesopotâmia (hoje região do Iraque) e na Pérsia, aonde viria a ser martirizado a machadadas pelas autoridaes persas e pela multidão instigada por sacerdotes zoroastristas juntamente com o Simão, o Zelote.

João - é o único dos apóstolos que se pensa ter morrido de morte natural em idade avançada. (100 anos). Ele era o líder da Igreja na região da cidade de Éfeso, e é-se dito de que tinha Maria, a mãe de Jesus, em sua casa, de quem cuidava. Durante a perseguição do imperador romano Domiciano, pelo meio da década de 90 d.C., ele foi exilado na Ilha de Pátmos. Foi ali, segundo se crê, que ele teria escrito o último livro do Novo Testamento: o Livro do Apocalipse. Uma tradição latina muito antiga informa que ele escapou sem se queimar, depois de ter sido jogado num caldeirão de óleo fervente. Isso teria acontecido na cidade de Roma.

Judas Iscariotes

Paulo (Paulo de Tarso), convertido após a Ascensão de Cristo, pelo que nunca chegou a conhecer pessoalmente o seu mestre. Embora não tenha convivido com Jesus, era considerado um apóstolo pelos outros, tendo recebido a missão apostólica a partir do próprio Jesus. Dedicou a sua missão especialmente aos não-judeus. Feito prisioneiro em Roma, foi acusado de crimes de falta de lealdade a Roma, e uma vez que era cidadão romano, foi executado por decapitação na Via Ostiense e não por crucificação.

Matias, escolhido para ficar no lugar de Judas Iscariotes. Uma tradição diz que São Matias foi para a Síria com André, e foi morto na fogueira.

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre, compilado por Oséias de Lima Vieira